Ameaças chegam ao Xingu




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

DESTA VEZ a onda de ameaças de morte chegou, mais uma, vez ao Xingu. A cidade de Altamira tornou-se palco de confrontos e, novamente, de um lado se colocam os que defendem o chamado progresso a qualquer custo, e do outro estão os que querem desenvolvimento respeitando a vida e o meio ambiente.

Uns querem a construção da hidrelétrica de Belo Monte, mesmo tendo sido impedida até agora pelo Ministério Público Federal, por ferir as leis da nação. Também, entendidos no assunto provam a sua inviabilidade técnica e econômica. O governo federal, submisso ao capital da Alcoa e do sul do país, insiste em construir a usina de qualquer jeito.

Outros defendem os direitos dos vários povos indígenas da região que terão seu habitat destruído pelo surgimento de barragens. Esses grupos também defendem os direitos dos ribeirinhos que vivem no entorno do grande rio. E aí, no confronto, os primeiros ameaçam lideranças do povo.

HÁ POUCOS dias foi contra uma mulher, líder da luta ambiental; agora, chegam a ameaçar a vida do bispo, dom Erwim.

Isto é, quem quer que se contraponha aos interesses econômicos de grupos passa a ser considerado inimigos, impecilho. O bispo do Xingu, homem comprometido com seu povo e sua missão de pastor, é um destes impecilhos, porque tem força mística, não das armas, nem do dinheiro, nem da política, menos ainda da traição. Tem a força da ética, da solidarieade com os pobres e sua fé em Deus. Não um Deus qualquer, mas o que liberta seu povo.

Querem eliminar o bispo, como já eliminaram a Irmã Doroty.O interesse capitalista não tem ética, tem fome de lucros. O próprio governo insiste em fazer o jogo do capitalismo, com a hidrelétrica e põe em risco as vidas, humanas, da floresta, do rio e dos que não se conformam com tais decisões.

PORÉM, se a população do Xingu continuar firme e unida a desgraça da usina de Belo Monte não acontecerá e a vida do bispo será preservada.

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