Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de sábado:
NOS primeiros 200 anos do cristianismo, ser cristão era ser candidato à perseguição e à morte.
Isto porque os e as seguidoras de Jesus Cristo assumiam uma forma de rebeldia, diante das regras da sociedade de então.
Os poderes político e econômico dos romanos e o poder religioso dos sacerdotes e fariseus não permitiam contestação. Foram milhares de mártires na época. Pedro, Tomé, os 10 outros apóstolos, mais Sebastião, Luzia, todos foram assassinados por incomodarem os poderes.
PASSARAM-SE alguns séculos, quando então, ser cristão deixou de ser rebeldia, mas amigo dos poderosos e exploradores do povo. A liderança dos cristãos tornou-se poderosa e se afastou do ideal do Mestre. Desapareceram os mártires.
Passou longa época em que era fácil ser cristão. No Brasil e na América Latina, já depois da reforma de Lutero, os missionários chegaram e foram impondo o cristianismo aos índios que eram batizados sem entender quem era Jesus. Também os escravos africanos, ao chegarem aqui eram batizados sem compreender a religião do dominador.
O tempo rolou e, só na segunda metade do século passado, na América Latina voltou a surgir o mártir.
AQUELES E aquelas que compreenderam Jesus, a partir do sofrimento da maioria da população, voltaram a incomodar os poderosos da terra, os poderes econômicos, políticos e religiosos.
Passaram a ser rebeldes, seguindo o Projeto de Jesus, segundo a Teologia da Libertação. Novamente surgiu uma longa lista de assassinados por causa de Cristo. Margarida, Adelaide, Luiz, Josimo, Santos Dias, Oscar Romero. Mais de dez mil novos mártires. Irmã Dorothy, uma das mais recentes no Brasil.
Se a situação de hoje se assemelha à dos primeiros anos do cristianismo, o que se pode esperar? Quem levar a sério o projeto de Jesus Cristo se arrisca a ser mártir. E será que há outro jeito de seguir Cristo como ele deseja? Sem incomodar os poderosos da sociedade?
OSCAR Romero é um bom exemplo.
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