por Edilberto Sena (*)
Abre-se a cortina de um novo ano. O espetáculo vai começar. Como é comum num planeta com 6 bilhões de seres humanos e com uma distribuição tão desigual de bens e uso da natureza, certamente o espetáculo do ano que começou ontem e irá rolar nos próximos 12 meses incluirá dramas, comédias e tragédias, com algumas variantes detragicomédias. As guerras no Iraque, Afeganistão, conflitos no Quênia, na Bolívia e na Colômbia, além de outros espetáculos, nem sempre sadios.
Um dos cenários previstos aqui no Brasil, são as eleições municipais. Em cada município se armará um palco e as platéias todas estarão envolvidas. E qual será a expectativa para o espetáculo nos municípios do oeste do Pará?
Será uma comédia? Uma tragédia? Um drama apaixonado? A platéia estará ansiosa em eleger os melhores? Quais os atores que despontam no palco das eleições municipais aqui na região?
No caso especifico de Santarém, tudo indica que não haverá atores estreantes no espetáculo da gestão municipal. Como em certas novelas da televisão, as caras são as mesmas, apenas com nova roupagem de promessas.
A platéia não parece muito empolgada com o espetáculo que se avizinha. Os atores terão muito trabalho para motivá-la a se envolver. Mas, não é para menos. Os atores são velhos conhecidos que não sabem mais como criar gestos e discursos que toquemno humor da platéia.
Os novos que possivelmente serão apresentados terão que seguir o roteiro de suas agremiações. Então, como nas novelas, os enredos variam um pouco mas terminam do mesmo jeito que antes, sem surpresas.
As eleições municipais deste ano não prometem muita coisa. A platéiaestá entediada com a mesmice das caras e dos discursos dos atores. Oteatro só não ficará vazio porque o voto é obrigatório e assim, votartorna-se mais um castigo do que um ato prazeroso.
Eleição no Brasil é um dos poucos espetáculos em que a platéia ouparticipa ou é punida. No entanto, o cenário que está sendo armado étão sem novidade que os atores poderão ser desaprovados e até vaiadosno palco, pelo voto nulo e em branco de muitas platéias decepcionadas e até indignadas com muitos que já não sabem representar e menor ainda, corresponder às expectativas do eleitorado.
Quando será que eleição no Brasil será um drama de amor e não uma comédia ou tragédia?
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(*) Santareno, é padre diocesano. Dirige a Rádio Rural AM.
Comentários
Infelizmente os jovens de Santarém estão acomodados o suficiente pra fazer a diferença no mundo. Não existem mais grêmios estudantis, DCE’s. Os estudantes e universitários da cidade estão inchados de tantos consumirem livros e apostilas e nada fazem na prática.
Devo também expor a minha cara a tapa, sou mais uma dessas estudantes sentada no fundo de uma sala qualquer ouvindo alguém me contar histórias que nós dias de hoje não vejo serem repetidas.
Até quando ficaremos calados vendo os outros dizerem o que devem ou não fazer com o nosso dinheiro? Acabaram-se as passeatas, os gritos, as vozes se calaram e o povo cruzou os braços. Acostumou-se a melancolias dos dias maus vividos.
É ano novo, ano de eleição, ano de mudança... ou não.
Isso só depende de nós! Seja nas ruas ou nas urnas. Seja no nosso dia, nas câmaras municipais, estaduais ou federais assistindo as assembléias, presenciando os conselhos municipais, acompanhando as decisões.
Somos nós que fazemos a diferença...temos que aprender a conhecer a política e os nossos políticos?
Alguém mais se dispõe??
Mariah Olâmpio
O senhor não tem isenção para esse tipo de manifestação, afinal, na Igreja Católica a prática é a mesma, tudo é quase vitalício. O maior exemplo é o seu próprio, que usa dos mais diversos recursos para perpetuar-se a frente da Rádio Rural.