Juruti, audiência pública e evolução



Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje

Eis uma questão relevante: as riquezas da Amazônia devem ou não ser liberadas para qualquer empresa tirar, levar para fora sem partilha de 50% dos lucros? Se deixa aqui apenas os buracos, os impactos negativos e uma migalha chamada royalties, isso não é problema? As riquezas que a natureza deu à Amazônia - água, minérios, florestas, biodiversidade - são para serem retiradas e levadas para fora a troco de nada ou quase nada?

São questões como estas que justificam mais uma audiência pública que vai ocorrer na cidade de Juruti nestes dias. Um estudo feito pelo Ministério Publico Estadual revela com pesquisa técnica o que a olho nu atento bem se pode ver. Dezenas de graves impactos negativos estão acontecendo na terra, nas águas e na população local.

A multinacional tem pressa em cavar a terra, abrir uma ferrovia, construir um porto à margem do rio Amazonas para faturar milhões de reais com o menor custo possível, e não importa o que vai custar para o município de Juruti e a Amazônia. Tudo exatamente como outras empresas têm feito aqui na região e ainda se fazem de vítimas perseguidas pelo Ministério Público.

Dessa vez, possivelmente a população de Juruti já participe de modo diferente da audiência pública. Na primeira que houve um tempo atrás, comerciantes, políticos e grande número de pessoas cegas e iludidas com promessas da multinacional só gritavam em defesa da exploração da bauxita, e até criticavam e vaiavam os grupos mais esclarecidos que eram contra o saque da região.

Porém, em pouco tempo a população começou a perceber que as promessas eram todas de "malandro sedutor". Por isso, nesta nova audiência pública, a empresa multinacional provavelmente terá mais dificuldade de vender gato por coelho. Vários grupos no município começam a gritar: "Povo unido jamais será vencido!".

Até os gritavam em favor da multinacional norte-americana hoje percebem que os malefícios são cem vezes maiores do que as migalhas que lhes são oferecidas. Pode ser uma evolução da espécie humana na Amazônia.

Comentários

Anônimo disse…
A fonte da Preguiça coletiva...

Muito bem padre edilberto, muito justo o seu comentário a respeito de quanto a alcoa deve deixar por aqui. 50% nada mais justo, metá-metá.
É o famoso contrato Caracu, mas neste caso só um dos negociantes entra com os dois lados. E dêem-se por satisfeitos.
Acho que poderia expandir o conceito pra todas as áreas. Já que somos de juruti, devemos cruzar os braços e esperar nosso direito de obter os lucros da exploração da bauxita pelo simples fato de ser de juruti. Nós não vamos pagar nada, só receber o aluguel... quem diria que um marxista está pregando o cúmulo da especulação capitalista hein!?
Como é bom nos basearmos em outros países que adotaram o mesmo método. Notem que todos os países ditos desenvolvidos esperaram por séculos que empresas de fora fossem visita-los para pedir o famoso metá-metá. Foi muito simples, nada de trabalho, nada de esforço, nada de méritos por inovação, nada de desenvolvimento tecnológico. O segredo é esperar receber os 50%. BRAVO!

Começe a pregar que é bonito tdos os jovens de classe média virarem playboys, exigindo gordas mesadas dos seus pais pelo simples fato de serem seus filhos, afinal de contas, pra que trabalhar se tem alguem que pode te sustentar? Ninguém pediu pra nascer não é mesmo? Já que demos a sorte de nascer em um país cheio de riquesas, vamos aluga-lo pra não ter que fazer nada e levar 50% da bolada. SHOW!

Obrigado por ratificar o senso geral de que o amazônida é vagabundo e preguiçoso e tudo o que quer é ficar bebendo cachaça, dançando calypso e esperando alguem saciar a sua fome enquanto senta sobre jazidas de todos os metais e minerais conhecidos.

Viva a vagabundagem! Viva a mendicância, viva a espera por migalhas, viva a preguiça geral!


