Plebiscito da CVRD




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:

Imagine se, de repente, com a desculpa que a dívida do Brasil no estrangeiro está tão grande o governo federal decidisse vender a Amazônia, com todos seus 23 milhões de habitantes e toda sua riqueza de minérios, madeira, águas e florestas, por 500 bilhões de dólares, você concordaria?

De repente, uma empresa japonesa comprasse a Amazônia e tudo que há aqui tivesse que obedecer ao patrão japonês, seria legal? Pois é, foi com argumento semelhante que, 10 anos atrás, o governo de então vendeu a mais rica e rendosa empresa nacional e estatal para o estrangeiro.

A Companhia Vale do Rio Doce era uma riquíssima empresa do Estado brasileiro. Foi vendida por menos de 4 bilhões de dólares, num leilão bastante estranho. Sabe quanto foi o lucro no ano passado da hoje empresa estrangeira dentro do estado do Pará? Foi de cerca de 15 bilhões de dólares. E sabe qual é o valor dela, com todos os minérios, terras e equipamentos? Mais de 90 bilhões de dólares.

É por esses motivos todos que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e várias organizações da sociedade civil estão organizando um plebiscito no próximo mês de setembro. Cada eleitor(a) brasileiro(a) vai poder votar se concorda que a Companhia Vale do Rio Doce seja devolvida ao Estado brasileiro; se concorda que a justiça brasileira julgue se foi legal ou não o leilão de 10 anos atrás que vendeu a CVRD de mão beijada, por menos de 4 bilhões de dólares.

Os e as brasileiras farão um julgamento tardio, mas ainda necessário. Se o governo da Bolívia retomou do estrangeiro a exploração de gás e petróleo, inclusive da Petrobrás, por que o governo federal não pode retomar de volta uma companhia cujo lucro anual daria para construir escolas, hospitais, estradas e melhorar a vida de tantos pobres? Por que permitir que os lucros da riqueza nacional fiquem com poucos e vão para o estrangeiro, enquanto o índice de desenvolvimento humano do Estado do Pará continua em 22º lugar entre os estados brasileiros?

O plebiscito que está sendo organizado pela sociedade civil e que acontecerá em todo o Brasil em setembro próximo será uma grande oportunidade de medir a consciência crítica da população, a capacidade comprometida dos fazedores de opinião para ajudar a maioria das pessoas a votar consciente.

As igrejas, os padres e pastores, os e educadoras, os comunicadores dos meios de comunicação têm compromisso maior com a defesa do patrimônio nacional, hoje a serviço de uma elite oportunista.

Comentários

Anônimo disse…
Jeso, a matéria da Veja do ultimo domingo, diz que a caixa preta culpa o piloto pelo acidente.
Agora os petistas estão felizes com uma das maiores representações da mídia golpista e oligárquica. Gostaria de ver a cara do Samuel Lima, por exemplo. Será que ele vai parar de ver monstrinho embaixo da cama?
De qualquer forma, como já comentei antes no teu blog: No final a culpa sempre é do piloto. Mas uma coisa é a culpa e a outra é a responsabilidade.

Julio Costa - Comerciante
Anônimo disse…
Caro Jeso,

Só queria saber porque essa gente, que se arrroga autêntica representante da sociedade civil, esperou tanto tempo para mobilizar a sociedade civil?!

A verdade é que se a Vale do Rio Doce não tivesse sido privatizada, aplicando gerenciamento eficaz, expandindo seus negócios, hoje por certo não passaria de sucata.

Aliás me mostrem algo administrado pelo Estado que tenha dado certo no Brasil. E nem me venham falar de Petrobrás posto que esta só cresceu graças ao monopólio de quase meio século que lhe deu exclusividade sobre o imenso mercado brasileiro, e nos obrigou a pagar a conta, ou seja, financiar seus déficites e remunerar seus executivos a peso de ouro.

Que venha o serôdio plebiscito. Só espero, todavia, que a massa de manobra arregimentada dentre a população mais carente, seja minimamente esclarecida sobre o que significa realmente a reestatização.

José Allonso Guimarães
Anônimo disse…
Mas a igreja, que se diz defensora dos direitos dos mais fracos e se vangloria do crescimento de sua emissora de TV, agora pede, desavergonhadamente, que o governo estadual direcione R$ 10.000.000,00, para a restauração de uma das suas igrejas. Não estou questionando aqui o valor histórico do prédio, assim como a importância de sua preservação, mas sim a dubiedade da riquíssima igreja.
Anônimo disse…
O estado tem cuidar somente da educação, segurança e saúde, o restante dos serviços deve ser repassado para a iniciativa privada já que nossos governantes em sua grande maioria são incompetentes e desonestos no uso do dinheiro público.

