Caos na orla

Do médico radiologista Bruno Moura:

Desde que retornei a Santarém tenho percebido situações que só são vistas em grandes cidades e capitais. Pena que isso não seja sinônimo de progresso! O caos que hoje é a orla da cidade (em frente a antiga Lucy) é um exemplo disso.

Todo final de semana é a mesma coisa. Orla interditada, "shows", engarrafamentos, dificuldade de estacionamento nas estreitas ruas do centro comercial... caos total! O que deveria ser um local de lazer virou mais um local de irritação. Isso tudo acontece em uma área mais residencial (que o diga o deputado Antônio Rocha) e com pequenos hotéis próximos.

O ecletismo dos shows (se é que podemos chamá-los assim) naquele lugar chama a atenção. Dias desses até culto houve no local, quando há, salvo engano, uma praça da Bíblia para isso!!. Agora até um festival de fanfarra está acontecendo. Legal, mas por que no meio da rua? Não consigo entender o motivo de não se realizar esses eventos a poucos metros dali, na praça da Matriz ou na praça São Sebastião. O espaço ali é grande, existe um palco montado para qualquer evento, não sendo necessário alugar um palco (quem paga?) para poluir o visual de nossa orla.

Blitzes particulares, com propagandas também são freqüentes, atrapalhando ainda mais o trânsito no local. Enfim, parece que querem transformar o lugar em um espaço semelhante aos das grandes capitais... Infelizmente semelhante somente no caos, na desorganização etc.

Espero que as autoridades competentes (que não me interessa quem são) tomem providências para tornar o lugar agradável, tranqüilo como sempre foi e voltado ao lazer de nossa população. Não tentem complicar a vida de todos nós que queremos fins de semana de paz!

Comentários

Anônimo disse…
Bruno, tens razão. O pior é que nas madrugadas vêm os carrões com seus cavalos de paus. Tenho um amigo que tem gravado em seu celular a filmagem de um veículo, em alta velocidade por cima da orla. Isso mesmo, por cima da orla. Tenho certeza que nossas autoridades têm que agir com rigor, antes que o pior aconteça.
Anderson Dezincourt.
Anônimo disse…
Lazer. Transitar com a Hilux ou similar.
Anônimo disse…
Caro Amigo Bruno, parabenizo sua iniciativa de levantar este tema pois compartilho da mesma tristeza. Não necessariamente por não poder transitar com um veículo pelo impedimento da via, que ha muito não frequento. Voce e o Anderson já expuseram questões por si só graves e escancaram os motivos de minha trsiteza que é a causa disto: A falta de urbanização da cidade como um todo.
Não é à toa que todos migram para a orla. Em uma cidade caótica do ponto de vista arquitetônico, urbanistico e paisagístico o kilômetro da orla, da Matriz até a nova pracinha na rua do imperador, é o único refúgio de ordem visual, conforto térmico (somente à noite) e arremedo do que podemos chamar de urbanização (do ponto de vista técnico) da cidade. Historicamente, é o único trecho que recebe investimentos públicos em todos os governos e tem sido motivo de disputa entre quem "melhora" cada vez mais este único pedaço civilizado da cidade (mais uma vez, tecnicamente falando).
Pavimentação de relativa qualidade, limpeza constante, iluminação farta, amplos espaços para pedestres e possibilidade de interação com nossas maiores riquezas (gente e natureza) contrastam com as vias públicas vibratórias, com a ausência de calçadas, com a escuridão das ruas de bairros, com a prisão domiciliar a que somos obrigados pela falta de prazer em sair às ruas.
Desde o início do ano, vários debates já ocorreram aqui no blog sobre este tema, inclusive com o lançamento do manifesto pela qualidade de vida do professor Manoel Dutra que tratava exatamente do caos urbano a que estamos expostos e que a própria sociedade é vítima, vilã e cúmplice da falta de planejamento urbano, da falta de projeto de cidade, da falta de intervenção pública e regularização das ocupações urbanas. Ao que parece, a idéia foi esquecida e abandonada. Triste retrato do que acontece não só com as idéias mas também com a terra em que vivemos.
Mais grave que se incomodar com a degradação do "refúgio de civilidade" é perceber que só existe um e pelo visto não durará muito.