Rádio, futebol e recordações

por Santino Soares (*)


A sapiência da poesia de Dorival Caymmi quando diz que “a saudade mata a gente...” cala bem em meu peito. Boas recordações, sim! Saudade, não! Ótima lembrança, por exemplo, a de receber de suas mãos a “Gazeta” e, então, acompanhar à distância os fatos da “minha terra tão querida”.

A sua volta para Santarém deixou certo vazio, mas descobri o blog e, através dele, o do Jota Parente, do Jota Ninos e outros mais. Tão distante já não estou!

E foi navegando que vi brotarem outras belas reminiscências, entre elas, a evocada pelo acontecimento do domingo que, depois de treze anos de ausência, transporta-nos aos fantásticos RaiFran.

Senti timidez no comentário do Ivaldo Fonseca sobre o evento. Mas ele guardou todas as emoções para hora da narração, como dissera um visitante da página sobre a aula de transmissão que o mais jovem de todos os narradores da Rádio Rural daria neste domingo.

O profissional com o eterno rosto de garoto com certeza é tão maduro quanto os grandes narradores que comandaram a “latinha’ da Educadora. Isso mesmo: EDUCADORA, no sentido exato da palavra. Dário Tavares, Tadeu Matos, Claudio Serique, Osvaldo de Andrade, Oti Santos, Campos Filho e Ivaldo Fonseca, um timaço que honraria a camisa 10 de qualquer grande rádio do país.

Tadeu, Cláudio, Oti e Campos comprovam o que eu afirmo: o primeiro na Marajoara e os outros três na Rádio Clube do Pará deram show em Belém. Mas ninguém no rádio tem mais paixão pelo futebol que Jota Parente.

O amigo-irmão de vidas passadas, presente e futuras aproveitou também a semana para comentar e comemorar os 24 anos em tomou de assalto a Pepita do Tapajós (?). O mais inglês de todos os santarenos recordou o timaço de rádio que montou para um tal “Zé Mané”. O Parente brilha em qualquer emissora de rádio. É profissional!

Pelo Jota Parente cheguei ao Jota Ninos, que depois de um mês ausente voltava a escrever para falar sobre o quê? O programa “Bazar Brasileiro”, domingo à noite na indispensável Rural.

Palco de grandes programas, o horário noturno de domingo abrigou nada mais nada menos que: “Poemas e Canções”, com o poeta Emir Bemerguy, Machadinho, Laudelino e toda uma nata de seresteiros e outros boêmios; “E-29 Show”, com os melhores apresentadores de auditório do Brasil: Ércio Bemerguy e Edinaldo Mota; “Música Ligeira dos Países-Baixos” e “Música Clássica Ligeira” – os dois programas de música erudita foram criados por Manuel Dutra e apresentados por mim, e “Bazar Brasileiro”.

Todos, à sua época, importantes, marcantes. Jota Ninos e Dornélio Silva e agora Jota Ninos e Ormano Sousa confirmam que a Rádio Rural de Santarém é um celeiro de grandes radialistas e jornalistas.

Mas, voltando ao clássico, o São Raimundo ganhou bem a primeira partida e obriga o São Francisco, se este pretende receber o título de campeão, a executar uma maratona, a mais exaustiva prova de atletismo que o homem já inventou.

O Leão santareno para vencer terá que reviver a história escrita pelos seus grandes craques, como Batista, Paulo Roberto Mattos, Jeremias e Cabecinha, para citar apenas alguns de uma longa lista de grandes jogadores que vestiram a camisa azul.

O São Raimundo... bem, o São Raimundo está como todo alvinegro deseja: feliz da vida! Mas, por precaução, não custa acender uma vela ao padroeiro que se fez “Pantera”, São Everaldo Martins.

Opa! Acho que se isso já quase saudade!

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* Santareno, reside em Belém. É uma das estrelas do rádio paraense.

Comentários

Anônimo disse…
São por estas e outras (similares) que o blog do Jeso é indispensável para um santareno (ou mocorongo, quando assim prefere ser chamado)estando ele ausente ou não da terra querida e dos amigos de verdade.
Que saudades!!!
De fato, um time de craques da locução esportiva e de comentaristas. Mais que uma escola do rádio, verdadeiramente uma "educadora" no sentido mais amplo do termo.
Quem bom "ouvir" o Santino, mesmo que por meio das palavras.
Um grande abraço,
Anselmo Colares
Unknown disse…
E grande figura humana também.
(...mas ele não é filho de Juruti?)
Anônimo disse…
Santino,

Seu texto é um um bálsamo n'alma, para quem se entendeu por gente (como é o meu caso) ouvindo a Rádio Emissora de Educação Rural de Santarém Ltda.

Uma saudade imemorial, esse sentimento que só existe grafado em língua portuguesa, chega no vento, ao "som" de suas palavras. Tempos idos, de jornadas vitoriosas (shows, programas de qualidade ímpar, esportes, notícia...), novos tempos e os talentos que se reproduzem, como os peixes dos nossos rios...

Abraços fraternos, mestre!

Samuca
Anônimo disse…
Ao que sei, o Santino é de Juruti. É, porém, santareno adotivo.
É, também, um série especial.
Unknown disse…
Santino Soares seu texto nos fez relembrar nossa querida Santarém, obrigada por ter-nos proporcionado boas recordações....abraços