Grito na pátria da exclusão

Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), do último dia 1°:


Em setembro acontece a Semana da Pátria e nela o Grito dos Excluídos. Pátria, o que é pátria? E quem são os excluídos? No hino da pátria se canta que ela é a pátria amada e “verás que um filho teu não foge a luta”. Então, como nessa pátria amada há 60 milhões de irmãos e irmãs excluídas? Que pátria é essa?

Como pode se ficar calado e dormir tranqüilo quando de cada 100 brasileiros apenas 5 são ricos e muito ricos; 15 são remediados e vivem bem, entre os quais os leitores e colaboradores deste blog. Ao mesmo tempo que 80 dos 100 vivem, uns na pobreza e outros na miséria?

É justo que uma família comece o dia sem saber se vai ter almoço e quando vai poder comprar uma sandália para a filha ir à escola? Que pátria é essa que leva jovens e crianças a desfilarem garbosamente nas ruas, mesmo que o pai esteja desempregado, ou alguém de casa esteja enfermo sem boa assistência médica? Eis uma das razões para o Grito dos Excluídos na Semana da Pátria.

O grito é dos que vivem excluídos e de todos aqueles e aquelas que, mesmo vivendo melhor, tendo café almoço e jantar todos os dias, não concordam com a pátria injusta e desigual. Os que têm fome e sede de justiça participam do Grito dos Excluídos. O clamor do grito neste ano será “Isto não Vale, queremos participação no destino da nação”.

Já são 13 anos em que em todo Brasil é lançado o Grito dos Excluídos. Alguns acomodados dirão: Mas de que adianta? Não muda nada, a pátria continua injusta, apesar do Bolsa Família e dos cred-fáceis, das farmácias populares e de outros programas paliativos.

Não muda, mas o grito dos excluídos se multiplica ao longo do ano, fechando estradas, ocupando prédios públicos, fazendo greve de fome, pressionando prefeituras e outros modos de gritar. O Grito dos Excluídos na Semana da Pátria é símbolo de todos os gritos ao longo do ano, e está aumentando e crescendo.

Em geral, as autoridades se incomodam e até reprimem. Afinal, quem está bem de vida ou no poder quer a ordem nas ruas e o progresso dos bem de vida, que foi por isso que estas duas palavras foram carimbadas na bandeira da Pátria.

Quanto aos excluídos, que se conformem com a Bolsa Família e os restaurantes populares, com o Banco do Povo e a merenda escolar. Afinal, a pátria faz o que pode, para os banqueiros e para os excluídos. Agora diga: Isso vale ou não vale?

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