Ainda falta o grito da indignação




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

Até quando a Amazônia vai ser o saco cheio de riquezas de onde o sul e o estrangeiro tiram o que podem e nada deixam? Até quando os 20 milhões de amazônidas vão ser ignorados pelos governos centrais e pelo capitalismo internacional?

"A Amazônia é dos brasileiros"... de quais brasileiros? O ouro do Tapajós, o ferro de Carajás, a bauxita do Pará (Trombetas, Juruti, Paragominas, etc), a madeira da floresta, as dez hidrelétricas planejadas para serem construídas na Amazônia, incluive a de São Luiz do Tapajós, e agora, além do calcário de Monte Alegre e Itaituba, chega a notícia de que estão explorando mais um minério na calha do Tapajós, a gipsita.

A coisa está acontecendo na estrada Transforlândia, sem que a população seja avisada, sem se saber quem deu licença e quanto será pago às comunidades por serem donas ou posseiras das terras. Não se venha com a conversa de que o subsolo não pertence ao posseiro, mas à nação, qual nação?

Esta história de lei do subsolo é mais uma perversidade legal feita pelos donos do país, para saquear a Amazônia, sem serem impedidos. A populção local se inquieta com as explosões de dinamites, por causa do risco de vida. E o risco da miséria que chegará com a exploração do minério? Isso a população nem se incomoda, porque sempre foi assim.

Agora é só pensar: se de cada tonelada de minério que sai da região, de cada metro cúbico de madeira retirado da mata, se fossem deixados 20% de imposto para a comunidade, além da mixaria que fica para o governo do Estado através da lei Kandir.

E esse recurso fosse dirigido para contruir hospitais, escolas, salários dignos de prefessores, estradas asfaltadas, empregos diretos, etc seria luxo? seria demais? Basta lembrar que uma das mineradoras tirou limpo em 2005 um lucro de 470 milhões de reais aqui na região. Para onde foi esse dineheiro?

Parte da população de Forlândia deu o grito de medo por causa das dinamites. Falta agora o grito de indignação pelo saque. Só quando as populações gritarem unidas e organizadas será possível pararem as dinamites cladestinas, e os saques de milhões de toneladas de minério e outras riquezas da Amazônia.

O Ministério Público Federal já ouviu o grito da populção da Transforlândia. É preciso que outros gritos solidários ecoem para que autoridades de uma forma ou de outra passem a respeitar o povo e a região. Certamente outros assaltos e saques estão ocorrendo na Amazônia. Ficar conformados? Acovardados?

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