Cosanpa: padre contesta geólogo

Do padre Edilberto Sena, sobre o artigo Abastecimento de água em Santarém, de autoria do geólogo Jubal Cabral Filho:

Oh! Jubal, não sou geólogo, nem economista, nem administrador, mas militante, com um pouco de raciocínio e experiência de vida, e mais que isso, dedicação a nosso povo da região. Por isso, ouso questionar alguns dos pontos de vista que manifestas quanto ao serviço de água em Santarém.

Pelo que entendi, não queres que a prefeitura assuma de volta a responsabilidade do serviço, por vários motivos que alegas. E tens razão, quanto à atual incompetência da prefeitura para assumir esse desafio. Mas, não mostras como o Estado do Pará terá mais competência.

Por trinta anos não o fez, como irá se converter agora? Creio em milagres, Jubal, mas não exagera na confiança.

A Cosanpa está sucateada e o governo do Estado deve ser processado judicialmente por não ter cumprido o contrato em sua essência, que era de servir água em quantidade e qualidade à população da cidade.


E, se entendo um pouco da lei, com uma medida cautelar, para não levar nada de equipamentos, ao ser despachada em setembro. O governo do Estado terá que pagar ao município por não ter cumprido sua obrigação do contrato, nem num detalhe importante, como você bem salientou: não tem um geólogo em seu quadro para saber onde está a água mais adequada.

Ainda lembro, quando morava no bairro do Santarenzinho e lutava com a turma do bairro da Conquista e buscamos a Cosanpa para ser parceira na condução de água para aquele bairro.


Numa total irresponsabilidade, o diretor de então, aceitou nosso grito de anseio de água: propusemos cavar 1.300 metros subindo ladeira desde o poço do Santarenzinho até o centro da Conquista. Ele nos cederia os tubos e bombearia a água. O indivíduo nem se deu ao trabalho de mandar lá um funcionário para ver se era viável.

Temendo a força de nossa organização, concordou logo só orientando que o canal para os tubos deveria seguir um padrão da Cosanpa. Demos um murro para abrir o buraco e enterrar os tubos.

Muito bem, veio o dia da festa da água encanada. Não deu água, a bomba não tinha força. Que raiva!

É essa Cosanpa que queres que continue a tirar nossa paciência, até uma explosão social? Vai ser diferente a partir de agora? Estás brincando...

Nossa proposta - Que prefeitura mostre amor à terra e ao povo, assuma o desafio, monte uma equipe competente, contrate uma firma séria, com geólogos, administradores e funcionários ativos.


Escute o que disse Dilaelson [Tapajós], que entende do ramo: "Água em Santarém é a mais barata de ser distribuída do mundo, basta boa gestão".

Ou será que o mandato de Maria do Carmo não pode achar gente competente para gerir o negócio sem a Cosanpa? Tem que ser a Cosanpa, mano?

Olha, Jubal o desafio do mandato da prefeita agora é provar que é democrático e popular. Aguardamos uma consulta popular por voto e não decisões de gabinete.


Que achas? Democracia: governo pelo povo, para o povo, com o povo e mais, a serviço do povo.

Comentários

Padre Edilberto,
eu nunca sequer imaginei que a COSANPA fosse competente. Nunca afirmei isto na minha escrita. Prova está na "profundidade misturada com vazão" da sua nota, para enganar os leigos.
Afirmo, com todas as letras, que a Prefeitura é incompetente para planejar e administrar qualquer órgão, seja ele público, autárquico ou particular! Tem provado isto continuamente!
Também devemos aceitar que a COSANPA continue com a concessão? Sim e Não! Ponto.
O resto, aí meu caro padre, eu não sou bonzinho a ponto de detalhar como fazer isto. Sou um consultor e enganado pelo Secretário de Planejamento, portanto se quizerem me contratar para realizar a consultoria, eu faço, mas não vou, nem em nome do meu amor por Santarém, fazer caridade pra Governo nenhum.
Como você e o Dilaelson afirmam: Água tem e muita.
E perceba que eu determino para que se façam estudos específicos e, a partir destes, se planeje o que se vai fazer.
Não adianta fazer acordos ignóbeis atualmente sem conhecer o que teremos.
Medida judicial? Bom, neste campo tenho que pedir o auxílio de juristas competentes, porque o universo jurídico é imenso. Só acho que qualquer medida judicial vai interromper o abastecimento precário na cidade. É isso que queremos?
A história que nos contou sobre o acordo com a COSANPA é o retrato fiel do descompromisso que o Estado do Pará sempre teve conosco. E sempre digo prá todos que sou primeiro santareno e depois paraense!
Existem caminhos sim, mas aí é outra conversa. E, como tenho filhas pra sustentar, só dou as coordenadas exatas mediante contrato de prestação de serviços.
Como disse no artigo "A Prefeitura tem que ter a capacidade de procurar uma empresa ou um profissional que aponte caminhos, critérios e parâmetros para auxiliar a administração municipal a implementar um Sistema de Gestão, que vise aprimorar a qualidade e a quantidade deste líquido precioso".
Mas dizer que o "mandato da prefeita agora é provar que é democrático e popular" e que "aguardamos uma consulta popular por voto e não decisões de gabinete" é acreditar mais ainda em milagres de confiança exagerada, não é, mano?
O acordo já foi feito, padre. Com ou sem a sua benção!
Anônimo disse…
Meu caro Dr: Jubal,

Estamos plenamente comungando com você. Padre Sena, esta mais pelos ideais do PT que pelos Santarenos como nos.O problema maior e a ausencia do Estado e do Município aqui na nossa terra, mas as eleições estão chegando e o futuro com ela, vamos aguardar ....
Anônimo disse…
Nem Cosanpa, nem prefeitura. Mas um modelo de gestão de transição que, em 3 ou 4 anos, possa garantir ao poder público municipal o controle gerencial, administrativo e operacional do abastecimento de água. Total. Ninguém de bom senso nesta cidade desconhece a impossibilidade de Santarém, de uma hora pra outra, gerir uma empresa da compexidade da Cosanpa e nem tem recursos para tanto.

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