Chagas x desmatamento

Do leitor que se assina Fábio, sobre a nota Ministério da Saúde confirma morte por Chagas em Santarém:

(...) A confirmação pelo Ministério da Saúde de 17 casos da doença na região do Planalto Santareno traz à tona um problema de saúde pública, por um lado, pela falta mesmo de controle e de políticas adequadas para prevenir a doença, mas também revela a ligação com uma outra questão: o desmatamento. Não pretendo trazer aqui mais argumentos de quem está desmatando, quem são os culpados, pois acho que as respostas estão aí pra todo mundo ver, mas mostrar como o problema pode nos afetar, inclusive e principalmente na saúde. (...)

Como sabemos, a região do planalto é uma das mais afetadas pelo desmatamento, e nos últimos anos, a floresta tem deixado lugar ao plantio de soja. A vida silvestre sendo alterada, provoca mudanças em todo seu entorno. Quem lembra da onça que quase come um cidadão numa comunidade na região do planalto, pois estava a busca de comida, que não encontrara mais em seu habitat natural? O caso da doença de Chagas, além de uma emergência de saúde pública, deve servir para nos fazer pensar sobre o que estamos fazendo com a nossa floresta e por conseqüência, com nós mesmos.

[Clique aqui], para ler a íntegra do comentário acima.

Comentários

Anônimo disse…
Caro Fábio,

De fato a região do planalto é, das regiões que circumdam a cidade, a mais afetada pelo desmatamento desde muito tempo.

Inegável que as alterações ambientais causam desequilíbrios em inúmeras espécies entre elas o hospedeiro do Trypanosoma cruzi o Triatoma infestans (conhecido no Brasil como barbeiro, chupança, bicho-barbeiro, bicho-de-frade, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, chupão, chupa-pinto, fincão, furão, gaudério, percevejão, percevejo-do-sertão, percevejo-gaudério, procotó, rondão ou vunvum) - fonte: wikipedia. (citei os nomes por acha-los engraçados)

Entretanto, considero um pouco exagerada a comparação direta desses casos do mojuí, especificamente, com o aumento do desmatamento e a expansão da soja. Se formos pensar linearmente, talvez a soja seja até um bloqueador deste vetor tanto por não ser nativa como pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.

Pelo que tenho lido, os casos em questão foram isolados e aparentemente em função de uma preparação acidentalmente desastrosa de bacaba. Tudo indica que o problema foi mais ligado à falta de higiene (problemas na limpeza do equipamento de despolpar a bacaba ou presença do vetor em meio aos frutos) do que um surto causado pelo aumento do número de vetores.

Como uma hipótese, creio que o equipamento ficou o inverno todo sem uso e quando foi reutilizado agora na "época" da bacaba algum barbeiro acabou esquecido e foi esmagado junto das frutas e causou esta tragédia.é apenas uma hipótese.


É preciso cautela para não criar um pânico generalizado baseado em dados infundados. Nem aproveitar a situação para colocar mais um chifre no demônio. Um exemplo recente com o mesmo vetor foi o caso de Santa Catarina onde a moagem do barbeiro junto com cana (o que provavelmente aconteceu em mojuí) causou alguns casos de contaminação e mortes. Milhares de hipóteses foram levantadas, do El niño ao efeito estufa, dos vendedores de rede nordestinos até terrorismo e no final, o que ficou comprovado mesmo foi a falta de condições de higiene.


A sua preocupação é válida e justa, temos mais é qeu cuidar da nossa floresta e fazer com que ela valha o que merece. Mas não podemos cair nas armadilhas da acusação inquisitora e superficial de que todos os nossos males tem origem no "inimigo".

Abraço