Poesia

Boto Cor de Rosa

Das águas surge
Moço alvo encantador
Vem em busca da cabocla
Para lhe dar seu amor.
Galante, todo faceiro
Expele o odor da sedução
Tem cheiro de rosa
Vim de cá, manjericão
Para chamar a fogosa cunhantan.
Veste terno,
Dança com empolgação
Faz a harmonia dos passos
Magia linda da acasalação.

Boto Rosa!
É boto macho!
Com fama de conquistador
Vem do fundo das águas
Para em terra firma mostrar seu valor.
Dizem que é loiro
Alvinho de olhos azuis
Mas tem o traço do caboclo tapajônico
Honesto, formoso e namorador.
Tem magia, tem amor
Tem nome de rosa
Mas nada tem a ver com flor.

É um moço bem bonito
Que enfeita o Sairé
Vestido de branco passeia contente
Fogoso e sedutor
A cintilar beleza
No luar da praia na linda ilha do amor.

Boto Cor de Rosa!
Saí em noite de Sairé
Acesso e todo prosa
Exibindo elegância, charme e sedução
Para logo seduzir
A cabocla mais linda e formosa
Da vila de Alter do Chão.

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De Socorro Carvalho, poetisa santarena

Comentários

Anônimo disse…
Como a globalização vai modificando a cultura! Antes, o boto que não perdoava e emprenhava as mocinhas ribeirinhas era o tucuxi; o outro era o boto vermelho. Depois do Jacques Cousteau e da Globo, o tucuxi virou celibatário e o afrescalhado boto cor de rosa se transformou em garanhão. É assim que a tradição vai sofrendo alterações e na maioria das vezes, como é o caso, é triste, porque toda uma mitologia amazônica fica deturpada. Desculpe poeta Socorro, mas eu preferia a versão antiga e mais entranhada na alma do povo que essa açucarada "recriação" global
Anônimo disse…
Parabéns Socorro Carvalho!
Estou com inveja... Queria estar ai em Santarém para curtir o Sairé tradicional e os botos Tucuxi e Cor de Rosa (ou Encarnado), novos atrativos. Saudações com lágrimas de saudade!
Roberto Vinholte.
Anônimo disse…
Vamos ser claros aqui... Essa mania de pôr poemas em fotos e em eventos cotidianos já está passando dos limites.
Nada contra o direito de expressão... mas é que os poemas são ruins demais.
Como explicar por exemplo:
"...Das águas surge
Moço alvo encantador..."
e depois ler: "...Dizem que é loiro
Alvinho de olhos azuis
Mas tem o traço do caboclo tapajônico..."

Liberdade poética é uma coisa, contradição e transgenia tem que ser regulamentada pela CTNBIO.

E já que to chutando o balde aproveito pra dizer que esse negócio de boto no sairé é a cópia cultural mais ridícula e sem graça que já vi.
Não teve origem popular, não surgiu espontâneamente e é um arremedo mal feito de outro mamífero terrestre usados no estado vizinho. As alegorias são mal feitas, mal produzidas e sem relação nenhuma com a vila de alter.

Pronto, falei!
Anônimo disse…
Mas Credo! Osvaldo Magalhães que revolta! estupidez! mas a isso chamamos de liberdade de expressão.

Olha já, esse aí!

Se você não gosta, fazer o que é um direito seu.

Mas não tire o tesão de ninguem.
Anônimo disse…
Olha, concordo que haja quem goste da disputa entre os grupos do Tucuxi e do Cor-de-Rosa, mas o Osvaldo Magalhães tem razão: a festa do Sairé sim, é tradicional, vem dos tempos da colonização e da catequese dos índios, mas os botos só vieram depois que um grupo empresarial tomou conta dos bois de Parintins e disseminou pelo rio Amazonas - tribos indígenas em Juruti, Botos em Santarém, sei lá mais o que vão inventar para faturar.
Tudo bem, que faturem, afinal o pessoal tem "know-how" e, apesar de ser algo muito repetitivo e chato pra meu gosto, encanta a galera. Mas não me venham com esse papo de tradição, que é furadíssimo e, por respeito, deveriam fazer a competição num período diferente do Sairé, porque a manifestação empresarial tomou conta de uma festa que era do povo de Alter do Chão.
Anônimo disse…
Broxantes são esses arremedos de poema.
Mais parecem contos eróticos de revista de estivador do que poesias.

Mas nada contra publica-las e muito menos acho que estou sendo puritano. Só acho de mau gosto.
Anônimo disse…
Amiga Socorro, parabéns mais uma vez pela linda poesia e nós caboclos mocorongos sabemos da importância e valor desta nossa cultura!Acho você o máximo!!