Precisa-se de um Ajuricaba




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:

Quando os portugueses invadiram a Amazônia no século 16 encontraram aqui vários povos organizados. Mas os ignoraram e se apossaram em nome do rei.

Numa das primeiras viagens do invasor ao chegar em Santarém encontrou as praias lotadas de índios, desde a hoje chamada Prainha até a hoje chamada praia da Maria José. Mesmo assim, encostaram, enganaram os Tuapaius com espelhinhos e se apossaram da terra, em nome do rei.

Quando subiram o rio Amazonas, encontraram um povo valente e consciente às margens do rio Negro. Liderados pelo corajoso chefe Ajuricaba, não aceitaram a usurpação dos invasores. Foram à luta resistente, mesmo desigual em armas. Quando Ajuricaba sentiu que seu povo seria esmagado pelo invasor, preferiu lançar-se ao rio e morrer à entregar-se aos inimigos.

Os tempos passaram, a invasão continuou, veio o próprio rei morar na terra invadida, que depois tornou-se império, que depois tornou-se ditadura e que hoje, dizem que virou democracia.

Apesar de várias resitências dos povos nativos, apesar da grande luta dos heróicos cabanos, a Amazônia foi e continua sendo invadida, saqueada e destruída pelos de fora. Antes, os invasores vinham de Portugal , Holanda, França e Ingaterra. Hoje eles vêm do estrangeiro e de Brasilia.

Simplesmente o rei decide em Brasília que Santarém deve ser tranformada em área portuária. Toda a frente da cidade, desde a praia Maria José até a boca do Maicá fica à disposição do governo federal, que oferece aos empresários do agronegócio e madeireira.

E a população desta cidade onde fica? E os políticos desta região concordam? Onde está Ajuricaba? Onde está Angelim, Vinagre e os Cabanos? Onde está Haroldo Veloso? Quem defende esta cidade tão bonita da sanha dos invasores?

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