Jackson
Anônimo disse…
SIM,padre,como é bom estar de bem com a vida,teus passeios sempre pra terra ou País,que leva a nossa bauxita,será que teras coragem em fazer momimentos aí em santarém para não construir a fabrica desse minerio que poderia estar aqui em juruti,lembra,quando a tual prefeita aí de stm,queria chegar ao poder que era contra a CARGIL,porque naõ continua em ser,porque agora é a prefeita,poisbem,e o padre o que faz a viver dos dinheiros dos mais pobres ou é financiado no exterior para fazer esse radicalismo,na tua cara aí em stm acabaram com esse igarape para fazer essa ponte que não enfluencia em nada,será que estas com dor de cotuvelo porque temos essa riqueza e vamos ter um verdadeiro desenvolvimento sustentavel e um progresso inagualavel,são 53.000,000,00 só em im ano e meio,eagora cara vamos será comer PEDRA.
Anônimo disse…
Existem, aqueles que são compenetrados de natureza radical, aqueles que não aceitam as transformações e aqueles que preferem retornar a caverna.

É preciso ter flexibilidade, não podemos fechar as portas, para o capital externo (assim como diversos outros fazem dentro de nosso país), ele é o motor que impulsiona o nosso desenvolvimento.

Esses projetos, tem que ter o acompanhamento da União, temos que
cobrar da á União á fiscalização, na implantação, na manutenção, na expansão e na expedição.

Temos que exigir que há legislação seja observada, o resto e conversa fiada.

gtlimaam@ig.com.br
Anônimo disse…
Houve o tempo em que a esquerda socialista defendia o trabalho, defendia os interesses dos trabalhadores e a necessidade de mais direitos e melhores condições de trabalho.
O que é absolutamente alucinante é que o Padre edilberto, que se considera "socialista" luta para não haver nem a existência de trabalho, pelo contrário, prega o não trabalho e a dependência especulativa do "aluguel" da bauxita.
Em nenhum momento dos seus textos panfeltários o padre defende a necessidade de termos trabalho e renda ou que o trabalho seja a origem da dignidade humana. Nunca propôs, por exemplo, a criação de empressas cooperativas de pequenos produtores para competir em nenhum mercado. O trabalho é visto como um mal a ser evitado já que alguém ousou mexer no que guardavamos debaixo da terra. A justificativa constante e mediocre de considerar os ignorantes e desleixados moradores das cidades como "coitados" e "vítimas" é típica de quem não consegue enxergar que Juruti não mudaria seu estado decrepto nos próximos 2 mil anos sem uma alternativa econômica como esta que se apresenta. Hoje, dia 02 de maio, um dia depois do dia internacional do trabalho é bom nos perguntarmos, afinal de contas, a quem interessa a luta do Padre Edilberto? Não quer trabalho, quer simplesmente 50% do que a empresa que explorará a bauxita produzir. Quer ganahr sem fazer nenhum esforço, nenhuma contrapartida pública, nenhuma contribuição com força de trabalho do povo, simplesmente 50% de brinde. A quem interessa isso? Em que lugar deste mundo isto acontece? Mesmo que este delírio aconteça, receber sem trabalhar 50% do que é gerado por uma empresa fará bem à já preguiçosa e alcoolatra população ociosa daquela cidade?

Que socialismo é esse Padre? Que interesse dos trabalhadores estão sendo defendidos? Que luta louca é essa? Como pode alguém que é funcionário de uma multinacional criticar outra? Não esqueça que sois funcionário de uma grande multinacional do vaticano que vive basicamente do seu grande banco (um dos que mais lava dinheiro no mundo) depois de surrupiar sem deixar nem 1% as riquezas dos países por onde passou.
Quer ser coerente? Saia da igreja católica e lute individualmente como político pois ninguém consegue ver a mínima coerência em suas palavras.


Ernesto Salgado