Ajudando a construir uma universidade na Amazônia - Parte final

por Aldo Gomes Queiroz (*)

No início de 1993, pela primeira vez, depois de muita discussão, muitas justificativas, finalmente o MEC autorizou a UFPA ampliar seu quadro de pessoal. Foram nomeados 147 professores, todos para os campi do interior. As novas vagas permitiram a criação de mais três novos cursos em caráter permanente em Santarém, a partir de 1994: Direito, Tecnólogo em Processamento de Dados e Biologia.

Os cursos prioritários eram História e Geografia, contudo, não houve aprovação de seus respectivos departamentos. As vagas também foram utilizadas para realização de concurso público nas matérias anteriormente realizados via convênio UFPA/Governo do Estado.

A Universidade Federal do Pará, através do Projeto de Interiorização, promoveu uma verdadeira revolução educacional no interior do Pará nos últimos 20 anos. Ocorreram transformações significativas na administração da instituição e na comunidade acadêmica. O novo estatuto e regimento aprovado recentemente refletem bem os avanços ocorridos.

A UFPA não é mais só de Belém. É uma universidade multicampi presente em praticamente todos os municípios paraenses. Criou oportunidades para que milhares de pessoas concluíssem o ensino superior. Hoje, esses profissionais, com mais conhecimento e competência, estão ajudando a construir um Estado mais justo, competitivo e solidário.

Algumas carreiras profissionais que não existiam no interior do Pará foi o Projeto de Interiorização da UFPA quem ajudou a criar. A carreira do professor de nível superior é um exemplo. Dessa forma, possibilitou ao Governo do Estado implantar o ensino médio em todas as sedes de municípios paraenses e expandir o ensino médio para centenas de comunidades rurais. Apenas no município de Santarém, são quarenta comunidades rurais com ensino médio na modalidade modular.

Conforme previsto inicialmente, o Projeto de Interiorização da UFPA implantou as bases necessárias para a criação de novas universidades no interior do Estado. No dia 2 de julho de 2007, data em que a Universidade Federal do Pará completou 50 anos, o reitor Alex Fiúza de Melo entregou ao ministro da Educação o projeto da universidade federal que deverá ser criada com sede em Santarém.

A nova universidade vai iniciar suas atividades com oito cursos permanentes, incluindo Engenharia Florestal da UFRA, mais de 80% do quadro docente com mestrado e doutorado, mais de 2000 alunos e um corpo técnico altamente qualificado, além de uma infra-estrutura formada por laboratórios de informática, laboratórios didáticos e de pesquisa, biblioteca, auditório, sala de teleconferência etc.

Quando a UFPA foi criada, há 50 anos, tinha menos da metade dos alunos que tem hoje o campus de Santarém e, provavelmente, nenhum professor com o título de doutor. Esta universidade que vai nascer terá todas as condições de ajudar a consolidar um pólo de conhecimento na região que vai contribuir para o desenvolvimento de um Estado menos desigual.

E, como afirma reitor Alex Fiúza de Melo, enfrentar “o principal desafio da universidade na Amazônia é o desenvolvimento cognitivo da sua gente – e como conseqüência, a reinvenção da própria Amazônia.”

Nenhuma outra instituição fez tanto pelo interior do Estado do Pará como a UFPA está fazendo ao longo dos últimos vinte anos. Sua ação está criando oportunidades para que mais e mais pessoas realizem seus sonhos e vivam com mais dignidade.

Não tenho dúvidas que esta é uma boa história. É prazeroso poder ajudar a construir uma universidade no interior da Amazônia.

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* Professor, é ex-coordenador do campus da UFPA/Santarém. Foi candidato a vice-prefeito pelo PSDB na eleição de 2004.

Comentários

Anônimo disse…
Como "gato escaldado tem medo de água frio" aindo tenho receio quanto a criação desta universidade. Receio que fique igual ao asfaltamento da Stm-Cuiabá... Promessas, discusos, compromissos, até assiantura de papéis, mas, de concreto, NADA.
Anônimo disse…
Quando ingressei na UFPA, tu já havias saído. O que restou de ti, foi tua fama de persona non grata.
Anônimo disse…
Também sou ex-aluno do campus da UFPA em Santarém e tive a oportunidade de acompanhar o trabalho do professor Aldo. Não o vejo como persona non grata. Pelo contrário, reconheço seu esforço para que o campus tivesse reconhecimento da comunidade e que sempre estivesse na condição de primeiro dos demais campi da UFPA em quantidade de cursos e de número de alunos, assim como quanto a qualidade das atividades que eram desenvolvidas.