Presença sazonal

O advogado (e compositor) santareno Joaquim Freitas mora em Altamira, no olho do furacão da grilagem no Pará, a poucos quilômetros do epicentro do assassinato da missionária Dorothy Stang. Tem visão privilegiada, portanto, do que está ocorrendo naquela área.

Perguntei pra ele como estavam captando toda essa movimentação de tropas federais, jornalistas, autoridades nacionais e internacionais que desembarcaram por lá tão logo a Irmã foi abatida, no último dia 12.

É esse o seu relato:

"Existe sim uma intervenção federal "branca", hoje, em nossa região, cujo pano de fundo, o escopo fundamental é prestar satisfações ao restante do país e, principalmente ao governo americano. O interesse informador, pano de fundo, desse circo todo aqui em Altamira, sabemos, não é a consecução do bem estar e desenvolvimento da nossa gente. Nosso banco biogenético é um excelente negócio "pra eles", pros alienígenas.

Não vamos negar o trabalho incansável, conjunto, entre o exército, polícias civil, federal, ministério público federal e estadual. O inquérito realizado, não obstante o decreto do segredo de justiça, felizmente agora revogado, tá sendo bem conduzido. Isso dará um bom respaldo ao MP federal ou estadual para instaurar a futura ação penal.

Dizer que não temos lei nesta região é um sacrilégio, é ignorar a existência de uma safra de magistrados que vêm renovando os quadros da justiça paraense. Os famosos "sudanseiros" aqui de Altamira estão sendo processados, e, acredito, serão condenados. Eu tenho visto isso.

Nossa terra, amigo, tem jeito sim. Tem que haver um trabalho ostensivo, parece utopia, de educação ambiental. Desenvolvimento tem que andar em conjunto com a exploração ordenada, racional, sustentável. Este é o caminho. A presença do Estado deve ser contínua e não sazonal, eventual, como está acontecendo agora".

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