Prefeitos e a necessidade de diálogo


Comentário/editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), hoje:

No exercício da democracia, o diálogo entre a sociedade e os administradores da coisa pública, deve ser constante. Ainda mais, quando no caso, um prefeito(a) foi eleito(a) com várias expectativas criadas na população.

O grande desafio desse sistema é que a maioria dos prefeitos não tem preparo para esse diálogo com a população. O clientelismo político que se tornou cultura no Brasil, leva os prefeitos a tratarem o município como uma fazenda de gado, onde eles se sentem donos. Começam por retribuir favores de campanha, nomeando pessoas, nem sempre preparadas a ocupar cargos, que exigem competência, tanto administrativa, quanto de diálogo com a população.

Além disso, muitos prefeitos eleitos, logo se dão conta que suas promessas de campanha, foram exageradas e portanto, enganosas. Certamente, em quase todos os municípios aqui da região começam a surgir as manifestações de decepção dos que votaram e elegeram prefeitos acreditando nas promessas, umas até assinadas pelo candidato em documento da comunidade.

No município de Santarém, onde já há mais organizações populares, mais carências e mais força de pressão, os clamores começam a crescer. Bloqueios de rua, passeatas, vaias e outras formas de cobrança. A prefeita eleita tem tomado algumas decisões corretas, outras, nem tanto.

O que está sendo feito no hospital municipal merece nota 09. Não só a higiene da sala de recepção mudou de água para vinho, como finalmente vai iniciar o funcionamento do centro de hemodiálise nos próximos dias. Além disso, a entrega de certidão de nascimento às mães das crianças nascidas no hospital municipal merece elogio.

Agora, a entrega atrasada de blusas escolares, promessa repetida de campanha, e só para algumas escolas da cidade, deixa muitos pais inquietos. Afinal, a promessa era a distribuição de fardamento escolar e para todo o município. Nisso a prefeita perde muitos pontos, ainda mais, quando se sabe que em outro município aqui da região, já foi distribuído fardamento completo, incluindo cadernos escolares.

Mais grave ainda foi a reabertura das obras, tristemente paradas pelo governo anterior, regada a coctail, como se a população estivesse esperando ansiosa por aquele trabalho. Aliás, comentam que compareceram lá os políticos interessados e alguns funcionários(as) obrigados(as). Aí, a bola caiu mesmo.

Tem-se a impressão que falta ao atual mandato, um plano de ação mais objetivo, que inclua o diálogo com a população organizada. Que falta mesmo ao Poder Executivo?

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