"Não se intimidem"

Do professor Baldino Vasconcelos:

Caro Jeso, sou frequentador assíduo do teu blog. Antes não me manifestei a respeito dos assuntos tratados e nem me manifestei sobre os comentaristas que participam do blog. Desta vez não deu prá ficar de fora. E se não me manifestei não foi por acomodação ou alienação. Tu sabes que ministro cursos e palestras nas comunidades e é lá que dou o meu recado. Já vi essas "coisas" acontecerem em outros lugares do Brasil e de outros países.

Mas vamos ao que interessa. Desde que cheguei aqui, após uma longa ausência, estou tentando reaprender a conviver nessa cidade onde nasci, cresci, e onde me encontrei pela primeira vez com outras pessoas. Me interesso, sim, pelo progresso e crescimento da cidade e região. E como há. Perguntam-me quais as perspectivas para os jovens, principalmente, e digo que é a do desemprego, de um futuro incerto. Sobre indústria: sim, há a indústria do crime, da violência, da injustiça. Essas são as benesses criadas pelo sistema econômico neoliberal.


Essas manifestações recentes do Greenpeace não aconteceram nem acontecem somente aqui. De multinacionais como a Cargill, há muitas outras na Amazônia, e esses ignorantes não dizem nada. Ou pensam que a Vale do Rio Doce é nacional? Nunca ouviram falar da US Steel Co.? E as multinacionais do alumínio? Da madeira? Para saberem mais, sugiro, entre outros livros, As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano.

Para não me estender mais, digo aos padres ameaçados que o martírio é a recompensa para aqueles que lutam ao lado dos menos favorecidos, dos excluídos. Não se intimidem não. Vocês conhecem as exigências do Mestre. Vocês sabem dos reais motivos que os impulsionam. Portanto, bola prá frente.

Aos jovens necrófilos lhes digo que o mundo é dos biófilos. Não podemos nem devemos nos tornar fratricidas. Sim, há esperança ainda, importa esperar, porque se não esperarmos não captaremos o inesperado quando ele passar.

Comentários

Amig@s,

Lamentamos que esses jovens estejam protagonizando essa situação. Somos também jovens de santarém, que ao contrário dos que compõe essa comunidade do Orkut, queremos mostrar nossas opiniões em favor de um desenvolvimento justo para a amazônia, o meio ambiente e sua gente.

Queremos ressaltar que existe muitos jovens envolvidos em movimentos sociais na nossa cidade e ao contrário desses, estamos estudando, nos informando para participar de forma adequada nesses debates.

Como nós, existem também jovens em outras regiões, inclusive no estado do Mato Grosso, que criticam o modelo do agronegócio não apenas aqui na amazônia, mas lá em seu estado.

Queremos dizer isso para não acabarem colocando novamente a culpa nos jovens, dizendo que somos irresponsáveis, alienados ou outros adjetivos.

Para dar um exemplo, vejam o que escreveram estudantes de Tangará da Serra sobre o agronegócio:

Estudantes do Mato Grosso são contra o Agronegócio.

Na carta que segue, estudantes de Tangará da Serra, Mato Grosso, manifestam sua opinião contrária ao modelo do agronegócio. Um exemplo claro que não é somente a nossa região que sofre com os prejuízos socio-ambientais causados pela soja, e portanto, não somos somente nós da Amazônia que defendemos um desenvolvimento sustentável.

Também reflete que não podemos simplesmente generalizar de forma preconceituosa que a frente de ocupação predatória na Amazônia é comandada por gente do Mato Grosso e outros estados, pois lá também temos cidadãos e cidadãs que estão lutando contra o mesmo modelo que pretende se estabelecer aqui.

Opinião pública tenta ser manipulada no estado de Mato Grosso com falsas notícias de apoio a movimento do agronegócios.

Carta aberta à sociedade de Mato Grosso

Nós Estudantes da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus
Universitário de Tangará da Serra organizados como Diretório Central dos
Estudantes Dom Pedro Casaldàliga, entidade representativa dos estudantes
deste Campus, aprovamos em Assembléia Geral dos Estudantes realizada no dia
29 de maio de 2006 que:


Repudiamos as informações vinculadas por mais de dois dias nos meios de
comunicação local e estadual, repassando que a universidade - UNEMAT, estava
paralisada por dois dias apoiando o movimento do agronegócio, e nada foi
feito para corrigir esta falha.

Somos contra este modelo de Agricultura, o Agronegócio, pois este modelo
contribui para a degradação ambiental; derramamento incontrolável de
produtos químicos e incorporação de insumos sintéticos; poluição de nossos
rios; uso irracional dos solos; desmatamento e queimadas da nossa floresta
Amazônica, Cerrado e Pantanal; perda da biodiversidade da fauna e flora,
pois visa a alta produção agrícola e não a ideal;

Estima-se que a dívida dos latifundiários do agronegócio - roladas desde a
década de 1980 - atinja hoje R$ 30 bilhões, com uma taxa de inadimplência em
torno de 90%. Em 1998, por exemplo, algumas dívidas foram renegociadas para
pagamento em parcelas anuais, até o ano de 2025. Já entre os pequenos
produtores e assentados, os atrasos no pagamento são inferiores a 2%.

A falácia do chamado "desenvolvimento fantástico do agronegócio" é
facilmente desmascarada também quando observa-se a tremenda queda nas vendas
de máquinas agrícolas no Brasil nos últimos anos. Os números são da
Associação Nacional dos Fabricantes de Máquinas Agrícolas (Anfavea). Em
1976, foram compradas 80.215 unidades no país. Em 2000, 24.291 unidades,
enquanto em 2005 o número despencou para 17.729 unidades. Pelos dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último censo, as
fazendas com mais de 2 mil hectares tinham em seu patrimônio apenas 35 mil
tratores, as pequenas propriedades, com menos de 200 hectares tinham mais de
500 mil.

Nesse sentido somos a favor da VIDA, de uma agricultura
agroecológica, do arroz, do feijão, da mandioca, do frango, das olerícolas,
do café, das frutas, todos esses produtos oriundos da agricultura familiar
ou pequena agricultura, e não comemos soja todo dia, pois esta soja é para
alimentar bovinos na Europa e que estão sendo boicotadas porque estes países
não aceitam soja transgênica.


Por isso não podemos ficar a mercê e sofrendo conseqüência que é
de uma burguesia elitizada, assim reafirmamos os nossos compromissos e
apoiamos os movimentos sociais como, o Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra - MST, Via Campesina, Conselho Indigenista Missionário - CIMI,
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA, Comissão da Pastoral da Terra -
CPT, Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB, que trazem
consigo a luta de uma nova proposta de vida, que incluem todos e todas no
processo de transformação da sociedade urbana e rural .

DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTESDOM PEDRO CASALDÀLIGA "Nossas vidas valem pelas causas que vivemos" Dom Pedro Casaldàliga
Gestão 2005/2006 - DCE é de luta
Universidade do Estado de Mato
Grosso - UNEMAT / Campus Universitário de Tangará da Serra Rod. MT 358
Km 07. Caixa postal:287 - CEP 78.300-000 Tangará da Serra - MT.
Fone/Fax: (0XX65) 326-6368-Ramal 224-correio eletrônico:
dcedompedro@unemat.br
Anônimo disse…
José Baldino já era tempo de colocar toda tua sensatez em prol da coletividade. Foram provocar o José que bom, to feliz gosto dos comentários do Baldino. sou fã desde a época do Dom Amando, quando ele mandava eu comprar cigarro no cavador da vida, bola pra frente Zé Baldino a cidade precisa de voce.