Artigo


As salas secretas de Alenquer


Benedicto Monteiro (*)


O meu querido amigo Wildson Queiroz, publicou por este jornal [Alenquer Notícias], a primeira notícia sobre a descoberta de salas secretas encontradas nos porões do Grupo Escolar Fulgêncio Simões, em Alenquer. Diz ele, que possivelmente, tais salas, devem ter sido construídas a mais de cem anos, pois o prédio já tem a idade de 104. Apresso-me em dizer, ainda, que foi construído pelo grande Governador do Estado Augusto Montenegro.

Escrevo sobre este assunto, porque tais salas foram mandadas construir por mim, em 1970, quando eu era Deputado Estadual e Secretário de Estado de Obras Terras e Viação. Aliás, as duas únicas obras que mandei construir, foram a Escola .... em Santarém, que pedi para o meu amigo mocorongo Vieira assinar com o seu próprio nome, já que ele era o meu substituto. E a restauração desse Grupo de Alenquer, porque sou alenquerense e queria deixar no seu salão nobre, a minha fotografia, que foi retirada drasticamente, pelos militares do golpe de 1964.

Mas, falando sobre as salas secretas, agora descobertas, foram construídas na época que eu era Secretário de Obras, quando pedi aos restauradores, que aproveitassem o porão, com salas de estudo para ampliar o Grupo, com melhor e maior capacidade, para atender os alunos que não estudavam por falta de salas de aula.

Infelizmente, ao visitar recentemente o prédio, que agora tem o nome de Escola Fulgêncio Simões, e perdeu o seu Salão Nobre que tinha até um palco para teatro, encontrei as salas abertas por ordem da diretora Maria do Rosário Bentes. E, quando me pediram explicações, eu disse que aquele local tinha sido fechado, porque os operários quando escavavam o porão, encontraram uma urna funerária de cerâmica indígena. Urna esta que está na entrada do Museu João Fona, em Santarém.

Apesar das minhas providências, pois pretendia levar a urna para o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Dr. Ubirajara Bentes, Promotor Publico, tinha convencido as pessoas a dar permissão para que ele levasse para a sua coleção de cerâmica tapajônica. Nessas condições, pedi aos restauradores que isolasse as terras onde tinha sido encontrada a urna, sabendo que ali, com certeza é um sítio arqueológico, de grande importância para ser investigado.

Como não temos um museu em Alenquer, informei ao diretor do Museu de Santarém, Laurimar Leal, sobre a origem dessa urna funerária. E fiquei muito feliz, em encontrá-la em destaque, para os observadores especializados. Parabenizo o meu conterrâneo Wildson Queiroz, por me oferecer esta oportunidade de escrever, sobre estes fatos que fazem parte da nossa história.

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(*) É escritor e jornalista paraense, escreve semanalmente neste blog.

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