Edilberto Sena (*)
Quando se fala em ecologia, meio ambiente e Amazônia não se está pensando apenas em preservar matas e rios, em salvar peixes e tartarugas. Isto se falando de um amazônida, bem entendido. Está se querendo cuidar da vida, começando pelas vidas humanas.
Por isso mesmo, quando se estimula o plantio de árvores nas ruas e praças de uma comunidade está se pensando em clima fresco para o bem-estar da população.
Então, quando o poder público se interessa em criar um parque dentro da cidade, como o que se pensa fazer em Santarém, merece aplausos. Santarém precisa muito de áreas verdes para o bem de todos.
Preocupa a quem aplaude a iniciativa da construção do parque a lentidão do serviço. Se a natureza já favoreceu metade do material de um parque ecológico não se compreende a lentidão do trabalho humano para sua conclusão. Se é, como dizem, que já há recursos alocados e liberados.
E em razão da necessidade da população, não se entende por que o poder público ainda não aproveitou uma outra idéia surgida da inciativa da sociedade civil organizada de se construir um bosque municipal numa área ainda conservada de floresta, onde antes era posse da Embratel, na periferia da cidade.
São cerca de 300 hectares de mata na serra e seu entorno. Já passou quase um ano que a sociedade civil fez um abaixo-assinado, solicitando o empenho da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Não se entende por que não foi criada a lei de criação do bosque e nem por que a prefeitura não tomou nenhuma iniciativa de salvar aquele pedaço de natureza necessário para o bem-estar das populações de hoje e do futuro.
Se o poder publico não faz a sua parte, as ocupações e invasões vão acontecendo. Uma cidade, a um grau do Equador, com clima tropical, o poder publico não se preocupar com áreas verdes coletivas é uma visão política tacanha, um crime de responsabilidade pública.
Ainda mais quando a sociedade civil já percebeu a oportunidade e urgência de declarar a área verde como de utilidade pública. Não é possível que tanto os vereadores quanto a prefeita vão ignorar a necessidade de criar e construir tanto o parque quanto o bosque municipal da cidade. Deixar o tempo passar e depois surgir um novo bairro de ocupação na rampa da serra será um crime dos poderes públicos.
Será que alguém mais pode se juntar à reivindicação dos grupos que entregaram um abaixo assinado com mais de mil assinaturas nas mãos do presidente da Câmara e da prefeita solicitando a criação do bosque?
Diálogo e pressão em massa poderão comover ou pressionar quem de dever. Quem se habilita a essa luta pelo bem de hoje e de amanhã de Santarém?
Comentários
Caso fossem apresentados bons projetos (tais como praças com mais verde de árvores que cinzento de cimento), para a mesma finalidade, deveriam ser destinadas as áreas urbanas de propriedade da União. Nesse caso, dessumindo-se, restaria vencida a resistência administrativa do Exército em restituí-las à Municipalidade. Se por hipótese, ainda sobejasse recalcitrância, por, parte do Poder Público, seria mesmo o caso de conferir-se concreção a tais idéias com atuação do Poder Judiciário.
Kátia da Silva Portela - santarena residente em Brasília.