Padres loucos, muito loucos!




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:

Em 1943, quatro jovens frades franciscanos na América do Norte partiram para um lugar distante e desconhecido para eles. Vieram de navio para um lugar incrustrado na floresta amazônica, Santarém. Um deles era frei Tiago Ryan.

Era tempo de plena 2a. Guerra Mundial. O que levou aqueles quatro voluntários a tal aventura? Parentes e amigos diziam que eram quatro loucos, numa aventura perigosa. Amazônia? Inferno Verde? Impaludismo? Como explicar tal loucura?

Os tempos passaram, Tiago se tornou patrimônio moral e educativo do Baixo Amazonas e aqui está sepultado. O grupo de frades cresceu, vários jovens brasileiros aderiram ao ideal daqueles quatro loucos que seguiam o ideal de outro louco, Francisco de Assis, que por seu turno, seguia outro louco da história, Jesus Cristo.

E assim continua hoje. Ontem, dois jovens caboclos foram ordenados padres em Santarém, seguindo os ideais de Francisco de Assis. Dois jovens, um mais louco que outro. Nos próximos dias, o mais louco dos dois segue para Israel, um inferno que não é verde: é vermelho de sangue de guerra. O frei vai morar na terra onde Jesus Cristo nasceu, viveu e morreu assassinado. Hoje em plena guerra perversa (e qual guerra não é perversa?) contra os palestinos e libaneses.

Como explicar essa decisão do jovem caboclo, ordenado padre na Amazônia, partindo para uma região tão perigosa, onde bombas explodem subitamente em qualquer lugar? Loucura? Pode ser, como foi a de Tiago Ryan anos atrás. A loucura da fé cristã, que impulsiona misteriosamente pessoas a arriscarem a vida por amor aos outros.

A Custódia Franciscana de São Benedito da Amazônia, com sede em Santarém, está feliz, por causa dos dois novos frades-padres loucos, um mais do que o outro. E tem razão. É com pessoas assim que o mundo pode ser transformado. Que cheguem outros loucos e loucas deste nível.

Parabéns franciscanos!

Comentários

Anônimo disse…
Imagine alguém que acaba de ingressar em uma corporação multinacional é obrigado para permanecer e crescer em sua hierarquia a não ter família, não ter filhos, não ter relações sexuais e não ter nenhuma ambição na vida a não ser seguir um ritual em templos cada vez mais vazios.

Agora imagine que este mesmo alguém é jovem, no auge de seus hormônios e vê que os próximos anos de sua existência se resumirão a uma vida sem grandes emoções (tirando algumas ameaças de morte aqui e ali exatamente por se desviar do seu objetivo inicial de encaminhar almas para o além e enveredar na dura realidade material humana), confinado em alguma paróquia perdida nos confins da amazônia (ou Ohio), repetindo o mesmo cerimonial 7 dias por semana, 365 dias do ano, por 40 ou 50 anos, no final das tardes quentes (ou gélidas), em pequenos templos...e...Sem sexo! um pouco de vinho talvez, mas sem sexo (sic).

De repente uma viagem para o oriente médio com tudo pago pela corporação romana multinacional e a possibilidade de emoções e adrenalina seja mais do que uma vocação, talvez seja a salvação de uma vida dedicada a redenção de almas que nem sabem se desejam ser salvas ou não.

Já que o Sr. perguntou, é apenas uma hipótese para tentar explicar a ida de um jovem padre para o oriente médio. Sem ofensas.
Anônimo disse…
Loucura da fé cristã?


Se fossem loucos mesmo iriam pro Líbano. Israel é um dos países mais seguros do mundo. É muito mais seguro que São Paulo ou Rio de Janeiro. Tem um dos exércitos e sistema de defesa (com mais de 20 ogivas nucleares) mais avançados do mundo.
Sem contar o apoio incondicional do "grande demônio" americano.

Dom Tiago e os irmãos que vieram fundar colégios em Santarém deixaramuma contribuição valiosíssima para a cidade e merecem ser parabenizados e homenageados constantemente por isso. Por mais religiosa que tenha sido a intenção, trouxeram benefícios indubitáveis para a nossa sociedade como um todo. Santarém deve MUITO a todas as congregações religiosas que substituiram o estado fornecendo educação de qualidade. Não foi um ato de loucura e sim uma missão concreta.

Quem sabe a "loucura da fé cristã que impulsiona misteriosamente pessoas a arriscarem a vida" não tenha a mesma origem daqueles que se explodem e matam em nome Dele.
Anônimo disse…
Tem gente que escolhe o que quer ser na vida. Inclusive renunciando aos prazeres do corpo e da carne; as vantegens e desvantagens de uma vida que você define como obvia.
Que gosta em se dedicar naquilo que realmente gosta, que não necessariamente tem de ser, o que você Nuranda, gosta.
Anônimo disse…
Eu também acho que as escolhas de nossas vidas são nossas e também dependem das circunstâncias aleatórias ambientais. Apesar de alguns considerarem isso como obra do Destino, Karma, missão, desígnios... Não concordo mas respeito incondicionalmente.

Não lembro de ter definido nada como óbvio, muito menos se eu gostava ou não. Não cabe a mim julgar as escolhas de ninguém que não as minhas. Cada vida tem suas aventuras, em maior ou menor nível.

O que estava em questão eram os MOTIVOS que levavam alguem a sair daqui pra ir pra Israel, que por sinal não é um país tão violento assim. Se formos analizar, São Paulo e Rio de Janeiro são estatísticamente mais violentas que tel-aviv ou haifa, sendo assim, não ha nada de tão heróico assim ... Como eu disse, foi só uma hipótese.
Anônimo disse…
Por favor, cavalheiros, não iniciemos uma guerra santa! O Santo Graal é mais embaixo!
Numa coisa concordo com o padre Edilberto e com Nuranda: os padres são verdadeiros loucos, em viver uma vida perigosa de forma celibatária...
Padre Edilberto, porque o sr. que é o grande rebelde amazônico não inicia uma campanha do tipo "Fora Celibato! o servo do senhor também quer os prazeres da carne!"
Já pensou esse seu colega no muro das lamentações em Tel-Aviv chorando pelo leite não derramado?...

Erectus Dei