Imagem maculada

Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:



O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária tem que fazer um esforço muito grande hoje para recuperar a credibilidade no Brasil e no Oeste do Pará especialmente. Com a suspensão de 99 assentamentos pela justiça, o Incra queimou quase todo seu crédito perante a sociedade na região.

A greve nacional dos funcionários do órgão não era apenas por salários, era uma denúncia da falsa reforma agrária que estava sendo publicada. Agora, com o caldo derramado, os novos dirigentes estão tentando recuperar a imagem maculada e os estragos nos assentamentos de papel.

Segundo o superintendente interino do Incra, em entrevista à Rádio Rural de Santarém ontem à tarde, dos 99 assentamentos em questão, 5 já foram riscados da lista por serem inexistentes, já que foram iniciados dentro do Parque Nacional da Amazônia, em Itaituba.

Para examinar os estragos na floresta e a inexistência de assentados nos lotes anunciados no papel, foram criados 29 equipes de vistoria, cada uma delas com três peritos vindos de várias partes do país. Curiosamente, o grupo de jovens técnicos de Santarém, que participaram da greve nacional foram mandados para Anapu, Altamira e Novo Progresso, dando a impressão de uma punição por terem sido grevistas.

E para cá vieram outros do Acre, Rondônia e do Nordeste, com despesas de viagem e diárias fora do seu local. Então, se esses 87 peritos fizerem uma vistoria séria e transparente certamente a verdade aparecerá sobre os 94 assentamentos suspensos pela justiça, mediante denúncia já investigada pelo Ministério Publico Federal.

Existem assentamentos sem clientes moradores do lote? Existem madeireiros na vizinhança retirando madeira ilegal? Existem ramais abertos por madeireiros? Existem grileiros na área? Há posseiros ameaçados por grileiros na gleba Pacoval e na Serra Azul?

Tudo isso deve ser revelado nas perícias e talvez, a partir daí, se o Incra começar a fazer reforma agrária de verdade poderá recuperar a credibilidade perante a sociedade.

É aguardar os resultados e conferir.

Comentários

Anônimo disse…
"Seria cômico se não fosse trágico". O hoje superintendente interino é o mesmo Diretor que chancelou todas atividades que hoje são questionadas na justiça, aparecendo agora como o arauto da moralidade e da eficiência técnica.
Anônimo disse…
O novo Superintendente de novo só tem o cargo. Foi astuto de todos os últimos governos, do PMDB, PSDB e PT. Ou seja, molda-se de acordo com as conveniências e joguete político de plantão. Neste ínterim, sempre ocupando cargos políticos e levando “implementando” a "política" de Reforma Agrária (?) de quem governa. Não é a toa que sua alcunha nos bastidores do poder é “Sabonete”, pois é liso como este objetivo do asseio corporal. Por falar em asseio, a “limpeza” que este Sr. diz promover poderia começar pelo seu próprio afastamento do Incra. Por ter sido um dos "ideólogos" dos assentamentos para madeireiros, deveria ter sido punido, afastado como os outros e até preso. Mas como estamos no Brasil, passou acumular, mesmo que provisoriamente, dois cargos no Incra e agora se apresenta como paladino da moralidade. Oh Brasilzão sem fronteira...
Anônimo disse…
A mesmisse continua, até quando meu Deus.
Anônimo disse…
O modelo colonial de desenvolvimento que assola o Estado do Pará atinge também a forma de gerenciar as instituições públicas.Será que o DIPLOMA dos paraenses tem menos valor ou é diferente de outros profissionais do resto do Brasil?