
Renan foi "flagrado" contrariando suas expectativas (e da maioria dos políticos) de que jamais poderia ser pego. Ou se (por acaso) for apanhado, poderia se livrar facilmente, pois é assim que raciocina um político de poder. Seu caso, normalmente, teria tido outro desfecho, igual aos tantos escândalos sexuais que não passam de mais um capítulo de novela.
Trecho do novo artigo do sociólogo Tibério Alloggio, naturalizado santareno. Nele, o articulista do blog enfoca o caso Renan "Absolvido" Calheiros e a mídia.
[Clique aqui], para lê-lo.
Comentários
João Paulo
Está mais claro agora como Lira Maia conseguiu seus bois e sua mansão.
Sobre a mídia tá claro seu papel, não é preciso chegar na globo, a nossa fala para todos, parcial é incompetente.
Renan Calheiros pode ter escapado dessa, mas acredito que como cacique político acabou.
Teresa Cruvinel será a diretora da TV Nunca Antes Neste País. É justo. Tanto tempo de trabalho no seio da mídia oligárquica não poderia ser desperdiçado…
Aquilo que o petismo chama de "jornalismo imparcial" sempre acaba arrumando um emprego no governo Lula.
Primeiro foi Franklin Martins.
Agora é Tereza Cruvinel.
A imparcialíssima jornalista deixa as Organizações Globo para presidir a TV Pública do Lula.
Franklin Martins e uma porção de bons jornalistas foram despedidos pela Globo por não rezarem na cartilha de seus donos.
Lógico que bons jornalistas arrumem trabalho em bons meios de comunicação.
Porter
Napoleão e Mangabeira
Lembrei-me de Napoleão. Foragido da ilha de Elba e retornado à França, reinou pela segunda vez por exatos cem dias, até a derrota de Waterloo. O professor Roberto Mangabeira Unger chefiou a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, com grau de ministro, por 99 dias.
O imperador foi derrubado em batalha cruenta nos campos belgas, o mestre de Harvard foi vítima de batalha parlamentar, em Brasília. Do outro lado não estava Wellington, e sim Renan Calheiros, confirmado na presidência do Senado e sempre selvagemente agarrado à sua cadeira. E mais a nata da câmara alta do Congresso nativo, os infatigáveis representantes do pensamento político verde-amarelo, figuras do porte do peemedebista Romero Jucá, do tucano Arthur Virgílio, do democrata Agripino Maia.
Clara a orquestração de Calheiros, vista como vingança contra o próprio presidente Lula que, à última hora, abandonou-o ao seu destino. Em vão. Foram os pares que trataram de salvá-lo in extremis e em votação secreta, conforme manda vetusto figurino previsto para a cassação de mandato, desde hoje, felizmente, embora tardiamente, aposentado por votação no próprio Senado.
Em contrapartida, a medida provisória que criou a Secretaria de Mangabeira foi rejeitada por 46 votos a 22. “Recado do PMDB ao Planalto”, disse Agripino Maia. Desforra do partido, insatisfeito com a distribuição dos cargos. Mesmo assim, não faltarão gordas fatias deste guisado para peemedebistas sequiosos.
A história da Secretaria que não emplacou não deixa de ter aspectos dignos de enredo tecido em parceria por Franz Kafka e Edgard Allan Poe. Insondáveis por ora são os caminhos da história. Por que a secretaria? Por que Mangabeira Unger? A quem convinham, uma e outro? E que significa planejamento de longo prazo? A formulação de um Projeto Brasil de retumbante alcance?
Mais próximos da realidade nua e crua, admita-se que a extinção da Secretaria representa economia notável, com a demissão de 83 funcionários, sem contar a liquidação de 660 postos comissionados. Permito-me aventar, por outro lado, que Mangabeira, perito na imitação do sotaque do rabino Sobel, não faça maior falta. Devolvam-no a Harvard e à banca de advogados e conselheiro de Daniel Dantas, o orelhudo. Sem passar por Santa Helena.
. Na inauguração da Record News, nesta quinta feira, dia 27, à noite, a Globo sentiu o tamanho do problema que tem a enfrentar: a Record.
. O proprietário da Record, o empresário Edir Macedo, deixou claro que a estratégia da Record News – um canal de noticias 24 horas no ar, de GRAÇA – faz parte de uma estratégia para corrigir “uma injustiça” (a forma como a Globo manipulou a prisão de Edir Macedo, 15 anos atrás) e acabar com um monopólio.
. Nenhuma democracia do mundo pode conviver por muito tempo com a situação anômala de que desfruta a Globo: com 50% da audiência, a Globo detém 70% da verba publicitária.
. Como a tevê tem 50% de todo real gasto em publicidade, a Globo fica – só a Globo, rede de televisão – com 35 centavos!
. De cada real gasto em publicidade, num país que se diz democrático, e do tamanho do Brasil, a Globo fica com 35 centavos!
. Já que as instituições “democráticas” não enfrentaram o problema, o mercado vai enfrentar.
. A Record resolveu entrar de sola na fatia do mercado mais rentável da tevê aberta – a teledramaturgia -; e a Record News vai quebrar o monopólio da informação: todo mundo vai ter noticia 24 horas por dia, de GRAÇA.
. Edir Macedo falou para a Globo.
. O presidente Lula também.
. Lula terminou com uma frase que dizia assim: quando inauguro um jornal, uma tevê, uma rádio, penso naquela frase “... liberdade! liberdade!, abre as asas sobre nós!”.
. Uma prova de que Macedo e Lula foram ao centro do problema – a Globo – é que o outro orador da noite, o presidente eleito José Serra, não foi capaz de dizer uma única palavra que merecesse ser lembrada...
. Ele, que mantém uma relação “especial” com a Globo de São Paulo.
. (Por falar nisso, como disse o filosofo Paulo Arantes, na Folha, “o que pensa esse rapaz?”, o Serra?)
Em tempo: como observa amiga muito bonita, algo já mudou mesmo. Antes, a Globo, arrogante, ignorava tudo o que falavam dela. Seria dar palanque a quem não merecia. Hoje, sexta-feira, dia 28, na primeira página, O Globo publica a foto do presidente Lula com Edir Macedo, no momento em que punham a Record News no ar. Sim, cara amiga, já mudou muita coisa. O Presidente da República, por exemplo...