Baixa estima nos movimentos socias




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

A sociedade civil organizada, na região Oeste do Pará, vive um momento de altos e baixos em sua força de pressão social. Há situações de avanço e outros de fraqueza. Os poderes públicos se habituaram a só agir a serviço do povo quando sob pressão popular. Mesmo assim, a contragosto.

O caso do asfaltamento da rodovia Curuá-Una é um exemplo. Só com o bloqueio da rodovia o governador do Estado garantiu iniciar o asfaltamento. Até o momento está em marcha lenta e certamente não cumprirá sua palavra.

Outro exemplo dessa falta de respeito do poder público para com a pressão popular é a frustração das 300 famílias que desejam ocupar ordeiramente parte da área ocupada pelo 8º BEC, ao longo da avenida Moaçara. A prefeitura foge do diálogo; quando fala, arranja desculpa e não agiliza o processo. A população vai se cansando da falta de democracia dos que ocupam cargos públicos. Para serem eleitos, adulam a população; depois de eleitos, perdem a sensibilidade democrática.

As organizações da sociedade civil pouco a pouco perdem a força de aglutinação de seus e suas associadas. A recente convocação para um seminário importante feita pelas duas federações de associações, Unecos e Famcos, foi um sinal dessa fragilidade. Convocado o seminário para tratar de um assunto de grande importância, a regularização fundiária urbana, eram esperados uns 100 participantes e só compareceram cerca de 30 interessados.

O que aconteceu? Fraqueza e falta de liderança das duas federações? Descrédito em soluções do poder público? Dá a impressão que a população chega a um ponto de indignação. Na última tentativa de dialogar sobre o serviço de água da cidade, a maioria repudiou a renovação do contrato com a Cosanpa. Tudo indica que, apesar disso, a prefeitura irá contra a vontade popular, de maneira arrogante e prepotente.

Daí, o movimento de baixa estima nas associações populares. As lideranças perdem força e o risco a partir de agora é a ação enérgica da massa popular impulsionada pela indignação e impaciência.

Comentários

Anônimo disse…
Penso que isso é apenas a ponta do Iceberg. Na verdade acho que esses movimentos perderam a vontade de lutar, perderam seus objetivos, estão flutuando no espaço sem direção alguma. Isso é demonstrado na prática. Todos sabem que uma ação vale mais do que teorias na hora de animar alguém a fazer alguma coisa.
Isso é um reflexo da sociedade brasileira, desanimada, que apenas aceita a decisão de uns poucos mesmo que lhe seja prejudicial. Estamos nos acostumando com essa situação cômoda. "Pra que reclamar? Pra que lutar? Isso nunca vai mudar mesmo!".E a vida continua. Bom pro Valério-duto.
Wagner
Brasília - DF
Anônimo disse…
Tomara mesmo que uma "ação enérgica da massa popular impulsionada pela indignação e impaciência" deixe de ser um "risco" e torne-se realidade.
Acho que a população santarena ou está completamente acomodada com a situação em que a cidade se encontra - em total abandono - ou está realmente sem forças para gritar.
Se esse grito sair das gargantas, que possamos gritar também por nossa emancipação! A paciência com o descaso do Estado para com a nossa região está se esgotando também.
Anônimo disse…
Ora Padre, o que esperar de uma prefeitura "popular de esquerda" que gastou R$ 0,00 em habitação? e R$ 40,00 em saneamento.

É preciso cuidado específico nessa área para não se criar mais uma favela. Se ocupar, comecem de uma maneira que permita com que os serviços públicos sejam instalados. Depois fica mais difícil.
Ocupação ordeira não está vinculada a urbanização ordeira.


Essa era a hora da prefeitura por em prática toda a sua política habitacional e implantar com rigor as regras do plano direitor. Se o que eu acabei de escrever não existe nem em papel, é melhor partirmos pra ações mais enérgicas das massas populares e mostrar que esses movimentos não eram político-partidários.

Se são movimentos legítimos e apartidários, façam protestos como se a prefeitura não estivesse ocupada por um governo de """""esquerda""""" (sic,sic,sic). Se é pra subverter, subvertam com vontade, como nos velhos tempos!

O que está parecendo é que os movimentos sociais tradicionalmente ligados aos partidos de esquerda estão completamente perdidos com a chegada de suas bandeiras ao poder. Um misto de incompetência, falta de planejamento, decepção e acomodação com pequenas migalhas.


Não precisamos de mais políticos, precisamos sim de uma sociedade civil organizada e focada nos verdadeiros problemas da nossa cidade. Esses caras são nossos empregados, tem que fazer o que a gente quer, basta saber cobrar!