Gado derruba floresta, reconhece ministro

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu que há derrubada de floresta amazônica para uso como pasto, reconheceu que o governo trata do tema somente "em tese", disse que está preocupado e torceu para que o rebanho que come a floresta não se destine ao aumento das exportações brasileiras.

"Já tinha enviado uma equipe de técnicos do ministério para a região, tenho mais de 250 fotos que não vou divulgar.

Por outro lado disso é que a abertura da região se deu há 30 anos. Ainda estão derrubando, mas é pouca coisa. A gente tenta segurar esse processo", afirmou o ministro. Stephanes só conheceu alguns detalhes do problema ao ler reportagem da Folha de domingo: terra barata e crédito de bancos oficiais estimulam o avanço cada vez maior da pecuária.

Hoje a Amazônia Legal responde por 36% do rebanho nacional e um terço das exportações, segundo relatório compilado pela ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. Virtualmente todo o crescimento do rebanho nacional entre 2003 e 2006 aconteceu naquela região.

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Fonte: Folha Online

Comentários

Unknown disse…
Fico surpresa com a perplexidade com que formadores de opinião -informados - reagem à constatação de que a pecuária tem uma responsabilidade estrutural pelo desmatamento na Amazônia. Tive a oportunidade de realizar um estudo de campo, em 2002, na BR-163 e em São Félix do Xingu, com a professora Edna Castro, do NAEA e procuramos descrever a racionalidade dos atores sobre o uso da terra, demonstrando como essa fronteira recente reproduz dinâmicas históricas de avanço do capital nos territórios amazônicos. O nelore é o pioneiro na domesticação das terras e na capitalização dos fazendeiros; a mão-de-obra barata e desprotegida que os estados de grande concentração fundiária do Brasil exportam para a Amazônia tanbém são determinantes nessa capitalização; assim como a possibilidade de tocar os empreendimentos na informalidade.
Compreender esses fatores é fundamental para agir como governo e como sociedade.

É preocso correr para mudar uma rota de 40 anos de uso extensivo dos recursos naturais da Amazônia que se reproduz na pecuária, na agricultura exmpresarial, no uso das florestas e dos solos. Uma lógica garimpeira que não tem mais como se sustentar no tempo e no espaço.



Raimunda Monteiro - professora da UFRA, atualmente exercendo a Direção Geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará