"Falar é fácil"

O blog vai publicar ainda hoje réplica do professor Aldo Queiroz ao post A outra verdade, da lavra do jornalista Jota Ninos.

- Demorei muito para entender a importância da participação política como candidato ou não. A imagem da classe política na sociedade é muito ruim. Talvez por isso muitas pessoas que poderiam contribuir para tomar decisões mais qualificadas não participam da vida política. Outras, apenas criticam. Não tem coragem de se submeter a um processo eleitoral. Falar é fácil fazer não é tão simples assim - escreve Aldo num dos trechos.

Comentários

Anônimo disse…
Réplica ao comentário de Jota Ninos


O período que esteve como aluno da UFPA e mesmo fora, desenvolvendo atividades nos meios de comunicação em Santarém, J. Ninos, como a maioria dos seus colegas, contribuiu para uma das maiores conquistas da população desta região - na verdade a grande vencedora, não eu - que foi a transformação de um Projeto de Interiorização em uma Universidade Federal do Oeste do Pará.

Esta é uma conquista que tem que ser comemorada, principalmente diante do desafio que está posto para todos nós que é ajudar a promover o desenvolvimento sustentável. Nesse desenvolvimento, o que predomina é o conhecimento. A nova universidade, juntamente com as outras instituições de ensino superior, ampliará as oportunidades para construção de um sistema de riqueza baseado no conhecimento que na verdade está em curso desde a metade dos anos 50 do século passado.

Talvez, o primeiro passo, além da implantação da nova Universidade, fosse iniciar ou acelerar um processo de transformação da região e principalmente das cidades regionais em “CIDADES DO CONHECIMENTO”. Ações desta natureza poderão significar uma grande revolução no século XXI.

A minha permanência na direção do Campus foi de quase 16 anos - 1986 a abril de 2002 (ler PARTE II do artigo). Até aí, o campus de Santarém era a maior unidade universitária no interior do Pará e da Amazônia. Hoje, é Marabá. Isto não foi e não é um mérito de apenas uma pessoa. É resultado de um trabalho coletivo (professores, estudantes e funcionários).

Sou filiado ao PSDB desde 1988 por conta do ideário social-democrata. A minha participação partidária é mais recente. Demorei muito para entender a importância da participação política como candidato ou não. A imagem da classe política na sociedade é muito ruim. Talvez por isso muitas pessoas que poderiam contribuir para tomar decisões mais qualificadas não participam da vida política. Outras, apenas criticam. Não tem coragem de se submeter a um processo eleitoral. Falar é fácil, fazer não é tão simples assim.

Por conta disso, pessoas menos qualificadas acabam ocupando o poder. O resultado disso todos nós conhecemos. Nos últimos cinco anos, o Brasil cresceu menos que a média mundial, muito menos que os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China). Se o Haiti não existisse, o Brasil seria o último país em crescimento econômico entre os países da América do Latina.

Não vamos aqui tratar dos aloprados, mensalões, Waldomiro Diniz, cabeleireira, esteticista, menor presa em Abaetetuba, nepotismo etc.

É verdade não tive vitórias eleitorais nas três eleições que participei. Estou contando inclusive a candidatura à vice-prefeito mesmo considerando que ninguém vota para vice-prefeito. Claro que gostaria de ser vitorioso eleitoralmente. Talvez não tenha tido a capacidade fazer a população entender as propostas, meu plano de ação ou pode ser outro motivo. Alguns dizem que é porque falo a verdade na campanha. Outros, que sou muito duro. Por outro lado, considero a minha participação na política vitoriosa mesmo não conseguindo um mandato.

Juntamente com outros companheiros conseguimos influenciar em algumas ações de governo que consideramos importantes para a população de Santarém e/ou regional. Entre as várias ações posso citar a instalação e ampliação da UEPA em Santarém; o curso de Medicina - é importante saber que alguns estados brasileiros não tem curso de Medicina nas suas capitais, o Estado do Amapá é um deles, onde só está previsto para 2009 –, construção do hospital regional; expansão do ensino médio para zona rural de Santarém e Belterra; a implantação do ensino médio permanente no município de Aveiro; a construção da escola de ensino médio no bairro da Nova República; implantação do EJA médio nas escolas estaduais em Santarém, entre outras.

