"Doce lunático"

Do jornalista Jota Ninos, sobre o post Candidatos da região - Perfil 3, que enfoca o ex-vereador santareno Laudenor Albarado:

Conheci Laudenor Albarado sendo meu professor de português no Rodrigues dos Santos assim que cheguei em Santarém (1978). Espirituoso e com um jeito amalucado, foi conquistando espaços políticos e acabou sendo eleito, em 1984, o primeiro presidente da antiga Assoprosan - Associação dos Professores de Santarém, hoje Sinprosan. Na época, por causa de suas propostas confusas, acabou sendo tirado da presidência na primeira votação, após a criação da entidade sindical.

Mesmo assim continuou com um discurso sem nexo, estilo Raul Seixas misturado com Zé Ramalho. Declarava sempre ser envolvido com a parapsicologia e realmente vivia num mundo além de Santarém... Até meados dos anos 1980, participava de reuniões secretas de um grupo de intelectuais marxistas que se juntavam numa livraria da cidade, até resolver se filiar ao PSB, para concorrer ao seu primeiro mandato eletivo em 1992 quando ficou apenas com a suplência para vereador, mas acabou ganhando como compensação a Secretaria Municipal de Cultura, na administração de Ruy Corrêa, até o prefeito se filiar no PMDB de Jáder.

Foi quando PT e PSB decidiram sair do governo e Laudenor também assinou o documento de renúncia (num momento em que estava fora de si, talvez por uns golezinhos de álcool a mais) fato do qual se arrependeu no dia seguinte, como confidenciou a um amigo comum entre nós.

Desde então teve uma vida de altos e baixos na política: em 1996 foi eleito vereador pelo PSB, apoiando Maria do Carmo (PT); em 1998, se não me falha a memória, tentou uma candidatura a deputado federal, que foi impugnada por falta de documentação; reeleito na campanha seguinte (2000), já pelo PPS, apoiou Benedito Guimarães; em seguida, quase no final do mandato, saiu para o PV e tentou ser deputado estadual em 2002, com expressiva votação, mas ficou apenas na suplência.

Em 2004, perde o comando do PV e não consegue fazer a coligação para garantir sua reeleição a vereador. Agora tenta mais uma candidatura fadada ao fracasso numa das siglas de aluguel mantidas há anos pelo PSDB no Pará. Quem sabe sejá esse o triste fim do doce lunático Laudenor... Albarado?

Comentários

Anônimo disse…
Esse sim é um texto mau carater, não tem certeza de quase nada, mas confirma tudo, como se tivesse a verdade absoluta.
Pobre Ninos, vai morrer velho, amargo e escrivão..heheheheh
Anônimo disse…
Jota, seu texto sobre o perfil desse candidato é bem bolado.
A abordagem romantica que você faz, da trajetoria política do lunático, não censura, a confusão político-ideológica e progetual que sempre caracterizou o ex vereador.
Porém há um lado na crítica que "O maligno" escrotinho faz, na qual tem que concordar. Enfocando as trajetórias das pessoas e dos acontecimento na forma de "como éramos" e dos saudosos belos tempos, vai sim correr o risco de acabar velho, amargo e escrivão.
Jota Ninos disse…
Pô, que pragas me rogam!
Por um lado, morrer velho, seria muito bom. Mas dizem que isso coisa dos sábios e pelo que disse o Escrotinho não é o meu caso, afinal nada afirmo, nada sei...
Quanto a ser amargo, como não sê-lo diante de tantas desesperanças pós-mensalão? Mas se quiserem, posso fingir que está tudo bem e falarei de flores, de doces (principalmente de chocolate, que tanto adoro)...
Agora, terminar como escrivão, isso sim é pior.
Já disse em outra ocasião que me sinto mais um mero "escrevinhador" sem "certeza de nada". Escrivão pretendo que seja uma função temporária. Não sei se de "escrevinhador" conseguirei evoluir pelo menos para um medíocre escritor...
No final, só tenho uma certeza: quero morrer jornalista, defendendo minha liberdade de expressão em escrever como vejo as coisas ao meu redor e poder provocar esse tipo de reação de quem tem razão em dizer estas coisas sobre mim, reforçando o que um grande conterrâneo meu disse há mais de 2.500 anos: "só sei que nada sei"...