Poema

Espelho

Onde está minha imagem, ó espelho?
O que fazer com o sonho que ora é desespero!
O que fazer?
Há tempos que a luz se esconde e você, espelho, onde estou?
Como posso esconder-me atrás dos olhares desconfiados?
Sempre reflete-me amor!
É preciso que me retornes.
Assim, quem sabe posso sentir o antigo elo: tormento e emoção.
Sinto que o pensamento me distrai ou trai, não sei, sei que navega, flui nessa vaidade do prazer.

O espelho que não responde!

A solidão, sinto-a como grande companheira.
Difícil é lutar com o medo, e, a alma fria nem sempre a noite.
Talvez o espelho tenha perdido-me, assim como a paixão, a fascinação.
Mas como esquecer se meu desejo é fogo ardente?
Comoção.

Não, ó espelho, nem sempre somos a vergonha.
Há, de repente, um pouco de ódio.
Mas como fugir dessa estranha e distante presença?
Tenho que implorar...
Onde está minha imagem, ó espelho?
O que fazer com o sonho que ora é desespero?
O que fazer?
Isso é persistência, impaciência?
Meu erro.
Desespero.
Próprio meu.
Quisera que espelho fosse reflexão, paixão.
Quems sabe, perdão!
Ser invisível não é tão fácil, ó espelho,
E S P E D A Ç A.
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Neucivaldo Moreira, poeta santareno. Poesia incluída no livro "Sentimentalidades".

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