No limite da paciência



Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), do dia 19:

Quando a oferta é grande até o santo desconfia. A situação do hospital regional está se tornando emblemática na política paraense, quando o jogo de interesses prevalece sobre as necessidades da população.

O que mesmo pretende o governo do Estado com a manuntenção ociosa do HR já chegando a um ano de mandato? Vingança sobre o governo anterior? Incompetência político-administrativa? Falta de recurso financeiro? Falta de médicos competentes? Por que mesmo tanta demora?

Ao final do ano, a governadora chega e marca nova data de funcionamento daquilo que é para ser um hospital de média e alta complexidade, o HR. Então, ela anuncia tanta logia que desperta nova suspeita de que não irá cumprir a promessa.

Diz que já estão fazendo exames de otorrinolaringologia, endocrinologia, urologia e outras logias mais que em breve estará funcionando a hemodiálise e isso e aquilo. A situação está tão embrulhada, tão sem credibilidade que chegou a despertar suspeita nos dois ministérios públicos, o federal e o estadual.

E o juiz acatou o requerimento de vistoria ou investigação para conferir se todos os serviços anunciados estão mesmo funcionando e se os técnicos e médicos são qualificados para um serviço de média e alta complexidade.

Também para ver se os equipamentos estão ainda em bom estado, já que ficaram sem uso já mais de um ano desde que foram instalados. Finalmente, a justiça também perdeu a paciência com a inoperância do HR, que certamente está dando despesas ao cofre do Estado para
manutenção do elefante colorido.

A governadora de fato deve uma boa explicação que seja transparente e séria. Primeiro, a todos os doentes que precisam do atendimento de alta complexidade durante este ano e depois à população do oeste do Pará. Ela ainda não fez isso nem pediu perdão por tão grave erro político administrativo.

Caso os novos prazos não forem cumpridos, aí a justiça deve penalizar não o governo do Estado como instituição, que afinal seremos todos a pagar o pato, mas as pessoas responsáveis pelo crime de descaso com a saúde dos enfermos necessitados. É preciso moralizar o serviço público
com urgência ao menos já na questão saúde.

Essa protelação do funcionamento do HR já está gerando indignação que poderá cambar para anarquia e agressão aos políticos regionais silenciados, ou por ligações partidárias, ou por falta de compromisso mesmo com a população da região. A agressão poderá chegar até a governadora, porque afinal ela é a mandatária-mor deste triste Pará.

Se
isso vier acontecer, não se poderá acusar a população de mal educada ou coisa semelhante. Não se quer chegar a tanto, mas toda paciência tem limite.

Comentários

Anônimo disse…
Caro Padre Edilberto,
Aqui de Belém acompanho indignado as notícias de que o Hospital Regional ainda não está funcionando. Tenho certeza de que não é culpa somente da governadora não. Tenho quase certeza de que, infelismente, há o dedo dos nossos políticos do PT aí de Santarém e Belterra também, que estão loucos para tirar dividendods políticos da inauguração do HR ano que vem. Pergunto, por exemplo, quantos cocursos públicos já foram feitos pelos governos do PT aí de Santarém e Belterra durante esses três anos que já estão no poder? Nenhum. Farão ano que vem, e sabe por qual motivo? Por ser ano eleitoral, vão buscar, com isso, encher a pança de votos vindos da massa sem memória: jogam com os mesmo artifícios que os podres políticos da direita imoral desse país joga. São pessoas do mesmo tipo. Sinto muito, mas precisamos cair na real, acabar com esse pensamento colonial tão bem desenvolvido na teoria da dependência de FHC, parar de culpar os outros pelos nossos problemas: somos nós, no caso, é a classe política aí de Santarém quem mais vai se beneficiar disso, e é por isso que eles estão calados.

Válber Almeida
Anônimo disse…
Padre parabéns pelas colocações!
Só não lamento pelo triste Pará, acho que poderia ser ao contrário, triste governadora do grande Pará.
Vamos a luta companheiro!