Estréia

Com este artigo, o jornalista Jota Parente faz a sua estréia no blog.

Só falta boi voar

Jota Parente

O folclore político atribui ao mineiro José Maria Alkimin a célebre frase: "Em política eu só não vi, ainda, boi voar". pois não é que, mais uma vez, a gente pode fazer uso desse axioma, que parece que nunca vai sair de moda, pois, mudam os tempos, muda o perfil do eleitorado, mas os políticos continuam como sempre foram.

A lembrança de Alkimin remete-me ao atual quadro político paraense, que começa a se delinear para a eleição do ano que vem, com conseqüências imprevisíveis para nós da região Oeste do Estado. As negociações menos prováveis estão sendo entabuladas por personagens rigorosamente antagônicas, algumas apenas no campo da política, enquanto outros, no campo político e também no ideológico.

Quem poderia imaginar, até o final do governo do ex-prefeito Lira Maia, que em tão curto espaço de tempo ele viria a ter uma reunião de mais de três horas de duração com o ex-governador Almir Gabriel? Passou pela cabeça de alguém, algum dia, antes do início do governo Luis Inácio Lula da Silva, que o Partido dos Trabalhadores do Estado do Pará e o PMDB de Jader Barbalho sentariam para conversar sobre aliança, visando à disputa do governo do Estado? Pois não é que essas coisas todas estão acontecendo!

Os acordos políticos são feitos entre os caciques dos partidos políticos, à revelia da chamada arraia miúda, que serve apenas para sair às ruas para pedir votos e como claque durante os comícios. Antes de chegar ao topo do poder, o PT costumava ser um partido que ouvia de fato as bases. Porém, depois que subiu a cortina, o que se viu no palco foi uma peça encenada por um ator que prometia ser bem diferente dos outros, que o era nos discursos, mas que na prática mostrou seguir o mesmo roteiro dos demais.

O deputado Paulo Rocha, virtual candidato petista ao governo do Pará em 2006, declarou a um noticioso da Rádio Rural, esta semana, que a dúvida quanto à aliança com o PMDB está somente na escolha da vaga pelo partido de Jader Barbalho. Não sabe se o PMDB vai preferir fazer a indicação de vice na chapa encabeçada pelo deputado, atual líder do governo Lula na Câmara Federal, ou se vai optar pela vaga para o Senado, que ano que vem renovará apenas um terço da casa. Mudou o PT, que desencava o presidente do PMDB paraense não faz muito tempo, ou mudou Jader, que por esse ângulo teria passado a agir mais de conformidade com o que prega o PT?

E o caso Almir x Maia? Até poucos meses o ex-governador tinha urticária quando falavam no nome de Maia na sua frente. Ele fez um governo de retaliação contra Santarém, depois daquele episódio que envolveu o então vice-governador, Hélio Gueiros Filho. É evidente que aquela briga só trouxe prejuízos incalculáveis para o município. Como se fala que Almir poderá o candidato do PSDB ao governo do Estado, pode ser que seja benéfica essa aproximação, não apenas para os dois, mas,sobretudo para Santarém. Depois disso tudo, só falta, mesmo, boi voar.

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