Ajudando a construir uma universidade na Amazônia - Parte I

por Aldo Gomes Queiroz (*)

A construção de novas universidades federais no interior da Amazônia começou, efetivamente, no segundo semestre do ano de 1985 com a posse do geofísico José Seixas Lourenço, primeiro reitor eleito da Universidade Federal do Pará. Fazia parte do seu Programa de Gestão (1985-1989), amplamente discutido com a comunidade acadêmica, a ampliação das atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFPA para o interior do Estado.

O Projeto de Interiorização da UFPA serviu de modelo às demais universidades da região Norte. Sob sua liderança, foram realizados encontros e seminários, resultando na elaboração do I Projeto Norte de Interiorização (1986-1989), constituído pelo Projeto de Interiorização de cada universidade da Amazônia.

A diretriz prioritária desses projetos teve como eixos, a formação e a capacitação de professores de 1° e 2° graus; o resgate e preservação do patrimônio artístico e cultural; a realização de pesquisas aplicadas à região.

A aprovação do I Projeto de Interiorização da UFPA pelos conselhos superiores possibilitou, inicialmente, a implantação de oito campi universitários em municípios considerados pólos de desenvolvimento do Pará: Abaetetuba, Altamira, Bragança, Cametá, Castanhal, Marabá, Santarém e Soure.

Em cada um deles foram implantados cinco cursos de Licenciatura Plena – Matemática, Letras, Geografia, História e Pedagogia –, todos iniciados em janeiro de 1987. Estabeleceu-se que os oito campi teriam abrangência sobre os 143 municípios paraenses. Posteriormente foi criado o Campus Universitário de Breves.

Num primeiro momento, a reação contrária de alguns segmentos da comunidade acadêmica ao Projeto de Interiorização foi bastante forte. Alguns diziam que se tratava de um “projeto juscelínico”, outros questionavam coisas como “o que a universidade vai fazer no interior do Estado se seu orçamento não é suficiente para suprir as carências dos cursos em Belém?”. Não deixavam de ter suas razões.

No entanto, a UFPA não poderia mais continuar com suas atividades praticamente restritas a Belém diante do seguinte quadro: 75% da população paraense residiam no interior do Estado; o horizonte máximo dessa população era concluir o 1° grau; quantidade significativa de municípios não oferecia o ensino médio; dos 25.000 professores efetivos da rede estadual, apenas 200 eram licenciados plenos e 940 tinham Licenciatura de 1° Grau(SEDUC); o acesso ao nível superior estava restrito aos alunos que conseguiam chegar à capital do Estado.

A manutenção do projeto exigiu da UFPA a adoção de algumas estratégias, entre quais podemos citar: estabelecimento de parcerias com governos federal, estadual e municipal, e com empresas privadas; assumir instalações no interior do Estado mantidas por universidades do Sul e Sudeste e pela Fundação Projeto Rondon, que estavam com dificuldades de dar continuidade às atividades iniciadas na década de 70; convidar para coordenar os campi professores do quadro da universidade com perfil acadêmico, oriundos dos municípios nos quais os campi estavam instalados (esses professores deveriam demonstrar interesse em retornar aos seus municípios de origem. Não havia outro atrativo).

Assim, a UFPA assumiu os Campi Avançado de Marabá (Universidade de São Paulo), de Altamira (Universidade Federal de Viçosa) e de Santarém (Universidade Federal de Santa Catarina). Ficou de fora apenas o campus de Oriximiná (Universidade Federal Fluminense).

Continua na próxima semana.

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* Professor da UFPA, ex-coordenador do campus da UFPA/Santarém.

Comentários

Anônimo disse…
Do Blog do Alailson

CONTINUISMO

Não anda bem das pernas a gestão da advogada Marlene Escher a frente do Campus local da Universidade Federal do Pará.
O movimento estudantil acusa Marlene de trazer novamente ao cenário da instituição políticas utilizadas pelo ditador Aldo Queiroz, que reinou por 16 anos naquela casa e não deixou saudades.
Anônimo disse…
Qual movimento estudantil? Ainda existe?
Anônimo disse…
O posicionamento em público do prof. Mestre Aldo Queiroz através deste veículo parece a evidência explícita de uma intenção ainda parcialmente camuflada, a de ser o Reitor na nova Universidade Federal do Oeste do Pará. Independente da legitimidade em ocupar tal cargo (onde ele está lotado? Ninguém sabe, ninguém viu), o referido professor demonstra ser um conseqüente enxadrista político no meio acadêmico. A eleição da dupla de Mestres Escher/Galvão para a Coordenação e vice, há mais de um ano atrás, apesar destes negaram o apoio do prof. Aldo, quase todos os “aldistas” do Campus de Santarém estavam ao seu lado na campanha (e outros de Belém, como o Reitor Alex). Atualmente a maioria do staff de apoio à dupla também é “aldista”. Coincidência? Não! Certamente não!

A vinculação do prof. Aldo com o grupo que há anos dirige a UFPA o credencia a indicação de Reitor na nova Universidade. Sua amizade com o Reitor Alex é antiga e reforça ainda mais esta possibilidade, também porque o acesso do magnífico no MEC tem sido grande (inclusive com sua candidatura a ministro). A recente aproximação do PT com o PSDB (os governadores Aécio Neves e José Serra que o digam) também favorece.

E a comunidade Campus, o que acha disso? Os líderes do corpo técnico-administrativo é “aldista” convicto. Os docentes se mostram desmobilizados. Sua participação em eventos, discussões importantes e fóruns é pífia. Talvez a única categoria que fazer frente contrária é a estudantil, mas lideranças têm sido perseguidas pela coordenadora.

A dupla Escher/Galvão coaduna com tal possibilidade? Já se cogita que haveria um acordo, em que o apoio ao prof. Aldo seria compensado com cargos de pró-reitorias e diretorias, dentre outras benesses.

É bastante conveniente o texto do prof. Aldo, pois dá oportunidade a uma discussão que parece ser ignorada, como se acordos políticos desta monta fossem absurdos. Com a palavra a comunidade do Campus da UFPA em Santarém.
Anônimo disse…
É até bom que o prof. Aldo Queiroz comece a se insinuar desde agora, a uma (im)porovável reitoria da Ufop. Sabe por quê? Porque passamos a ter espaço para expor as belas tramas que ele fazia quando conduzia ditatoriamente o Compus de Santarém durante um monte de anos. Vem Aldo!!!
ai, gente... ele, de novo, será? Não é teoria da conspiração, não?