Plural

Com experiências longeva no mercado agrícola, Antenor Giovanini, que hoje se despede da Cargill, foi instigado pelo blog a apontar qual o melhor negócio no setor aqui na região.

- A diversificação. Tem que investir em várias culturas. Ninguém ganha dinheiro com uma cultura somente. É inviável economicamente. Em se tratando de soja, pior ainda, porque os custos de produção ainda são muito altos por aqui. Por isso que não existem apenas sojicultores por aqui e sim produtores rurais. Todos, sem exceção, são obrigados a ter mais de uma cultura - avicultura, pisicultura, milho, sorgo, arroz, boi, suinocultura, e até essências de perfumes.

Comentários

Anônimo disse…
Sugiro que mantenhamos a criação de peixes grafada como sendo picicultura. Talvez tenha sido proposital o emprego de "pisicultura" para enfatizar a necessidade da diversificação. Forçadamente sigo o princípio de interpretar tudo da melhor maneira possível.
Anônimo disse…
Na entrevista abaixo, o presidente da Contac (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação) e do INST (Instituto Nacional de Saúde no Trabalho), Siderlei de Oliveira, denuncia a política anti-sindical e anti-trabalhista da multinacional norte-americana Cargill, onde sublinha a necessidade de ampliar e fortalecer a coordenação dos trabalhadores da Cargill, da Argentina e do Brasil. O Portal do Mundo do Trabalho reproduz abaixo a entrevista dada por Sidelei ao Serviço de Informação da Regional Latino-americana da UITA (União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação).


Qual é o principal objetivo da sua viagem à Argentina?


O principal, aqui em Buenos Aires, é estabelecer redes entre os trabalhadores da Cargill do Brasil e da Argentina. Isso reforçará enormemente um movimento internacional que, esperamos, faça com que a empresa atue de forma racional, retome as negociações e cumpra os acordos estabelecidos. Esta idéia já foi analisada em um seminário internacional realizado em São Paulo no ano passado, no qual participaram as organizações filiadas da UITA no Brasil que representam os trabalhadores da Cargill e uma delegação da União Argentina de Trabalhadores Rurais e Estivadores (UATRE).


O que buscamos agora é aprofundar uma aliança específica com a UATRE e os sindicatos da alimentação da Argentina. Devemos otimizar os níveis de coordenação – na reflexão e na luta – dos trabalhadores e trabalhadoras em toda a cadeia agroalimentar, onde atua uma mesma companhia transnacional. A metodologia a ser desenvolvida deve trabalhar cada ponto da cadeia, já que a Cargill é uma empresa muito diversificada quanto aos produtos, que vai desde soja à cana-de-açúcar e produção avícola.


Neste sentido, a aliança com a UATRE nos permitirá organizar e coordenar o setor desde a produção primária destes insumos, dos quais a Cargill produz muito na Argentina e também os processa. No Brasil, também trabalhamos com a indústria e com os assalariados rurais ao mesmo tempo, quer dizer, cobrimos todos os elos da cadeia.


Esta união se dará só entre o Brasil e a Argentina?


Esta é uma rede que está iniciando aqui e acreditamos que se estenderá a outros lugares, já que temos falado com sindicatos de muitos países, inclusive dos Estados Unidos. Estamos em uma etapa de recompilação de dados e de saber como funciona a nível mundial esta engrenagem gigantesca chamada Cargill. Queremos saber quais são as condições de trabalho desta multinacional em outros países e se só no Brasil se comporta dessa forma. Toda a informação que possamos obter na Argentina será muito valiosa para nossa luta.


Para enfrentar um monstro assim, devemos saber de onde vem, que hábitos tem, o que come. Estamos nesta fase agora.


Como andam as negociações com a Cargill no Brasil?


Neste momento, as negociações entre a Cargill e os sindicatos estão suspensas, apesar de que levamos dois anos de luta tratando de abrir espaços para o diálogo e buscando soluções para melhorar as condições trabalhistas nesta transnacional. A Cargill é uma empresa que não respeita em nada os sindicatos, nem melhora as condições de trabalho e salubridade dos trabalhadores. Chegou inclusive a proibir que os operários contribuam voluntariamente com os seus sindicatos, tratando de deixá-los sem nenhuma defesa frente aos tratos abusivos da empresa. Acredito que a Cargill deixou bem claro sua política anti-sindical, retroagindo na relação com os trabalhadores às primeiras épocas da revolução industrial, ao convertê-los em reféns e escravos da empresa.


