Madeireiros: crianças mimadas




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

TODA criança muito mimada torna-se exigente, chora e bate os pés a qualquer desejo seu não atendido. Assim se comporta hoje o corporativo das empresas madeireira no Pará. Cada dia pressiona o governo para continuar faturando alto à custa da floresta Amazônica.

Segundo estatísticas publicadas, de 60 a 80 por cento da madeira exportada do Estado do Pará era ilegal no ano passado. Quando o Ministério do Meio Ambiente impôs regras disciplinadoras foi "um Deus nos acuda".

Até hoje as empresas alegam queda na economia deles e desempregados em massa de trabalhadores, como se os empresários repartissem o lucro com os empregados e que agora seriam os maiores prejudicados.

SEU barulho foi tão forte neste ano que o Ibama se intimidou e, em Santarém, tranferiu seu gerente que parecia firme no cumprimento de seu dever. Mandaram-no para um exílio no Mato Grsso.

A criança mimada, porém, continua batendo os pés e exigindo mais do governo. Agora, batem palmas ao Incra por causa de uma nova brecha na lei para continuarem faturando alto às custas da floresta.

O Incra em Santarém acelera a implantação dos projetos de desenvolvimento sustentáveis, os PDSs, que legaliza lotes de 100 hectares aos pequenos produtores, que serão obrigados a preservar 80% do lote em floresta.

COMO o pequeno produtor não tem estrutura para executar o manejo florestal, os madeireiros entram no jogo e compram baratinho do pequeno o direito de retirar a madeira, sem o rigor exigido pelo Ibama.

E asssim, o menino mimado vai exigindo mais e mais, o governo cedendo e a floresta caindo. Hoje, são 33 pólos madeireiros no Pará, com 1.592 empresas derrubando árvores e enriquecendo uns poucos.

Basta dar uma olhada nos pátios das serrarias e nas balsas chegando do rio Curuatinga, do Tapajós e de outros lugares.

DE quem ter pena?

Comentários