Novo Frei Ambrósio: oxigênio

Juvêncio de Arruda, publicitário, comenta a nota Não à demolição do Frei Ambrósio (ler embaixo), assinada pela leitora Solange Ximenes:

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Pra falar a verdade, sra. Solange, nunca entrei no Frei Ambrósio.

Olhava-a de cima, da cobertura de Alexandre Von, nas duas ou três vezes que lá fui durante a campanha de 2004.

O mirante, ao contrário, via de baixo pra cima, de meu quarto na pousada Brisa, onde morei naqueles meses.

Desconhecia o caráter histórico da escola, embora, do ponto de vista arquitetônico ela não tenha a correspondência memorialística de sua centenária idade.

É uma construção recente.

Nesse caso, sua historicidade será levada aonde ela for, não se perderá com a mudança proposta.

Continuará, valorizada, numa construção mais moderna, maior, mais confortável e aparelhada.

Agora pense no acréscimo ao patrimônio e à cultura santarena, e nos efeitos da minha proposta. Um museu para prospectar, recuperar, manter e derivar num sem número de ações - de patrimônio histórico e cultural-
além de um centro de convenções, cultura e lazer.


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Acredito que é possível manter, e até ampliar a tradição da mais antiga escola da cidade, construíndo um espaço mais moderno

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Tive a ventura de ser nomeado superintendente-adjunto do Centur, em Belém, três meses após de sua inauguração, lá ficando por três duríssimos mas agradáveis anos.

Não estou comparando os projetos, até nem deveria citar o Centro Cultural de Belém, que, como sempre digo, não rima com Santarém.

Mas, dona Solange, não seria capaz de descrever a revolução que ele causou na cidade em meados dos anos oitenta, do século passado... eu mesmo, quando jovem, tivesse aquele equipamento público disponível na minha cidade...ah! certamente minha vida teria sido bem diferente.

Peço-lhe que reflita, um pouco mais, com o mesmo carinho de suas palavras, em relação a proposta.

Acredito que é possível manter, e até ampliar a tradição da mais antiga escola da cidade, construíndo um espaço mais moderno, à altura de sua importância histórica, puramente simbólica e, repito, por isso capaz de se reproduzir em qualquer área.

A história e a tradição continuariam, e os novos ventos oxigenariam a memória, a cultura e o turismo da cidade.

Lamento muitíssimo pelo Celso Matos e pelo Paulo Correa, pois envolvi seus imóveis na minha proposta. Mas pela demolição, essa sim, de bens arquitetônicos de interesse histórico, e pelo desleixo de largar os terrenos para depósito de lixo e vagabundos na frente da cidade, bem que merecem perdê-los para o bem comum.

De qualquer modo, muito obrigado pela sua atenção. A senhora foi muito educada ao recusar a minha proposta.

Mas que seria muito legal, ah... isso seria.

