Minha culpa, minha máxima culpa




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), do dia 23:


O profeta não é aquele que adivinha o futuro por um sopro sobrenatural, mas o que prevê os acontecimentos de amanhã baseado nos sinais de hoje, sabendo interpretar os rumos dos acontecimentos.

Já há algum tempo se vinha sentindo cheiro de peixe podre na chamada reforma agrária promovida pelo Incra, especialmente no oeste do Pará. Inclusive, achou-se estranho que os assentamentos eram promovidos só em terras publicas de floresta, ou em terras já tradicionalmente ocupados por posseiros. Nenhuma fazenda era investigada para saber se havia terra improdutiva ou se os documentos eram legais.

Hoje a bomba estourou. Vários funcionários estão afastados, a investigação continua e a justiça quer ir a fundo na apuração daquilo que alguns profetas já previam que iria acontecer. E se a justiça apurar bem, outros graduados chefes da instituição devem ir preso. Basta escutar o que disse o presidente nacional do Incra há poucos dias para perceber que ele está a par de tudo e mete a mão no fogo de que tudo estaria dentro da lei e o procurador e o juiz é que estão
errados.

Disse ele: ".. .em razão das grandes demandas da região, o Incra criou a superintendência de Santarém e ofereceu as condições para que o superintendente pudesse executar, apurar, e corrigir eventuais irregularidades que venham a ser identificadas...". Por isso, ele está recorrendo à segunda instância em defesa da lisura dos 99 assentamentos.

O ministro se recusa a admitir que o MPF esteja correto na denúncia dos 99 assentamentos que foram suspensos pela justiça. Agora que a justiça está investigando a fundo, o superintendente interino acaba de admitir em entrevista a uma emissora que o MPF estava certo e que a partir de agora tudo será feito correto, como manda a lei. Inclusive, haverá recurso para capacitar os assentados a eles mesmos tirarem e venderem a madeira de reserva legal de seus lotes.

Isto dá a entender que a partir de agora os madeireiros não mais terão vez na exploração de madeira dos PDSs. Ora, se ele diz isso então não só os 5 funcionários graduados de Santarém que foram afastados serão punidos. A justiça deve pedir o afastamento também do presidente nacional do órgão, já que ele estava sabendo de tudo e apoiava o modo incorreto como vinha sendo falsificada a reforma agrária no oeste do paraense.

E se os de cá forem presos, o presidente do Incra também deveria ser preso. Como a justiça está ainda investigando tudo, é aguardar para ver como terminará mais esse desastre com apelido de reforma agrária.

Comentários

Anônimo disse…
Tambem achamos Sr.Sena, e temos que ter cuidado e alertar para os assentamentos criados e por criar em areas de varzeas.
Anônimo disse…
Pater Edilberto, o sr tem razão. Temos também que ter claro que, se não houver formação política à população (digo política, não partidária), até a reforma agrária será tomada pelos grileiros e madeireiros.