Búfalos, conflitos e ordem na casa

Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:


Quando em meados do século passado um engenheiro agrônomo que comandava o Instituto Agronômico do Norte, trouxe os primeiros búfalos para o Baixo Amazonas nem imaginava a desordem e dor de cabeça que estava trazendo para a região.

Os primeiros bichinhos vieram de avião, não se sabe de onde. Aliás, aquele agrônomo era considerado meio louco, ou louco e meio, para tomar tal iniciativa em seu campo profissional e com o poder do cargo que ocupava. Ele se foi, mas os búfalos proliferaram e hoje estão espalhados por todo o Baixo Amazonas e além.

Sua carne é sadia, seu leite rendoso, sua cara é feia. Hoje, mal encarado, o búfalo é fonte de problemas para a convivência humana na região. Até na área urbana ele é considerado um perigo. Sem culpa sua, que afinal, se bem cuidado, é tão manso como uma criança. O problema não é causado pelo búfalo, mas por seus donos. Estes cobram seu direito de criar os animais.

criadores que possuem 40, outros criam 100 e outros mais de 600 animais. Daí os problemas chegam. Os criadores se enchem de direitos, mas não respeitam os direitos dos vizinhos que não criam animais.

Por conta de tantos conflitos, certa vez a justiça solicitou à Embrapa que fizesse um estudo técnico para definir a área necessária para a correta criação de búfalos nesta região. O estudo revelou que não se pode criá-los a granel, soltos. Precisa ser confinado e, assim, o rebanho não pode ser maior do que a área disponível e cercada. Tudo foi feito tecnicamente, mas até agora a maioria dos criadores de búfalos não leva a sério. Prevalece a lei do mais forte e os problemas continuam.

Se um animal causa prejuízo ao vizinho que tem uma roça, o criador se cala, ou quer que o vizinho cerque seu terreno. Se um vizinho prejudicado mata um animal, vira caso de polícia e o pobre é obrigado a pagar o prejuízo.

De quem é o dever de botar ordem nessa desordem? Como fazer os arrogantes respeitarem os direitos dos outros? A Adepará? O Ministério da Agricultura? A prefeitura? O Estado? Afinal, de quem é mesmo a responsabilidade de fazer respeitar a lei do confinamento de búfalos na região do Baixo Amazonas?

Enquanto não se toma uma decisão, os conflitos se acumulam e uns já chegam a trazer seus animais até para a periferia da área urbana.

Quem é mesmo o bruto, o búfalo?

Comentários

Caro Padre Edilberto,

Um bom dia para o senhor!

O Búfalo é uma grande riqueza pecuária como fonte de alimentos e outros produtos riquíssimos.

A maioria desses problemas seria resolvida com uma atuante Secretaria de Estado da Agricultura, com um secretário experiente e atuante, além de uma equipe técnica de alto nível.

Também seriam resolvidos muitos problemas atinentes à ocupação racional da terra, dos assentamentos, da reforma agrária, do manejo florestal científico sustentável, do aperfeiçoamento racial e genético dos rebanhos, vacinação, exposições e feiras, do respeito ao meio ambiente, da assistência técnica e da extensão rural.

Pesquisas nas áreas de agronomia, zoonoses, problemas fito-sanitários, tecnologia de alimentos, armazenamento, escoamento da produção, botânica, fisiologia vegetal, química de produtos naturais, melhoramento do extrativismo, fitofármacos, técnicas de reprodução e aperfeiçoamento genéticos de plantas por métodos biotecnológicos e um sem fim de soluções nas subáreas da agricultura, pecuária e extensão rural poderiam ser equacionadas com boas faculdades em interface com aquela secretaria.

Tudo isso seria resolvido com a criação dos Estados de Tapajós e Carajás.

Evidente, que também seriam necessárias, lideranças comunitárias antenadas e atuantes como o reverendíssimo e o sociólogo Tibério Allogino como porta-vozes das comunidades tradicionais.

Pode ter certeza, padre, com a chegada da República e do desenvolvimento econômico a vida do povo de Deus melhoraria muito.
Anônimo disse…
Criar bufalo na varzea ta foda!!! Tem que limitar a area de atuaão desses bichos....vao fuder com a varzea