Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:
Ética, moral, dignidade humana, responsabilidade com a coisa pública são todos conceitos hoje muito exigidos pela sociedade e muito abalados por muitos que assumem cargos públicos, ou entram em negócios, ou mesmo quem vive em comunidade e em bairro.
Generalizou-se um hábito libertino do buscar tirar proveito de qualquer oportunidade na vida. Muitos chegam ao cúmulo de raciocinar: "Se é bom e me satisfaz, ninguém tem nada a ver, ou se meter. Cada qual por si".
Será que é esse hábito que leva políticos de vida manchada por corrupção comprovada a continuar se apresentando a cargos públicos? E mais grave ainda: será que é esse hábito que leva partidos políticos e administrações públicas a aceitarem esse tipo de pessoas em outros cargos públicos?
A notícia sobre a nomeação do novo encarregado do Incra em Itaituba é grave. A pessoa nomeada está subjudice, por várias acusações de improbidade administrativa em passado recente. Está impedida judicialmente de se candidatar em qualquer eleição. Essa pessoa é nomeada, apesar disso, a um cargo em órgão público federal.
Se foi uma escolha pessoal do superintendente regional, isso pega muito mal para sua própria idoneidade. Se foi uma escolha de escalão supeiror, de Brasília, então a idoneidade do próprio órgão fica abalada, mais uma vez.
Se a pessoa é ou não culpada dos erros no passado, não vem ao caso. O fato de os tribunais competentes terem-no impedido de se candidatar em eleições é porque pesa sobre ele uma acusação grave de falta de idoneidade.
Como então um órgão do governo federal ignora isso e o nomeia para outra responsabilidade pública? Não é isso uma agressão às leis da ética e da responsabilidade pública? Não é isso dar razão à sociedade a se perguntar sobre o que está por trás das cortinas? Não é isso mais uma violação da moralidade pública?
Esse é um dos casos que se juntam a outros de candidatos buscando votos da população, mesmo estando com a ficha sob suspeita, ou até já comprovada de improbidade.
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