Comentários

Jota Ninos disse…
Quero entrar no debate sobre o Frei Ambrósio, que oportunamente foi reacendido por Juvêncio Arruda, ao comentar artigo de Eduardo Dourado.
Me identifico com suas preocupações não por ser ou ter sido, como eles, jornalista e/ou publicitário. Mas também por ser um agente cultural e atuar em um grupo local.
O debate sobre a utilização do espaço do colégio Frei Ambrósio como um grande centro cultural não é novo. Sei que na administração passada, a proposta chegou a ser estudada tendo a anu~encia do então vice-prefeito Alexandre Von, baseado em idéias de agentes culturais do município como Tinho Fonseca, que previa a possibilidade de ali se instalar uma escola de música ou de artes ou coisa parecida, mas não bastava a vontade. Há ainda os entraves burocráticos e que na época se confundiram com a argüição sentimentalista da tradição da escola, que voltou através da leitora do blog Solange Ximenes.
Mas falando do entrave burocrático: a escola Frei Ambrósio, apesar de ser de ensino fundamental, está vinculada ao Governo do Estado e o prédio faz parte do patrimônio estadual (se alguém tiver uma informação diferente dessa que o diga). Para que o município pudesse, ou possa, efetivar qualquer projeto na área, é necessário primeiro ser determinado o processo de municipalização da educação, passando todas as escolas de nível fundamental para a administração de Santarém, coisa que Almir e Jatene impediram na época da administração Maia, e que provavelmente não o farão na administração Maria.
Talvez essa municipalização só seja possível no dia em que o Aldo Queiroz tenha votos suficientes para ser prefeito de Santarém (coisa difícil de acontecer) ou um governador mais sensível às questões de Santarém ocupe o lugar dos tucanos da estrela azul...
Vencidas as barreiras burocráticas - que têm também um fundo político - surge a indignação popular. na época em que a simples idéia de transformar o frei Ambrósio "vazou", houve manifestações do diretor, dos professores e dos alunos contra tal idéia, usando exatamente o argumento da tradição. Estes dias me encontrei casualmente com o professor Mariano, diretor do frei Ambrósio e relatei sobre o debate que havia no blog (ele desconhecia que o tema estivesse retornando), mas foi enfático em dizer; "NO PASSARAN!"
defendendo com unhas e dentes o colégio que administra, levanta o mesmo argumento e acrescenta que em sua gestão, conseguiu junto ao governador uma série de investimentos no colégio, que segundo ele, tem hoje novas salas, inclusive informatizadas, e uma quadra para os alunos, que eram acostumados há anos a usar a praça São sebastião para os exercícios. para o diretor, com tais investimentos já realizados, acredita ser impossível o Governo do estado ceder para qualquer outra destinação.
Como entusiasta da idéia de utilizar aquele espaço como área cultural, argumentei ao professor Mariano sobre dois aspectos fundamentais que derrubam a tese da tradição e da necessidade do colégio para os alunos: 1) a Escola frei Ambrósio realmente tem mais de 100 anos de fundação, MAS O PRÉDIO ORIGINAL NÃO FOI CONSTRUÍDO NESTE ESPAÇO. Na verdade, segundo anotações histórica, este é o terceiro lugar onde funcionou a instituição. Portanto, uma nova mudança para um espaço com amplas condições de funcionamento do educandário NÃO AFETARIA A TRADIÇÃO DO COLÉGIO QUE NÃO ESTÁ VINCULADA AO ESPAÇO ATUAL!
2)Os alunos que estudam no frei Ambrósio, segundo me confirmou o próprio diretor, em sua imensa maioria nãos são moradores do bairro, e vêm da periferia, onde inclusive já existem escolas para atendê-los. Mariano me informou que ele mesmo diz aos alunos que se matriculem nas escolas de seus bairros, para diminuírem suas despesas, mas a maioria é categórica: QUEREMOS ESTUDAR NESTA ESCOLA, AQUI NO CENTRO. Nada contra alunos quererem estudar no centro, mas dentro de um processo de municipalização e levando-se em conta gastos com meia passagem, seria prudente que eles optassem por escolas mais próximas de suas residências. Aí, o espaço para alunos do bairro central diminuiria, até porque já existem duas escolas para atendimento de alunos de baixa renda entre os bairros de Santa Clara ee Prainha: o São francisco e o Madre Imaculada. O Frei Ambrósio poderia continuar funcionando - e aí acrescento uma idéia à de Juvêncio - numa área próximo da praça a ser desapropriada pelo Governo (estadual ou municipal), mantendo a tradição da existência de tal educandário.
Para finalizar, a construção de um centro cultural ou qualquer coisa do tipo naquele local, seria um benefício a toda a cidade. Atualmente não existe um espaço decente para as manifestações culturais. A Casa de Cultura está obsoleta e os grupos de teatro não têm onde ensair peças.
Pela tradição do local, com seu Mirante do Tapajós, que eu já citei como uma das 10 mais de Santarém, aqui neste blog, o prédio da antiga Fortaleza do tapajós seria melhor aproveitada, tornando-se um ponto de atrações turisticas e culturais.
Basta a gente se desapegar de alguns lugares-comuns que carregam uma dose de lirismo barato.
Que a tradição cultural prevaleça com uma concepção de investimento para as futuras gerações. O colégio Frei Ambrósio continuará exisitindo, mesmo em outro lugar, mas a Fortaleza do Tapajós deve ser melhor utilizada para atender as necessidades invocadas por El Dourado e Juvêncio.
Anônimo disse…
Grande Jotão,
1. estou longe de ser um tradicionalista,mas tenho muito respeito por eles fazerem algo que não me disponho.Por isso gosto de ouvi-los.

2. desconfio que as barreiras burocráticas não são entraves tão grandes assim;quem falou que ele não pode ser um centro cultural estadual?

3. ali tem área suficiente para vários espaços culturais,dá para todo mundo.

4. duvido que se mostrassem umas plantas e maquetes da Fundação Ruy Barata aos alunos do Frei Ambrósio eles não topariam a parada. (ou então eles não estão frequentando as aulas..rs)

5. e quanto a sua dúvida hamletiana - ser ou não ser jornalista e/ou publicitário- não seja modesto..rs..voce acaba de dar uma ótima bandeira prás campanhas do Aldo ou do Alexandre...rs.

6. SI PASSARAN

Té mais,Jota
Anônimo disse…
Só quero argumentar que eu, assim como muitas pessoas que moram próximas ao frei Ambrósio,concordaríamos com certeza com um projeto desse, pois a escola contribui enormemente para o acúmulo de adolescentes bebendo, praticando atos infracionais,a qualquer hora do dia, em horário escolar, nas três praças que ficam próximas a eles e no bar do Qualhada .Outra coisa, a escola não respeita em nada os moradores do bairro, pois além disso ficam a ensaiar diariamente a sua fanfarra na praça São sebastião,sem limite de horário, sonoridade, ou qualquer coisa.Não respeitam nada.Então, se fizerem uma pesquisa com os moradores do bairro,temos a certeza que somos a favor de virar um projeto.Pelo direito que temos ao sossego público e à paz quando chegamos em casa.Taí, usem essa bandeira pra mostrar que a escola não tem mais porque ficar onde está.
João disse…
Olá a todos! Com certeza absoluta, a maior problemática que envolveria a mudança da Escola Frei Ambrósio do atual lugar para um outro, seria a comunidade social no qual a escola se insere. Mas a população da área agradeceria aos céus por se livrar do barulho infernal de uma banda marcial que ensaia do mês de março até outubro (não respeitando horário nem sábados, domingos e feriados, por estar segura das depredações, pichações e vandalismo no patrimônio público e particular causados pelos alunos (não todos, mas muitos) do educandário em questão, por seus carros não serem mais riscados e danificados, pelo fim do odor de urina nas esquinas e na Praça São Sebastião. Não é justo que o melhor ponto da cidade seja desperdiçado em seu uso por pessoas que moram em outras comunidades. Sem preconceito ou bairrismo, mas cada macaco no seu galho. Assinado por alguém que paga um dos mais caros IPTUs da cidade, que já teve o muro pichado e o carro danificado.