Davi (Juruti) vence Golias (Alcoa)


Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), hoje:

Os lutadores e lutadoras da vida e do meio ambiente de Juruti Velho merecem grande aplauso e reconhecimento, da sociedade verdadeiramente amazônida. Estão vencendo uma batalha, embora ainda não a guerra. Como Davi contra Golias, eles e elas utilizam a baladeira contra o rolo compressor da multinacional.

O procurador da República aqui em Santarém acaba de anunciar que uma liminar está sendo pedida ao juiz federal, a fim de paralisar a implantação da exploração de bauxita em Juruti Velho. Motivo? A Sectam (Secretaria Estadual de Tecnologia e Meio Ambiente) não tem competência para autorizar a exploração do minério lá na região. Esta competência deve ser do Ibama.

Outro motivo é que o Eia/Rima produzido por interesse da multinacional está cheio de identificação de impactos negativos à população local e ao meio ambiente. Esses impactos foram ignorados pela Sectam.

Esta batalha só está sendo vencida graças à persistência dos lutadores e lutadoras da vida de Juruti Velho. Desde de o início da obra que o rolo compressor da multinacional vinha induzindo a população da região a aceitar a implantação de mais um saque na região.

Inclusive, autoridades de Santarém estão dando todo apoio à empresa. Os ministérios públicos, tanto estadual como federal, justiça se faça, levaram a sério os clamores dos lutadores da vida de Juruti Velho, o que chegou até a esse desfecho atual.

Imagine-se cinco anos atrás se em Santarém mais pessoas tivessem consciência dos direitos da sociedade, inclusive Câmara de Vereadores e prefeito da época, que apoiaram integralmente outro empreendimento semelhantemente, depredador do meio ambiente. E que utilizou a mesma tática de buscar licença da Sectam e instalou-se aqui na marra, contra os alertas e processos do Ministério Público federal.

Imagine se houvesse mais gente com os mesmos espírito e consciência dos lutadores e lutadoras da vida de Juruti Velho. Talvez a sociedade santarena não estivesse sofrendo tantos impactos negativos.

Ou será que esse calor mais intenso e seca na região é um mero fenômeno da natureza, causado pelo esquentamento dos oceanos? Esse desmatamento agressivo nunca antes acontecido no Baixo Amazonas não está também provocando a reação climática? E sem a garantia de escoamento haveria tanto plantio de soja na região? E quem paga o preço desse dito progresso? As vidas humanos valem mais do que os lucros de alguns. Tem que ser esse o preço do tal progresso?

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