Padre, que tal fazer um prebiscito dos 1,2 bilhões de dólares que a igreja irá pagar de indenizações as vítimas de padres pedófilos dos EUA ? será que o fíeis concordam que o dinheiro da igreja seja usado desta forma ?
Anônimo disse…
Tristes comentaristas! Essa conversa cretina e desavergonhada de que tudo deve passar para a inciativa privada, que seria muito mais eficiente é de dar ânsia de vômito! Dar de graça para um grupo reduzido todo o patrimônio da Vale com a justificativa da inoperância do Estado é o cúmulo do cinismo. O País abre mão de um patrimônio incalculável, com o papo furado de que está incrementando o "desenvolvimento"? Desenvolvimento de uma elite desavergonhada que sempre mamou nas tetas do Estado! Será que não é possível enchergar que o estado sempre foi privatizado, beneficiando empresas e empresários, o que faz até hoje?
E as respostas ao padre Sena, com perguntinhas cretinas a respeito da Igreja Católica? Os problemas da Igreja, esses sim, são problemas da iniciativa privada, que não justificam a destruição do patrimõnio nacional. Sejam no mínimo honestos, defensores do crescimento da fortuna dos grupelhos no poder!!!
Anônimo disse…
Muito engraçado o quarto comentario! Será que esse comentarista venderia todo o seu patrimônia e viraria mendigo? Virando mendigo no máximo ele teria que cuidar da sua alimentação (saúde). Talvez ele veja o Brasil dessa forma como um mendigo, que recebe esmolas e depois repassa em conta-gota o mínimo para a educação, segurança e saúde.
Anônimo disse…
eu tenho percebido, ao ler alguns comentários, que tem muita gente inconformada com tudo o que é colocado aqui neste blog. É pena que num momento em que o Brasil por uma das maiores crises - a falta e a desvalorizaçãoo do dinheiro brasileiro - esses que sempre têm algo a comentar não dão nem uma dica para melhorar essa realidade. ReaLMEnte é fácil colocar um comentário, com palavras cultas aprendidas em escolas ou universidade privadas, aqui sobre todos os assuntos aqui postados. O problema é essa gente aparecer e unir forças em nome do povo sofrido. Pra defender os proprios interesses é outra coisa...Triste vida. Que Jesus Volte Logo!!!!
Anônimo disse…
Caro Padre Ediberto, seus argumentos são inalcansáveis e não carecem de retifica. Acrescentaria outra face que liga a atividade destas corporações na nossa Amazômia à esta polêmica da divisão do estado do meu Pará, que diga-se de passagem os próprios funcionários do Itamaraty sempre trataram e continuam referindo-se ao nosso Pará como uma sociedade tendo um comportamento destacado em relação aos demais estados da federação não esquecendo da nossa estrela separada na bandeira do Brasil, já que estas mineradoras têm interesse de criar quantos territórios forem possíveis para atender a seus futuros projetos não deixando de ver que cada projeto destes dentro do Pará já equivale a um estado dentro do Estado. As pessoas em geral têm esperança num possível estado do Tapajós mas nunca foram informados da maldita "lei kandir" que corta impostos, ICMS e outros, de produtos exportados tais como soja, óleo de soja, minério de ferro ou bauxita, e até de lingotes de alumínio. Enfim, este novo estado começará a explorar seus cidadãos cobrando valores extorsivos de IPVA, ICMS na conta de luz e água ,ICMS nos derivados de petróleo e outros o que levará certamente a uma sociedade ainda mais decadente
Anônimo disse…
Vamos Reestatizar a Vale Já!
Mas com uma condição:

Se a desculpa pela reestatização é que a empresa explora recursos minerais que pertencem a todos os brasileiros, devemos então estatizar todas as empresas que exploram minérios, animais e principalmente pessoas, o maior patrimônio de qualquer nação.

Só assino o plebiscito se houver um adendo:

Estatização de todos os bens das igrejas (católicas, batistas, presbiterianas, pentecostais, etc) incluindo também centros espíritas, terreiros de candomblé, sinagogas, mesquitas e demais instituições que exploram, comercializam, e pedem contribuições de pessoas em prol do crescimento de suas instituições.

Sendo a CVRD uma empresa S.A. onde qualquer um pode "contribuir" para a causa do crescimento da mesma (recebendo em vida os benefícios), em nada se diferencia de uma religião, com a única diferença que o que ela explora, no caso os minérios, não ficam sonhando com vida eterna ou reencarnação.

E aí? quem topa?
Anônimo disse…
Padre Edilberto, porque o sr. não informa quantos empregos foram gerados com a privatização, quanto o estado passou a arrecadar de impostos a mais e quanto de arrecadação para os municípios aumentou com a privatização?

Se a idéia da sua instituição (que não paga 1 centavo de impostos) fosse coerente, deveriam mostrar os números dos dois lados para que as pessoas escolhessem. Tudo bem que escolha não é algo que a sua firma vê com bons olhos, mas tentem.

Pelo visto não é o objetivo de voces. A CNBB quer que as empresas voltem para o estado para que apadrinhados e correligionários possam ocupar cargos que hoje são ocupados por competência e não indicações. Daqui a pouco farão plebiscitos para exigir que o estado volte a ser governado pela igreja, como no Irã.

Torço para que um dia se promova um grande plebiscito pedindo a estatização de todos os terrenos da igreja católica. Aí quero ver o discursinho de voces.

Se o minério é de todos os brasileiros e porisso a Vale deve voltar a ser estatal, o que dizer da empresa que diz ser a unica representante de Deus na terra?? Dizem por aí que Deus é Brasileiro... LOGO, adivinha quem é que deveria ser estatizada???
Anônimo disse…
Não sei por que toda esta defesa pelas instituições privadas. Até parece que o brasileiro é bem tratado na empresa privada, não fica em fila. Além disso, empresas como a Vale só deixam crateras no chão e mais nada e com a ajuda dos políticos. Eu penso que nós precisamos ser mais humanos e ver que a Vale dá lucro, dá para os seus acionistas e não, para o povo. E dizer que a empresa privada só emprega quem é competente hahahahaha. Faz-me rir!
Anônimo disse…
Não sei por que toda esta defesa da empresa privada. Brasileiro não fica em fila nos serviços privados? Brasileiro é bem atendido no banco, nos serviços de transportes...? Não tem defeito nenhuma a iniciativa privada? Só emprega quem é competente? hahaha Faz-me rir.