Retalhamento do Ibama: quem ganha?




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:

Na Idade Média os reis vitoriosos e ambiciosos dividiam os povos vencidos nas guerras para melhor controlá-los. Criou-se o dito: "Dividir para imperar!". No Brasil de hoje, o governo Lula, quem diria!, divide o Ibama para alcançar suas metas de destruir a Amazônia para servir às multinacionais e ao sul do país.

Nem parece que Lula andou de barco numas famosas viagens de conhecimento da realidade amazônica alguns anos atrás. Ele quase chega a dizer: "Esqueçam o que vi nas viagens de campanha nos bons tempos de populismo..."

O presidente acaba de criar por decreto, ou coisa parecida, mais uma secretaria, dividindo o Ibama. Tudo porque este, que já não é grande coisa no cuidado com o meio ambiente, tem tentado cumprir leis brasileiras, impedindo construções irresponsáveis de hidrelétricas no rio Madeira em Rondônia.

Também o Ibama tem sido um entrave para as empresas madeireiras, que devoram a floresta amazônica mais rápido que as formigas saúvas devoram roças. Como o governo está determinado, custe o que custar, a construir 10 mega hidrelétricas na Amazônia nos próximos 10 anos, entre as quais uma em São Luiz do Tapajós, e como o Ibama, apesar de sua ineficiência, tem sido mais racional nas exigências da lei ambiental, então o governo Lula manda a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, demitir todos os funcionários graduados que atrapalhavam as ordens do novo imperador.

Entre os demitidos está o próprio presidente do Ibama, Marcus Barros.

O que causa mais tristeza é ver a amazônida Marina Silva, com um passado tão honrado, se submeter humilhantemente às ordens do presidente-imperador. A troco de quê? Pelo amor de Deus?! Ela simpelsmente cumpriu ordens e mandou embora seus melhores auxiliares.

Dividiram o Ibama, que já era fraco e agora se tornará um cabide de emprego, apenas para perseguir pequenos agricultores que precisarão de licença do órgão para queimar duas tarefas de matas para roçados, ou prender artesãos que utilizam penas de galinha na confecção de artesanato.

Uma nova secretaria está sendo criada só para aprovar desejos e interesses do presidente e seus credores, em matéria de hidrelétricas na Amazônia e coisas semelhantes que sirvam para o tal PAC.

Pode, uma coisa dessas? As grandes empresas agradecem penhoradamente e a Amazônia que continue a ser colônia saqueada, tendo alguns de seus habitantes ainda batendo palmas para o crescimento econômico de multinacionais e empresas de fora.

Até que um dia o caldo esteja derramado e venham dizer que houve um erro de cálculo, mas salvou o Brasil de novos apagões. Qual Brasil?

Comentários

Anônimo disse…
Edilberto, me parece que essa sua posição esteja ditada pela pressa.
A leitura não pode ser feita só em relação as obras do PAC na Amazônia. Tem muito mais no caldeirão que tem que ser analisado.
O MMA precisava urgente de mudanças. Fazia anos que estava-se só discutindo e nada acontecia.
O IBAMA, órgão paraplégico desde seu surgimento necessitava com urgência de reformulação.
Ainda não dá para dizer se os rumos das mudanças estão certos. Mas com certeza elas precisam acontecer.


Tiberio Alloggio
Anônimo disse…
Tal PAC? Padre, o sr. está passando dos limites! O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, se implementado, trará inegáveis benefícios sociais. Atualmente o crescimento do país é pífio, não atende aos reclamos da sociedade brasileira.

O sr. está seguro contra o desemprego, é pago pelo Vaticano, não tem família para sustentar e reside na casa paroquial.
E nós, como ficamos?

Proponho-lhe o seguinte dilema:

O sr. é mais brasileiro do que vaticanense ou mais vaticanense do que brasileiro? Responda rápido.

José Araújo