Pressão do vera sobre Maria


Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), hoje:


Já foi refletido uma vez por aqui que a democracia direta é a que funciona melhor, hoje no Brasil e em Santarém.

Os compromissos assumidos pelos ditos representantes do povo já não têm mais a mesma segurança de serem cumpridos se a população ficar esperando de braços cruzados. O MST é o melhor espelho dessa afirmação sobre a democracia direta.

Sua consciência crítica não lhe permite esperar na beira da estrada só porque o presidente da República pregava a reforma agrária por 20 anos. Apoia o presidente, mas continua sua estratégia de ação, ocupação e marchas.

Esta referência vem à tona quando se ouve hoje a notícia da população organizada do bairro do Laguinho, sobre a área de lazer da Vera Paz. Os moradores mais conscientes não confiam mais só nas palavras da prefeita, ditas algumas semanas atrás. Ela prometeu publicamente negociar com a Companhia Docas do Pará a preservação da área verde da Vera Paz, para uso público.

Está certo! a prefeita fez a promessa junto com o chefe estadual da CDP. Mas os dias se passam e as ações não surgem. Se a população não agir, não pressionar, daqui a pouco seu lobo vem e se apossa do resto da área.

Não foi assim com o primeiro trecho da Vera Paz? A multinacional negociou com o chefete de plantão da CDP, ignorou o processo aberto pelo Ministério Público Federal, construiu seu porto privado e agora dizem que o fato consumado não tem mais retorno.

Falam que a multinacional pretende ocupar o resto da área, hoje pleiteada pela comunidade do bairro. Por isso, não só o bairro do Laguinho, mas a população santarena, ONGs e outras entidades comprometidas com a vida humana e o bem estar da sociedade precisam agir e pressionar a prefeitura e a CDP.

Ir ao diálogo e, se o diálogo não funcionar, partir para a ocupação, demarcação e zelo pelo que ainda há de bom na área. Se um fato consumado pelo poder econômico valeu para destruir a praia e implantar uma propriedade privada dentro do rio Tapajós, agora um outro fato consumado, desta vez pela população e para o bem comum, não pode ser obstruído.

Espera-se, porém, que não seja preciso isso. Que a prefeita, em seu retorno de Brasília, chegue disposta à ação a bem dos pobres, como foi disposta a melhorar a área de lazer da burguesia da cidade, na rua Adriano Pimentel.

Democracia direta hoje é o que funciona neste país tropical.

Comentários

Anônimo disse…
Padre Edilberto, a revitalização da Adriano Pimentel não é só para a burguesia não, e sim para toda a população santarena, afinal de contas a frente da cidade é nosso cartão postal e há mais de 20 anos que se encontrava em total abandono.É uma área pública e toda a população tem participado de eventos maravilhosos que vêem acontecendo por lá, basta querer participar!