Parteira da floresta

Essa é a Dona Beata (Maria Beatriz Ramos Marinho), 53 anos, dona de casa, agricultora que mora na comunidade de Cruzeirão, a 60 km da cidade de Óbidos. Conhecidíssima nas redondezas. É parteira.

Encontra-se desde o início da semana em Santarém, onde participa de um curso de qualificação de parteiras da floresta, promovido pelo Ministério da Saúde e Prefeitura de Santarém.

Dona Beata é a mais experiente do grupo de 22 mulheres participantes do curso. Tem no currículo mais de 400 partos, entre os quais o do próprio neto, há três meses. Não cobra um centavo pelo trabalho que realiza, em média três por mês. "O que me dão, eu aceito", revela.

Tudo que aprendeu está repassando a duas filhas, suas herdeiras de ofício. Ensina-lhes, inclusive, a rara técnica de puxação, só comum em algumas regiões do Pará. A técnica consiste em colocar o bebê, através de massagens na barriga da mãe, usando-se ungüentos à base de gorduras de animais e óleos vegetais, na posição certa na hora do parto.

Obstetras, diante de uma situação como essa, receitam imediantamente a cesariana. Com Dona Beata, o enredo da vida tem outro desfecho.

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