Lirismo barato é que mantém Frei Ambrósio

O jornalista Jota Ninos, entra no debate do momento no blog: Escola Frei Ambrósio:

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Quero entrar no debate sobre o Frei Ambrósio que oportunamente foi reacendido por Juvêncio Arruda, ao comentar artigo de Eduardo Dourado.

Me identifico com suas preocupações não por ser ou ter sido, como eles, jornalista e/ou publicitário. Mas também por ser um agente cultural e atuar em um grupo local.

O debate sobre a utilização do espaço do colégio Frei Ambrósio como um grande centro cultural não é novo. Sei que na administração passada a proposta chegou a ser estudada tendo a anuência do então vice-prefeito Alexandre Von, baseado em idéias de agentes culturais do município como Tinho Fonseca, que previa a possibilidade de ali se instalar uma escola de música ou de artes ou coisa parecida, mas não bastava a vontade.

Há ainda os entraves burocráticos e que na época se confundiram com a argüição sentimentalista da tradição da escola, que voltou através da leitora do blog Solange Ximenes.

Mas falando do entrave burocrático: a escola Frei Ambrósio, apesar de ser de ensino fundamental, está vinculada ao Governo do Estado e o prédio faz parte do patrimônio estadual (se alguém tiver uma informação diferente dessa que o diga). Para que o município pudesse, ou possa, efetivar qualquer projeto na área, é necessário primeiro ser determinado o processo de municipalização da educação, passando todas as escolas de nível fundamental para a administração de Santarém, coisa que Almir e Jatene impediram na época da administração Maia, e que provavelmente não o farão na administração Maria.


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O professor Mariano, diretor do Frei Ambrósio, foi enfático em dizer: No passaran.


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Talvez essa municipalização só seja possível no dia em que o Aldo Queiroz tenha votos suficientes para ser prefeito de Santarém (coisa difícil de acontecer) ou um governador mais sensível às questões de Santarém ocupe o lugar dos tucanos da estrela azul...

Vencidas as barreiras burocráticas - que têm também um fundo político - surge a indignação popular. Na época em que a simples idéia de transformar o Frei Ambrósio "vazou", houve manifestações do diretor, dos professores e dos alunos contra tal idéia, usando exatamente o argumento da tradição.

Estes dias me encontrei casualmente com o professor Mariano, diretor do frei Ambrósio, e relatei sobre o debate que havia no blog (ele desconhecia que o tema estivesse retornando), mas foi enfático em dizer: "NO PASSARAN!" defendendo com unhas e dentes o colégio que administra, levanta o mesmo argumento e acrescenta que em sua gestão conseguiu junto ao governador uma série de investimentos no colégio, que segundo ele, tem hoje novas salas, inclusive informatizadas, e uma quadra para os alunos, que eram acostumados há anos a usar a praça São Sebastião para os exercícios.

Para o diretor, com tais investimentos já realizados, acredita ser impossível o Governo do estado ceder para qualquer outra destinação.

Como entusiasta da idéia de utilizar aquele espaço como área cultural, argumentei ao professor Mariano sobre dois aspectos fundamentais que derrubam a tese da tradição e da necessidade do colégio para os alunos:

1) a Escola frei Ambrósio realmente tem mais de 100 anos de fundação, MAS O PRÉDIO ORIGINAL NÃO FOI CONSTRUÍDO NESTE ESPAÇO. Na verdade, segundo anotações histórica, este é o terceiro lugar onde funcionou a instituição. Portanto, uma nova mudança para um espaço com amplas condições de funcionamento do educandário NÃO AFETARIA A TRADIÇÃO DO COLÉGIO QUE NÃO ESTÁ VINCULADA AO ESPAÇO ATUAL!

2) Os alunos que estudam no frei Ambrósio, segundo me confirmou o próprio diretor, em sua imensa maioria não são moradores do bairro, e vêm da periferia, onde inclusive já existem escolas para atendê-los. Mariano me informou que ele mesmo diz aos alunos que se matriculem nas escolas de seus bairros, para diminuírem suas despesas, mas a maioria é categórica: QUEREMOS ESTUDAR NESTA ESCOLA, AQUI NO CENTRO.

Nada contra alunos quererem estudar no centro, mas dentro de um processo de municipalização e levando-se em conta gastos com meia passagem, seria prudente que eles optassem por escolas mais próximas de suas residências. Aí, o espaço para alunos do bairro central diminuiria, até porque já existem duas escolas para atendimento de alunos de baixa renda entre os bairros de Santa Clara e Prainha: o São francisco e o Madre Imaculada.


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Atualmente não existe um espaço decente para as manifestações culturais. A Casa de Cultura está obsoleta e os grupos de teatro não têm onde ensaiar peças.


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O Frei Ambrósio poderia continuar funcionando - e aí acrescento uma idéia à de Juvêncio - numa área próximo da praça a ser desapropriada pelo Governo (estadual ou municipal), mantendo a tradição da existência de tal educandário.

Para finalizar, a construção de um centro cultural ou qualquer coisa do tipo naquele local, seria um benefício a toda a cidade. Atualmente não existe um espaço decente para as manifestações culturais. A Casa de Cultura está obsoleta e os grupos de teatro não têm onde ensair peças.

Pela tradição do local, com seu Mirante do Tapajós, que eu já citei como uma das 10 mais de Santarém, aqui neste blog, o prédio da antiga Fortaleza do Tapajós seria melhor aproveitada, tornando-se um ponto de atrações turisticas e culturais.

Basta a gente se desapegar de alguns lugares-comuns que carregam uma dose de lirismo barato.

Que a tradição cultural prevaleça com uma concepção de investimento para as futuras gerações. O colégio Frei Ambrósio continuará existindo, mesmo em outro lugar, mas a Fortaleza do Tapajós deve ser melhor utilizada para atender as necessidades invocadas por El Dourado e Juvêncio.

Comentários

Anônimo disse…
Niños, tenho uma sugestão. Escreva textos mais curtos, ao tamanho que caiba numa tela. Bom fim de semana.