Agricultura: o estilo Lula de agradar




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:

SOB PRESSÃO de grandes fazendeiros do agronegócio, o governo federal de repente tira do tesouro nacional 30 bilhões de reais a mais, para auxiliar os inadimplentes. Para não dar impressão ruim, libera também 10 bilhões de reais para a agricultura familiar. Esse é o estilo do governo Lula, quer agradar a todos, mas dá o filé aos grandes e um pouco de carne de pescoço aos pequenos.

Como será utilizado todo este recurso em apenas sete meses, não se sabe, isto é, os inadimplentes do agronegócio já sabem como utilizarão e logo; já os pequenos terão as mesmas dificuldades de sempre, quando buscam os Pronafs e FNOs especiais.

Um coisa chama a atenção nessa rápida e generosa liberação de recursos federais para agricultura. Dizem alguns que para fazer a reforma agrária completa e assentar 5 milhões de famílias sem-terra, bastariam 20 a 30 bilhões de reais. Isso não aparece. Já para salvar os inadimplentes do agronegócio esse recurso aparece imediatamente.

NESTES DIAS, líderes da Fetagri vão ao Incra e Ibama, em Santarém, pressionar os chefes para acelerar o processo de assentamentos e liberação de licenças para os pequenos produtores fazerem seus roçados. Ora, os intendentes e superintendentes regionais não têm esse poder todo.

Faltam-lhes recursos materiais, financeiros e humanos. O Incra carece de uns 200 funcionários para atender a região Oeste do Pará, mas só recebeu uns 30; o Ibama carece de outros 200 fiscais de campo e nem se sabe se recebeu alguns novos.

Portanto, se a Fetagri, a Contag, a CUT e demais centrais de trabalhadores tivessem união e força, como têm os latifundiários do agronegócio, iriam lá em Brasília e fariam o governo federal atender suas demandas.

POR QUE o governo federal não realiza a reforma agrária? Por falta de dinheiro? Não! Por falta de pressão do MST? Não! É porque reforma agrária não faz parte das prioridades do governo e porque as organizações dos pequenos produtores são frágeis e desunidas. Fragmentadas fazem pressão no lugar errado, em quem não tem poder de decisão.

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