Por que o desinteresse pela BR-163?




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

Quase já não se fala sobre a tão esperada pavimentação da rodovia Santarém/Cuiabá. Era para começar no ano passado, depois os empresários da soja e da zona de Manaus chegaram a ameaçar o governo que, caso o asfaltamento não começasse em maio passado, eles procurariam outros rumos.

Mas o governo federal dessa vez não se intimidou, preferiu seguir o caminho mais lento, porém, mais correto do Plano BR 163 Sustentável. Era preciso garantir também a proteção do meio ambiente, criar as unidades de conservação e fazer um serviço padrão de responsabilidade.

Agora o governo, através do Ibama, dá a licença ambiental para o Ministério dos Transportes prosseguir o caminho da pavimentação. A licença foi dada, desde que o Dnit cumpra 16 exigências de responsabilidade criados pelo grupo interministerial da BR 163 Sustentável.

Uma questão a ser refletida: Por que os sojeiros e empresários de Manaus não mais pressionaram o governo para o asfaltamento? Por que não parecem mais interessados? Será porque o preço da soja no mercado internacional despencou? Será porque o ministro dos transportes, que é amazonense, está investindo recursos para asfaltar a rodovia Manaus-Porto Velho e assim escoar a soja do Mato grosso via Itacoatiara? Isso junto com os produtores da zona de Manaus?

Por que será que o grupo ligado à multinacional Maggi não abre a boca e não insiste para acontecer o asfaltamento? Algo está abafado neste jogo de interesses.

Enquanto isso, os milhares de colonos que vivem à margem das rodovias e tanto aguardam por esse asfaltamento não tem quem os defenda. Sofrem calados, mas indignados, boa parte deles e delas sem poder vender seus produtos caem nas mãos dos donos de serrarias e madeireiras.

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