Dedo-duro

Do leitor que se assina Eleitor indignado, sobre o post Tambaqui, defeso e ética, da lavra do padre Edilberto Sena:

Com todo respeito, mas exigir do cidadão comum denuciar é dedurismo, reverendo, abominável em qualquer sociedade decente, até porque não precisa, pois os peixes estão expostos em todos os box's do mercado.

Hoje mesmo tinha CURIMANTÃ E PIRARUCU aos montes no Mercadão 2000, a pouco mais de 100 metros do Ibama. Nao precisa lhe ensinar como devemos fazer uma denúncia correta. Isso pode "cambar" para denúncia anônima que é tão imoral e perigosa quanto os crimes citados pelo senhor em suas sempre pertinentes colocações.

Hoje, eu peguntei ao vendedor se a "CURIMATÃ" não estava no período do defeso. Sabe o que ele me respondeu? "Essas foram pescadas antes da proibição".

A coisa anda perigosa, padre, a sociedade pode perder a moral de exigir algo correto de alguém, quando elege governantes e parlamentares da estirpe dos que foram eleitos neste Estado e no País nas ultimas eleições.

É, vamos ficar por aqui.. Mais uma vez, os meus respeitos e PAZ E BEM.

Comentários

Anônimo disse…
O "eleitor indignado" dá a entender que o cidadão não tem deveres, só direitos. Em um outro comentário ha algum tempo criticou o serviço de denúncias anônimas telefônicas para a polícia.
Ora, se o cidadão não tiver plena consciência de que faz parte da sociedade e que denunciar aos órgãos competentes quando presencia algum crime ser cometido é dedodurismo, que tipo de sociedade viveremos? Ou uma completamente anárquica ou uma apática, como a que vivemos hoje.
Se mantivermos a sua lógica, devemos jogar papel no chão pois já que existe gari pra limpar, não é problema seu se jogar. Cada um faz o que quer e o que bem entender e niguém reclama de um som alto num barco de linha, de comer carne estragada, de andar em ônibus velho e sem horário... tudo pra não ter que se incomodar pois a culpa é sempre dos políticos e não sua.


Países desenvolvidos são assim conhecidos porque seus cidadãos não só exigem direitos do estado de forma plena mas principalmente por cumprirem com seus deveres cívicos, começando pelos mais simples e que envolvem a própria comunidade de convívio, e não estou falando de marchar no 7 de setembro.

Se um dia quisermos ser chamados de país de primeiro mundo, comece já a reclamar do seu vizinho que joga lixo na rua, que bate na mulher, que não arruma a calçada da frente da casa, que ouve som alto, do vereador que passeia em carro público pra cima e pra baixo e nada faz pra melhorar a cidade, do prefeito que gasta mais em supérfulos do que em obras públicas...

ahh, mas assim vou ser chamado de chato... bom, se quiser que as coisas mudem, alguém tem que ser chato e dedo-duro. Se não quiser mudar, volte no mercado, compre seu peixe tranquilamente e volte de ônibus ouvindo calypso nas alturas.

Obs.: não esqueça de jogar o papel do picolé pela janela do ônibus.
Anônimo disse…
Nuranda,
Eu escreví sobre dedurismo, ou seja, denúncia anônima.
Se você nao entendeu ou quiz fazer disso um palco ou palanque virtual, paciencia camarada. Você gosta de retórica vasia que nao leva a lugar nehum.Esse não é o meu negocio.
O Padre Edilberto dirige uma das mais ouvidas emissoras de rádio da Amazonia, esse sim um canal de denúcia, manda lá um reporter, constata, informa, tudo de forma publica e transparente e com legitimidade.
Foi prática comum Nuranda, nas ditaduras, os inquisidores colocar palavra na boca dos torturados de acôrdo com suas conveniencias, você parece estar com saudade disso.

Eleitor indignado.
Anônimo disse…
Mas é exatamente disso que to falando mesmo. Denúncias anônimas não são condenações nem fofocas, são um mecanismo de induzir o cidadão a participar, sem medo de represálias, do processo de organização e cumprimento das leis de uma sociedade.

Se vês um crime ser cometido, seja ele grave ou "leve" como vender peixe ilegal, tens a obrigação de denunciar. A omissão é o primeiro passo da impunidade e da manutenção do estado caótico que vivemos. É teu dever de cidadão denunciar. Se não queres te expor, nem correr riscos desnecessários e ao mesmo tempo contribuir para a manutenção da ordem pública, qual o problema de criar, por exemplo um serviço de denúncias anônimas no IBAMA? Não passas por dedo-duro, ficas com a consciência tranquila por ter feito o que é correto, o estado poderá agir de forma mais eficiente e as denúncias falsas e mentirosas serão naturalmente investigadas e desmascaradas. O que dá a entender é que há medo de que se investigue e se puna quem está irregular. Quem não deve...

Não podemos depender só do Padre Edilberto que já faz naturalmente um bom trabalho como meio de comunicação, nem dele, nem de patrulhão, rota 5, greenpeace ou qualquer outro meio de alerta e divulgação de problemas.

Enquanto o nosso povo não estiver plenamente consciente dos seus deveres de cidadão onde cada um deve vigiar e zelar por parte da sociedade e não ter que esperar alguém da mídia ou do governo fazer, continuaremos dependentes e passivos. Seremos meros observadores dos tortos caminhos que enveredamos, mudos surdos e cegos.

A participação da sociedade civil nas tomadas de decisão e controle do ambiente onde vive NÃO são características de ditaduras e sim das democracias mais avançadas do mundo.

Se achas que denúncias feitas pelo cidadão comum equivalem a instrumentos de tortura e práticas de carrascos inquisitores é porque não tem a menor consciência de cidadania e civismo.

Quem deve ter saudade de ditadura é o cidadão que espera que o estado faça tudo por ele, sem ter que se incomodar em fazer o seu papel. Não sei se é de seu conhecimento que a palavra democracia significa PODER do POVO, e todos que tem poder nas mãos devem ter, acima de tudo, responsabilidade e deveres a cumprir.