Exclusão social exposta

Do leitor que se assina Maurício, sobre o post Oportunidade, da lavra de Aldrwin Hamad:

Perdão, Sr. Aldrwin Hamad, mas é um absurdo tentar justificar um gasto monumental e fora do lugar como o que se pretende para sediar a copa do mundo. Se uma pequena fração desse dinheiro fosse aplicado no esporte de base, surtiria um efeito muitas, muitas vezes maior para o esporte, para a educação e, como o senhor diz, para mostrar ao mundo que o Brasil é uma grande nação.

Programas esportivos em presídios, por exemplo, geraram resultados surpreendentes, mesmo assim, estão parados ou sobrevivem em escala amostral por falta de verbas. Sequer a infra-estrutura a ser feita acaba por ser algo utilizável, vide a vila do Pan.

Em todos os países que sediaram jogos, projetaram as instalações esportivas pensando prioritariamente em como elas seriam de melhor proveito para a cidade uma vez terminados os jogos. No Rio de Janeiro, hoje, o governo contrata arquitetos e outros profissionais para tentarem responder como a cidade poderia tirar proveito daquele trambolho feito sem um mínimo de preocupação social.

Ou seja, a construção da dispendiosa vila de esportes não foi "arrumar a casa", tampouco foi "mostrar ao mundo que podemos sim ser uma grande nação"; ao contrário, foi mais uma vez mostrar-mos um desarranjo de valores e mostrar ao mundo nossa mais vergonhosa face da exclusão social.

Comentários

Anônimo disse…
Otima observação Mauricio. Além do trambolho. o super-faturamento, o favorecimento aos amigos, no caso do Rio, do Presidente do Comité Olimpico e outros mais.

Eleitor indignado
Anônimo disse…
Prezado Maurício, agradeço o comentário. Concordo em gênero, número e grau com voce que investimento em esporte de base tanto em penitenciárias como escolas é a melhor solução para a promoção do esporte. Vou além, o esporte é geralmente uma boa amostragem de como anda o modelo educacional de um país. Boas escolas geralmente produzem bons atletas. Creio que invetir na educação, principalmente de base, é uma obrigação do estado e deve ser cobrada constantemente, não só com maior aplicação de recursos, mas principalmente no controle destes gastos. Isto não é opcional, é obrigação.
Voce mesmo reconheceu que em outros países as obras visaram a adequação das instalações esportivas para o uso comunitário e foi justamente sobre isso que quis escrever. Temos que aproveitar já que, inevitavelmente, obras serão realizadas, para que estas não sejam só monumentos mas tenham utilidade pública.
Teremos 7 anos para pensar em como reprojetar nossas cidades e nossos espaços esportivos para que eles não sirvam somente como palco de um único evento e sim como mecanismo de promoção social.
Nosso país não é um país pobre, pelo contrário, preciamos é pensar e principalmente agir como grande nação. Temos condições sim de investir em esportes de base e ao memso tempo investir em infra estrutura. Não são temas excludentes e há recursos de sobra, basta saber aplicar direito.
Para isso é preciso projetos que contemplem o maior número de variáveis possível. Repito, são 7 anos para projetar, executar e FISCALIZAR. Se não conseguirmos fazer isso nesse período com as empresas, universidades e instituições que temos, é porque não merecemos ser grandes.
Quanto ao exemplo do PAN do Rio onde obras foram superfaturadas, projetos mal feitos ou mal executados, acabaram gerando uma natural repulsa por aventuras similares. Creio que este é o melhor exemplo de como não deve ser feito. Entretanto, não podemos pegar maus exemplos e toma-los como regra sob pena de anularmos toda e qualquer tentativa futura.
Já pensou se toda universidade, hospital, rede de esgoto ou escola que tivesse sido superfaturada, mal planejada e mal projetada fosse justificativa para nunca mais fazerem outra?
Maus exemplos servem para que não sejam repetidos. Além disso, nossas instituições de controle estão aí justamente pra fiscalizar a aplicação dos recursos.
Mais do que mostrar ao mundo que podemos ser uma grande nação, eventos como este aumentam a auto-estima do povo e iniciam um ciclo de motivação que pode gerar resultados excepcionais.
Nosso povo precisa de algo para se orgulhar e fazer com que a paixão nacional seja o motivo dessa mudança, é no mínimo uma grande conquista.
Tudo que eu espero é que, já que vamos ter a copa do mundo, já que bilhões serão investidos, que esta sirva como catalisador de mudanças estruturais na forma de pensar os espaços e instalações públicas justamente para evitar que estes locais sejam elitizados e sirvam somente a interesses particulares. Espero realmente que esta oportunidade não seja mais uma que vamos desperdiçar na longa lista de bondes perdidos pelo Brasil.
Anônimo disse…
Por esse raciocínio do sr. Maurício, o Brasil não deve promover mais nada. Deve se isolar do mundo, e voltar aos tempos da caverna. Vamos deixar de hipocrisia, gente. Isto é que está fazendo mal ao País. Não adianta levantar essas questões agora, todas com ranço de viúvas tucanas. Ou seja: o mesmo discurso para tentar desqualificar o governo de Lula. Hipocrisia, fora!