A falácia da defesa da Amazônia

por Edilberto Sena (*)

A preocupação em defender a Amazônia tornou-se discurso de muita gente, organizações e até do governo brasileiro. Afinal, a Amazônia é um dos pontos de salvação do planeta Terra. Porém, entre o discurso e a prática correta vai uma distância mais longa que o próprio rio Amazonas.

O discurso mais falacioso é o do governo brasileiro. Ridiculariza sua ministra do Meio Ambiente ao submeter-se aos caprichos da exploração madeireira e à nova fronteira agrícola na Amazônia, especialmente facilitando a vida do agronegócio, com fartos financiamentos dos bancos oficiais. As placas do Banco da Amazônia na região oeste do Pará confirmam essa aliança do governo com o agronegócio.

As imensas clareiras, as imensas plantações de soja e arroz aqui na região sinalizam o mal que faz para a Amazônia essa invasão recente do agronegócio. Além da derrubada de matas, tem a poluição com agrotóxicos, uns menos e outros mais venenosos.

A utilização indiscriminada de herbicidas e inseticidas altamente poluentes vem sendo feita desde de 2002, 2003 e só agora chega o discurso de criação de um posto de recolhimento das embalagens de agrotóxicos em Santarém. Onde ficaram as embalagens desses anos passados?

Mesmo chegando agora (o discurso da necessidade da criação do posto de recolhimento de embalagens) fala-se que não há recurso para construí-lo. Isto é, a poluição não pára, mas o posto só em futuro indefinido.

Isto quer dizer que não parou a utilização dos venenos. Além de não se ter onde depositar as embalagens, não se discute a proibição do uso de agrotóxicos altamente venenosos.

Há um discurso de proteção de quem utiliza as embalagens, mas não há preocupação com a derrama dos venenos no solo que, se protegem a soja e o arroz, contaminam o solo que depois com as chuvas contaminam as águas da região.

O Ibama, a Sema, o Isam e todos os órgãos responsáveis por cuidar do meio ambiente não têm manifestado preocupação em proibir o uso de agrotóxicos e punir quem envenena a terra, as águas e os habitantes da região. Então o discurso de proteger a Amazônia é pura conversa fiada, porque para os que utilizam agrotóxicos e os que deveriam cuidar do meio ambiente, o que interessa é o superávit primário, o crescimento econômico e a nova fronteira agrícola.

Mas também a sociedade regional, que fica com os impactos negativos desse abuso e deveria reagir, se omite! E quem cala consente!

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* Santareno, é padre diocesano. Dirige a Rádio Rural AM e é pároco da igreja de N.S. de Guadalupe, no bairro de Nova República.

Comentários

Anônimo disse…
É isso ai padre, voce ainda é um dos poucos homens desse planeta,
que luta com bravura para defender a Amazônia, mais não adianta,
pois suas palavras se perdem no tempo, mais não desista nunca,
um dia suas palavras serão lembradas por muitas gerações que
virão por ai, se é que vem?
Só sei dizer, que nós seremos lembrados, como a pior raça humana
que já passou por esse planeta, quem pode fazer alguma coisa para
evitar essa tragédia que se aproxima em grande velocidade, simplesmente
se acovarda. Eu pergunto, será que ainda há tempo de evitar?


Antoniuo Tufi Nemer
MONTE DOURADO-PA
Unknown disse…
Pe. Edilberto, sua benção!
É isso aí.
Abs