Poesia

Insônia

Na madrugada tateio papéis e caneta
Vasculho um rastro livre na memória
Somente um silêncio profundo.

Um trânsito a lentos passos.

Nessa linha da imagem que construo
Passo a martelar as letras
Busco construir palavras, frases, parágrafos...
Uma forma de romper o silêncio da insônia.

Do peso de cada martelada
Resulta em infinitos papéis amassados
...
Na gaveta, os guardados da memória, desistem de ficar no acaso
Começo de amores, de dores, pudores, rancores...
Mas apenas rumores do presente, suficientes,
Trazem um gosto doce e amargo: saudade de sentir tua boca.

É longa a caminhada de um querer que não quer ser
Ser apenas uma saudade.
É o presente dilatando o passado, o futuro são apenas papéis amassados.
Retraindo
Renegando um querer de bloquear as imagens do agora,
Restos do passado.
É a vontade de sentir tua boca.

Mas o travo do desejo insistente que sempre rompe,
Tropeçando em minhas memórias, essa insônia, cansa.

Amanheceu e junto a saudade de sentir tua boca
...

------------------------------

De Neucivaldo Moreira, poeta e professor santareno.

Comentários

Anônimo disse…
Simplesmente demais.
Meus aplausos ao talento de Neucivaldo.
Um santareno em Belém
Anônimo disse…
Neucivaldo,

Apesar de não o conhecer pessoalmente, permita-me lhe dizer *Meu amigo, que belo poema!* Goste muito da riqueza e sofisticação do seu texto, ao mesmo tempo em que você mantém uma certa simplicidade que toca o leitor. Parabéns!

Celson Lima
Anônimo disse…
poxa, é lindo! Mas é de doer isso. Por favor, façam um poema alegre!