Não sou favorável a partidarização das instituições. A Universidade é uma instituição pluripartidária. Cada um tem direito de se filiar ao partido que quiser. O que não pode é colocar a instituição a serviço do partido A ou B. Na universidade, recebi várias lideranças políticas: Lula, Jarbas Passarinho, entre outros. Inclusive foi na área coberta do campus (na época não tinha auditório) que entreguei ao então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva um documento em nome da comunidade acadêmica solicitando a criação da Universidade Federal do Tapajós. Este nome no meu entendimento seria mais interessante porque coincide com o nome do futuro estado. Recentemente, este nome foi inclusive referendado em uma enquête realizada por uma emissora de rádio local.
Não tenho do que me envergonhar do meu passado, nem como dirigente educacional, nem como filiado ao PSDB. É prazeroso dizer que ajudei a criar e ampliar oportunidades para que muitas pessoas tivessem acesso ao ensino superior, a conquista de um emprego, um trabalho e consequentemente mais liberdade e mais condições para exercer sua cidadania.

Talvez muitas dessas pessoas nunca tivessem a oportunidade de cursar o nível superior sem o ousado Projeto de Interiorização. Sempre encontro em toda a região egressos da Interiorização da UFPA vivendo uma vida mais digna, proporcionando uma vida melhor para sua família e exercendo atividades que ajudam efetivamente no desenvolvimento regional. Muitos outros seguiram carreira acadêmica. Grande parte já com está com mestrado e/ou doutorado, desenvolvendo atividades na UFPA ou em outras universidades no Brasil ou no exterior. Posso citar alguns que são bastante conhecidos: Aquino, Anselmo Colares, Fátima Matos, Terezinha Pacheco, Solange Ximenes, Fátima Lima, Lílian Colares, Reinaldo Peleja, Raimunda Costa, Lucineide Pinheiro, Ynglea, Carlos Passos, Delaine, Hugo Alex, Zair Henrique entre vários outros.

Isso não é nenhum prédio, nem uma estrada, nenhuma rua asfaltada, nenhum Papai Noel, mas são cérebros que conquistaram o seu espaço a sua independência e estão ajudando as novas gerações tornarem a nossa região mais competitiva e menos subserviente.

Os passos para criar uma universidade foi apresentado no Programa de Gestão do Campus de Santarém (1993-1997) amplamente discutido com a comunidade. Não é pretensão fazer isso nos artigos que estamos apresentando que deverão fazer parte dos anais da história da UFPA quando completou 50 anos da sua criação. A idéia é relatar fatos reais e não suposições. A idéia é não fulanizar e não partidarizar. Isso não constrói. O que constrói é discutir a universidade que queremos.

O Sistema Universitário Brasileiro da forma que está organizado propicia uma evasão muito grande, em média 30%. Como pode um aluno passar 10 anos ocupando vaga numa instituição pública e não se formar? Os países desenvolvidos já implantaram a nova universidade. A Universidade Federal da Bahia já começou a reforma, a Universidade Federal recentemente criada no ABC paulista já inicia com o novo modelo. E aqui como vai ser?

Um jovem de 17 anos já tem mesmo condições de decidir qual é o curso quer fazer? Vamos ou não cumprir o que está previsto no Plano Nacional de Educação aprovado em 2001 com relação as taxas de matriculas no ensino superior?

Com relação aos comentários que você se refere, feitos por anônimos, lamentavelmente as pessoas que o fizeram não entendem nada ou entendem muito pouco de universidade, pois sequer sabem quais são os pré-requisitos para se disputar uma eleição para reitor numa universidade federal. Qualquer um professor-doutor da instituição pode se candidatar a reitor. Temos vários colegas com titulação, conforme citado anteriormente, além de outros não citados que podem perfeitamente assumir a reitoria.

Portanto, não sou candidato a reitor. Pelo menos por enquanto não faz parte dos meus planos. Sou professor da instituição, vinculado ao Programa de Doutorado em Engenharia de Recursos Naturais da Amazônia-ITEC/UFPA, vou colaborar com o fortalecimento da instituição principalmente no que se refere a implantação das Engenharias.

Para finalizar, ainda com relação a questões partidárias, o Seixas Lourenço não disputou nenhum cargo eletivo fora da universidade e até onde eu sei não chegou a se filiar a nenhum partido. É um excelente quadro e poderia ter se filiado a um partido e com certeza daria uma grande contribuição para o desenvolvimento do Estado do Pará.

É importante ainda sabermos que o Nilson Pinto não flertou com o PT. Na verdade, ele foi filiado ao partido depois que saiu da reitoria ou praticamente no final da sua gestão. Inclusive, esteve na caravana do candidato Lula à Presidência da República que passou por Santarém.


Aldo Queiroz