Poesia

Não minto, não blasono

No lombo do ventão macho,
Pus vela, de manhãzinha,
De um Boto ouvi o esculacho,
Atravessei o riozão,
Fiz pular a canoinha,
No meio do banzerão!...

Não me digas, tu blasonas:
Segurei o Amazonas,
Ali no ventre da foz!
Com a outra mão vazia,
Eternizei o meu dia,
Agarrando o Tapajós!...

Não quero humilhar ninguém,
Mas, ao sopro do "geral",
Defronte de Santarém,
De bulbúia, na canoa,
- Desculpe, se lhe fiz mal:
Bebi dois rios, lá na proa!...

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De Emir Bemerguy, poeta santareno. Escrito pelo autor em agosto de 1987. Mais tarde, o cantor e compositor santareno Beto Paixão fez uma música para essa obra.

Comentários

Anônimo disse…
Inacreditável!!!
Que plágio mais descarado, esse do Emir.
A frase "Não me digas, tu blasonas" é autêntico plágio da letra da "Canção de Minha Saudade", de autoria de Wilmar Fonseca (letra) e Wilson Fonseca (música), composta em 1949.
Plágio proposital, pois o Emir não poderia desconhecer isso.
Lamentável, meu poetinha menor...
Anônimo disse…
Os piores venenos estão nas menores víboras. Por isso só poderia vir do anonimato agressão tão desleal a um homem que em 74 anos nunca agiu desonestamente e que assinou tudo que escreveu e compôs, não somente com o nome, mas com a própria vida.

Se não respeita os outros por sua vida honrada, faça-o, ao menos, por sua idade. Uma alma tão pequena é incapaz de compreender o grau de amizade que existiu entre meu pai e a família Fonseca, em centenas de textos, poemas e composições. Procuras saber como se caracteriza um plágio antes de atacar homens de bem.

Quanto ao tamanho que meu pai representa pra ti como poeta, ao defini-lo de “poetinha menor”, saibas que neste mundo nunca procurou glórias ou escreveu qualquer linha com o intuito de ser grande, recusando-se, inclusive, mesmo com muita insistência de amigos, a fazer parte da Academia Santarena de Letras. Suas poesias foram feitas para sua terra, sua família e sua Fé, apenas isso.

Seguindo na tua ironia de “poetinha”, lembro dele, Vinícios de Moraes, o grande poetinha, que tem no Soneto de Fidelidade, uma de suas grandes marcas. Saibas que a parte final deste espetacular soneto, “Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure", foi tirada de um poema francês de Henri Régnier, publicado em 1916, que termina assim: "L’amour est éternel... oui, tant qu’il dure...".
Por sua saúde frágil, peço a Deus que meu pai não saiba que alguém lhe acusa de algo tão baixo.

Para encerrar, peço permissão ao Jeso para colocar aqui, algo que escrevi, coincidentemente, na última sexta-feira, quando um velho amigo de meu pai me abordou dentro de um barco para me falar, entre tantas coisas, que “conhecia tanto o Emir que sabia as duas coisas que mais gostava na vida: fazer versos e pescar. Ao me deixar, senti vontade de escrever o que penso sobre esta opinião do amigo. Não me preocupei com formas ou métricas, apenas escrevi, emocionado o que me veio ao coração. Sequer mostrei isso a ele, pois cheguei ontem e não estivemos juntos ainda.

Meu Pai

O que mais lhe agrada a alma, o coração ?
O que diriam os amigos, qual sua visão ?
A poesia !
Os mais apressados, certamente dirão
Mais de seissentos poemas
Lhe brotaram da inspiração
Mas não é isso não
Lhe garanto, meu irmão.
As pescarias!
Outra boa opção
Pois nos rios da Amazônia
Só não pescou tubarão
Lógicas escolhas, teriam alguma razão
Entre labutas difíceis, na busca do pão
Era nos rios, nos lagos
Ou com a pena na mão
Que lhe voltavam as forças, a disposição
Pescar ou criar versos em profusão
Lhe fazem bem à alma, não está em questão
Nós, no entanto, filhos, netos, mamãe
Bem sabemos de outra, esta, a grande opção
O que mais lhe caracteriza a vida
É muito mais grandioso, sem comparação
Sua maior alegria, agora lhe digo, então
É ser pai de família, ser honesto e cristão,
Pois isso ele faz todo dia
Com o auxílio da Virgem Maria,
A Senhora da Conceição
Anônimo disse…
Quero prestar minha solidariedade ao dr. Emir e fazer coro ao meu amigo Lúcio, sobre o infeliz comentário do anônimo.
A parte do texto que foi usada é claramente uma homenagem e não um plágio barato como quis fazer crer o anônimo.
Parabéns pela bela poesia, dr. Emir.
Floriano Cunha
Anônimo disse…
Poder até podemos, mas não devemos achincalhar com os filhos mais caros de nossa terra querida. Que, aliás, não são poucos e a cada dia florescem novas crias. Temos o direito de não gostar, de discordar e de nem ler, mas não devemos diminuir ou menosprezar os santaremos ilustres, que tanto contribuiram para o engrandecimento desse chão.
Anderson Dezincourt.
Anônimo disse…
Caro Lúcio:

Sendo filho de um grande amigo de seu pai, gostaria de neste momento ser solídário contigo. Isso é reflexo de uma sociedade sem educação, de pessoas que não compreendem que os poetas são os agricultores que produzem alimentos para as nossas almas. Aproveitando o momento de reflexão trazido pela Semana Santa, entendo ser o perdão a melhor forma de responder a este ato grosseiro e de pura infelicidade.

Fraternal abraço

Podalyro Neto
Anônimo disse…
SÓ MINTO, SÓ BLASONO
(ou “Como fazer um plágio”)
Autor: Chico Mentiroso

Na costa da ventania,
Pus remo, de tardinha,
De um Jacaré ouvi valentia,
Atravessei o igarapé,
Fiz pular a barquinha,
No meio dessa maré!...

Não me digas, tu blasonas:
Dominei o Amazonas,
Bem pertinho lá da foz!
Com a outra mão eu fazia
A proeza do meu dia,
Dando nó no Tapajós!...

Não sou de humilhar ninguém,
Mas, aquele vendaval,
Que soprava em Santarém
Maltratou minha canoa.
Em resposta não fiz mal:
Fiz o plágio, como o Emir, lá na proa!...
Anônimo disse…
Ô Jeso, dá um destaque pra essa poesia do Chico Mentiroso, vai. Ela merece. Sem blasonas...
Anônimo disse…
BLASONO, SOMENTE MINTO - RÉPLICA
(ou “Como fazer um plágio às avessas em poeminha moderninho”)
Autor: Xico Mimoso

Ventania na costa (ué),
De tardinha. Remo pus,
Valentia ouvi de um Jacaré,
O igarapé atravessei (Jesus!),
A barquinha fiz pular (ié, ié),
Na maré desse meio! (sus...)

Tu blasonas, não me digas:
O Amazonas dominei,
Lá na foz, bem pertinho! (sigas...)
Eu fazia com a outra mão (bem sei)
Do meu dia a proeza (ó...),
No Tapajós dando nó!...

De humilhar... não sou ninguém (será?),
Aquele vendaval... mas... (ora, ora)
Em Santarém soprava (olará);
Minha canoa maltratou (que saco).
Fiz mal não... em resposta (no buraco que se fez):
Como o Emir, lá na proa fiz o plágio! (outra vez)...

P.S.: eu também espero o destaque...