Que metodologia de trabalho utilizam nas fábricas?


A Cargill é sem sombra de dúvida a pior empresa no setor avícola que temos no Brasil. Sua política é de sistemática violação aos direitos dos trabalhadores e isso se demonstra quando não permite a entrada da assistência médica nas fábricas, especialmente nas de produção de frangos. Os operários são tratados por médicos dentro da empresa e ,às vezes, saem de ambulâncias de dentro das fábricas.


É possível comprovar os prejuízos físicos causados aos trabalhadores e trabalhadoras?


Sim, porque o "pior" é que a empresa tem cada vez maior produção, com o que incrementa o ritmo de trabalho até ficar insuportável. Isto está causando sérios danos aos trabalhadores e lesões por esforços repetitivos, tal como sucede nas máquinas de produção em série. Isto é o pior de tudo porque incapacita o trabalhador e a trabalhadora pelo resto de suas vidas. Mas também se pode ver na saída do horário de trabalho, trabalhadores com os braços e as mãos marcadas e feridas. Este é um dos horrores, praticado a portas fechadas que comete esta multinacional norte-americana, a fim de que a sociedade brasileira não saiba sobre as péssimas condições de trabalho a que submete os seus empregados.


É verdade que a Cargill pretende ideologizar o conflito?


O que acontece é que a Cargill pertence a uma família retrógrada. Para eles, toda relação capital-trabalho é um problema político. Por isso deram sua versão: "O que acontece no Brasil é um problema ideológico: socialistas contra capitalistas". Então, os sindicalistas são tratados como na Guerra Fria, como um obstáculo para a produção. Em minha opinião estão loucos. São gente que vê os operários como inimigos. É uma contradição incrível, já que é a empresa mais moderna quanto a satélites, controles remotos digitais e tecnologia; contudo, tem séculos de atraso em outros temas, como no trato com seus próprios funcionários.


Qual é a posição do governo brasileiro?


O Ministério da Justiça tem uma imagem da Cargill, e de vez em quando a castiga. Mas nós queremos uma posição mais dura do governo, nas decisões que mais doem na empresa, como os benefícios fiscais ou de exportação. Nossa posição é que o governo deve outorgar-los, mas na medida em que haja uma contrapartida da empresa para seus trabalhadores. Da mesma forma, não estamos falando de uma empresa normal, de mercado, que atua segundo as regras de um país democrático. Não se pode tratar esta empresa escravista igual a tantas outras que cumprem com seus deveres sociais. A Cargill tem problemas em todos os setores onde atua: café, chocolate, abonos, produtos químicos, soja, cana-de-açúcar, sementes. Atualmente, um de seus portos privados chegou a ser fechado por problemas ambientais. Mas a prioridade que temos é a campanha nacional contra a indústria de frangos, cujo símbolo perfeito da maldade, da crueldade, de trato escravista, de política anti-sindical, está representado claramente pela Cargill.


O que tem sido feito para denunciar as práticas da Cargill?


Não ficamos de braços cruzados e temos buscado apoio e relações internacionais para que os consumidores europeus conheçam a situação de como são feitos os produtos da Cargill. Além disso, temos conseguido fazer alianças com grupos de defesa do consumidor e também com redes sindicais do Velho Continente.


Em Buenos Aires, Geraldo Iglesias e Javier Amorín

Traduzido por Vanessa Prates

FONTE-www.cut.org.br
Anônimo disse…
Obrigado pelo vontade de destacar esta entrevista. Lendo com mais atenção vejo uma relação destes fatos com os descritos nos campos de concentração durante o nazismo, em que os presos eram mantidos trabalhando até a completa extinção de suas forças, quando então morriam durante a atividade ou eram retirados e mandados para os fornos crematórios , os quais se pensavam ser padarias.