Pará é o pior no Enade

Os dados do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2006, divulgados hoje pelo Imep, reservam uma péssima notícia para o Pará.

O Estado teve o pior desempenho nacional no quesito que avalia quanto de conhecimento os cursos superiores avaliados agregam aos alunos.

Comentários

Unknown disse…
Jeso, tem gente remando contra essa maré, brother.Acabei de postar no Quinta.



O Engenheiro Roberto

Roberto é um jovem de pouco mais de 20 anos.
Santareno, vive a mais de mil kms de casa, em Marabá, onde é aluno da primeira turma de Engenharia de Minas, no campus da UFPA inaugurado por Lula em fevereiro de 2006.
Infra de primeiro mundo, o curso do Roberto, construído com ajuda da CVRD. Professores doutores, laboratórios moderníssimos, ambiente acadêmico.
Mas Roberto sobrevive em condições duríssimas, dando aulas no primeiro grau da rede pública municipal, a R$ 4,20 a hora/aula. "Já dei aula até de geografia", disse-me encabulado, como se tivesse cometido uma infração.
Mora num kit net com mais cinco colegas - de diferentes cidades dos quatro cantos do Pará - que comemoram quando a mãe de um deles passa uma temporada por lá, sinônimo de roupa passada e comida decente.
Nas primeiras férias, saudoso de casa, encarou a Transamazônica na última viagem da temporada: o inverno havia começado e a estrada seria interropida.
Não deu outra: foram cinco dias de viagem.
O busão quebrou duas vêzes, e Roberto, sem grana para mais de dois dias, pediu comida nas casas simples da beira da estrada.
Semestre seguinte a saudade apertou de nôvo e Roberto, escaldado, resolveu encarar uma carona nos caminhões da PA-150 até Nova Déli.
Três etapas, com escalas em Goianésia e Tailândia, para troca de caminhão.
Desembarcou na capital com R$ 10,00 no bolso e foi direto prá Estrada Nova, atrás de um barco para Santarém.
Encontrou o Nélio Correa, dos maiores, e pediu carona.
Ganhou, em troca de um dia e meio de trabalho, em cima de uma bóia, lavando o casco do navio. E tres dias de esfregão no convés de passageiros até chegar em casa.
Agora em julho Roberto quer repetir a dose, prá poder cheirar o suvaco das lindas santarenas e beijar a mãe, no bairro da Prainha, reduto dos arigós, como êle.
Ficou de passar cá em casa, antes de pegar o navio.
Vai encher a pança de comida e levar um farnel prá subir o Amazonas.
Vai levar, também, a admiração deste poster.
Roberto daqui mais tres ou quatro anos vai ganhar uma grana, muito bem empregado. Enquanto isso come o pão que o diabo amassou porque a família é dura e nenhuma entidade - tipo essas que tem grana para remunerar consultorias caríssimas - não tem grana para ajudar os estudos do rapaz.
Há interesses maiores.
Inda bem que o Roberto é maior que eles.
Pisa aí, garôto!


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Abs prá ti, Carneiro.
Dannie Oliveira disse…
Por que será ? Nas Faculdades Públicas os professores não querem dar aula, os alunos se quiserem que corram atrás de apostilas e de livros . Já nas Particulares a maior preocupação é se a mensalidade está em dia ou não. Na hora do vamos ver é que aparece os resultados.
Anônimo disse…
Registro minha admiração não só ao Roberto arigó (como eu), mas aos milhares de Robertos brasileiros que insistem em acreditar no poder libertador da educação.
Unknown disse…
HP, ótimo dia para voce.
Infelizmente tive que cancelar minha ida à Santarém hoje.
Ia aproveitá-la para pedir um encontro com o coordenador de um suposto "fundo de emergência" que rola entre os arigós da cidade para ajudar companheiros em dificuldades. Esse sprit de corps, raro e louvável, bem que poderia se estender à outras finalidades.
Quem sabe se o coordenador do fundo, estudando o caso do Roberto,não se interesaria em conversar com os contribuintes deste fundo a modo de vialbilizar uma bolsa para o Roberto?
1 SM por mês, p. ex., retornável sob alguma forma de prestação de serviços ao fundo, ou o que valha.
Ele quer e vai voltar para Santarém.
Já percebeu o enorme potencial da economia mineral da região.
Acho que valeria a pena estudar o caso do rapaz.
Quem te escreve é filho de arigó, de Ingá do Bacamarte, Campina Grande, Paraíba.
E te manda um forte abraço.