Poesia

À saudade

Já não pertence a mim minha vontade;
Não raciocínio de tanta saudade;
Em tudo que olho,vejo-te meu anjo.
Seja no Rock´n´roll de uma guitarra;
Seja no canto agudo da cigarra;
Seja num fado triste, ou num acalanto.

Perdoa amor esta saudade estranha.
Mas é que a dor que agora me acompanha
Não é senão a falta que me fazes.
Quero buscar-te, e as pernas me fraquejam,
Beijar-te, e os lábios fecham-se, não beijam;
Ter-te, e os meus braços já não são capazes.

E quando chega a noite tudo é triste
Meu coração carente não resiste.
Bate enganado, vendo-te chegar.
E ri, delira, brinca alucinado,
Jura que sente um coração do lado...
E segue a noite assim sem se alterar.

Ocorre de eu dormir, mas nada adianta.
A tua imagem linda se alevanta
E me convida pra uma dança aérea.
Sentindo, então, teu "corpo" pelos ares,
Esqueço totalmente meus pesares
E me entorpeço de uma droga etérea.

Mas restará desta saudade ardente
A dor feliz de amar profundamente
Mesmo que em sonho, mesmo que em miragem.
E se lerá, talvez, nalgum caderno.
- num tempo incerto, mas, decerto, eterno -
Um destes versos teus, como mensagem.

Eu passarei, mas levarei co´o vento
Tua cor, teu cheiro, cada movimento;
Preso à saudade que se instalou fundo.
Já quanto a ti, que estejas solta ou presa,
Restar-te-á somente uma certeza.
Que alguém te amou como ninguém no mundo.

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De José Maria e Orivaldo Fonseca, poetas compositores santarenos.

Comentários

Anônimo disse…
A letra desta música é um show e interpretada por ele então... Sou fã do trabalho do Zé e já estou na fila esperando o CD, para ouvir muitas e muitas vezes À SAUDADE.